O mercado de transmissões esportivas do Brasil tem expandido e se tornado cada vez mais diversificado. Grandes competições, sejam de nível nacional como o Brasileirão, ou os eventos internacionais, como a próxima Copa do Mundo, ganharam novos players e mudaram a forma de consumo do público dos produtos, realidade que impacta nas estratégias da marca para seguir engajando, monetizar e atrair cada vez mais parceiros comerciais. Na terceira edição do Sports Summit, realizado em São Paulo, o tema foi debatido em um dos painéis da feira, que reuniu executivos e marcas de relevância no setor esportivo.
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A feira, que é o maior evento B2B da indústria esportiva da América Latina, colocou em pauta a nova realidade dos direitos de transmissão e consumo de produtos esportivos pelo público brasileiro, dando destaque para as transformações moldadas pelo digital e por novas plataformas que surgiram ao longo dos últimos anos. O Diretor de Comunicação da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Fábio Seixas, deu destaque às nova estratégias adotadas pela entidade na comunicação com o público.
Para Seixas, há uma importante mudança que representa a nova gestão da CBF, iniciada há quase seis meses sob comando de Samir Xaud, e que apresentou algumas alterações na forma como a confederação se posiciona nas redes e conversa com os espectadores das redes sociais, que é o mesmo público que se espalha pelos diferentes canais que transmitem os jogos da Seleção Brasileira.
- Conseguimos fazer algumas coisas nesses cinco meses que apontam para um caminho que vale a pena. Entre as mudanças que fizemos na comunicação da CBF, está a mudança do Instagram, no perfil principal, chamado "@Brasil" agora. Nossa ideia foi tornar ele mais acessível, internacionalizar, achar ele mais fácil de ser localizado para o fã internacional. Tivemos um reflexo enorme nesse engajamento e aumento no número de seguidores. Isso é uma parte do nosso processo de abertura, já que a imagem que tínhamos era de uma entidade fechada, que fazia o burocrático e não ia além disso - destaca Seixas, que vê a comunicação da CBF em busca de "abertura e distribuição" a partir de agora.
- Queremos mostrar o que tem sido feito ali [na CBF], o que acontece na Seleção Brasileira. E tem muito trabalho entre as convocações e os jogos, queremos mostrar o trabalho dos bastidores, e temos um número elevado de seguidores e inscritos interessados. E esse é um conteúdo que só nós temos. A "abertura" é a grande palavra ao lado de "distribuição". Quanto mais pudermos mostrar nossa marca para o mundo, melhor, essa tem sido nossa missão de trabalho - completou.
Essa aproximação com o público foi destacada por Tiago Pinto, CEO da The Brand Academy, empresa focada em estratégias de marketing para marcas e atletas do setor esportivo. O executivo afirma que, atualmente, o mercado de marcas precisa encontrar sua autenticidade e seu recorte ideal para trabalhar no setor esportivo, sejam elas ligadas diretamente ao esporte, como a própria CBF, como empresas de outros ramos que não atuam com esporte, mas buscam associação comercial através de patrocínios.
- A primeira recomendação para as marcas é entender a sua narrativa. Qual é a sua marca, a história que a marca quer contar... tudo começa por aí. E, em seguida, é preciso olhar para os distintos esportes e os distintos momentos. E não só com o futebol, já que falamos especificamente da predominância do futebol no país e na cultura brasileira, mas há outros esportes e outros (...) o papel da marca é fundamentalmente entender qual é a sua narrativa, depois entender qual é o esporte ou qual é o momento esportivo que ela vai atuar . Dentro disso, definir qual é o ângulo, porque sempre haverá um ângulo [para trabalhar no mercado do esporte] - explicou Tiago Pinto durante o Sports Summit.
Em busca de fidelizar e entregar um conteúdo ainda mais certeiro, a CBF prepara uma nova etapa para o seu setor de comunicação com uma pesquisa de público inédita, que será lançada em breve. Feita com mais de 2 mil entrevistados espalhados por todos os estados brasileiros, o material ajuda a traçar o perfil do consumidor do futebol na atualidade. Fábio Seixas destacou algumas novidades durante a participação no Sports Summit.
O diretor destaca que o levantamento, feita pelo Instituto Nexus, 47% da população brasileira assiste futebol pelo menos uma vez por semana, o que corresponde a mais de 100 milhões de pessoas assistindo algum jogo no período de sete dias. No recorte da população jovem, ate 24 anos, o número sobe para 56%. Além disso, 26% dos jovens se declaram fanáticos por consumir tudo relacionado à indústria, dede ir assistir às partidas no estádio, comprar produtos e se conectar com plataformas digitais. Segundo Seixas, a data exata da divulgação completa da pesquisa ainda será anunciada.
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Futebol internacional e transmissões no Brasil
O painel do Sports Summit também teve a participação de Murilo Lima, diretor de parcerias da OneFootball no Brasil e em Portugal. A plataforma de transmissão de jogos e produção de conteúdo audiovisual nasceu em 2008 na Alemanha com o objetivo de reunir em um único lugar conteúdos de diversos clubes europeus para que os torcedores pudessem se conectar de forma digital. Hoje, o site e o app atuam em mercados globais, como acontece no futebol brasileiro, e novos perfis de fãs têm surgido, como destacou o executivo no evento.
Murilo Lima afirma que a OneFootball conseguiu estabelecer parcerias com clubes importantes do cenário brasileiro e vê que ter uma boa relação com essas marcas, que são fortes dentro e fora dos gramados, é essencial para o crescimento da plataforma, que tabém busca associações comerciais para alavancar suas cifras dentro do Brasil. O diretor explica que o país tem um grande potencial de audiência no exterior, com destaque para figuras de peso, como Neymar.
- Nosso papel como app e publisher, como donos de conteúdo, é ter a matéria prima e fazer com que isso seja visto. Lá atrás, eles [os criadores da OneFootball] viam a possibilidade de alcançar players e mercados que não alcançavam antes dentro da Alemanha ou Europa. Além de termos alguns clubes que estão desde o começo fora do Brasil, como Real Madrid e Barcelona, somos parceiros de clubes aqui no Brasil, como Corinthians, Flamengo, Vasco, Santos, Palmeiras… para distribuir vídeos dentro e fora do país. O Santos, por conta de Neymar, tem um alcance impressionante fora do Brasil de demanda para assistir os conteúdos deles no exterior. Isso deve à parceria que eles têm com a OneFootball. Nada disso é possível sem as marcas, as marcas acabam patrocinando todo esse ecossistema, de conteúdo, parceria e distribuição - detalha Murilo.