A experiência dos torcedores com os clubes de futebol tem se tornado cada vez mais digital. Chatbots, plataformas integradas e soluções baseadas em inteligência artificial e automação vêm transformando a forma como as equipes se comunicam com seus fãs, facilitando o acesso a serviços e ampliando a fidelização.
➡️ Acompanhe os negócios no esporte em nosso novo canal. Siga o Lance! Biz no WhatsApp
O uso dessas tecnologias permite personalizar o contato com sócios-torcedores, reduzir filas e o tempo de espera, além de simplificar processos como compra de ingressos, renovação de planos e acesso a benefícios. A meta é clara: transformar o torcedor em um cliente mais conectado e engajado.
Nesse contexto, empresas especializadas desempenham papel fundamental. A Somos Young, que começou no setor educacional e expandiu para o futebol em 2022, é um exemplo dessa transformação. Atuando com clubes brasileiros e internacionais, a companhia oferece soluções que combinam inteligência artificial, automação e análise de dados para criar jornadas mais fluidas e personalizadas.
— Nosso papel é usar tecnologia para tornar a jornada do torcedor mais simples, fluida e inteligente. A experiência com o clube precisa ser tão ágil quanto qualquer outro serviço digital que ele consome no dia a dia. Aplicamos inteligência artificial, automação e dados para garantir respostas rápidas, atendimento personalizado e uma relação contínua entre clube e torcedor, não apenas nos dias de jogo, mas em todos os momentos. Além disso, os painéis de gestão e acompanhamento próximo da equipe de inteligência permitem uma visão analítica da relação entre sócio e clube, o que gera insights para o programa de sócio torcedor de forma estratégica. Esse tipo de conexão é essencial para fidelizar e engajar uma nova geração de fãs — afirma Sara Carsalade, co-founder e responsável pela vertical de esportes da Somos Young.
Para os clubes, essa digitalização representa não só ganhos em receita e previsibilidade financeira, mas também a construção de um relacionamento mais próximo e duradouro com a torcida.
A mudança também acompanha um perfil diferente de público. Os torcedores mais jovens, habituados a interagir com marcas e serviços via aplicativos e mensagens instantâneas, esperam o mesmo nível de agilidade e personalização de seus clubes. Nesse cenário, a tecnologia deixa de ser apenas uma ferramenta de gestão e passa a ser um componente essencial da paixão pelo futebol.
O Santos, por exemplo, no ano passado, registrou o seu melhor desempenho histórico com o Sócio Rei. Mesmo disputando apenas duas competições, o Campeonato Paulista e a Série B, o clube obteve um faturamento de R$20,9 milhões, o que representa um crescimento de 42% em relação a 2023. A atual gestão implantou melhorias no programa e, já no primeiro ano, viu resultados significativos.
Isso porque mais de 89% das associações foram realizadas sem ajuda humana, sendo 48.1% feita por automação, 41.6% via website e apenas 10.3% na sala de atendimento. A nova tecnologia facilitou o acesso na plataforma para o torcedor santista.
“Nosso foco tem sido modernizar o sistema para oferecer mais praticidade ao torcedor, especialmente nos processos de compra e associação ao clube. Quando bem aplicada, a tecnologia se torna uma grande aliada, otimizando operações, reduzindo barreiras e trazendo benefícios tanto para o clube quanto para a torcida”, afirma Luiz Fernando Vella, gerente administrativo do Santos.
— A tecnologia é fundamental não só na captação, mas principalmente na retenção da base de sócios. Com o uso destas ferramentas, como a utilização do CRM (Gestão de Relacionamento com o Cliente) e de inteligência artificial, os clubes passarão a trabalhar os dados dos associados de forma coletiva, e sem deixar de oferecer também um atendimento e serviço personalizado, de acordo com hábitos e desejos de cada torcedor — finaliza.
Thaiany Klarmann, brasileira que é chefe de marketing do Cuju, aplicativo alemão de inteligência artificial que identifica jovens talentos no futebol brasileiro e que conta com mais de 100 mil usuários no Brasil, comenta sobre o trabalho realizado pela tecnologia desenvolvida pela empresa, que é capaz de analisar passes, chutes, agilidade e impulsão dos jogadores com IA.
— O Cuju está aberto para todos os jovens atletas. A tecnologia compara apenas o desempenho e não diferencia atletas por classe social, cor da pele ou poder de influência. A plataforma nasceu do desejo de democratizar o futebol. A inteligência artificial veio para ajudar e potencializar o trabalho dos profissionais do futebol, não para substituí-los — conclui Thaiany.
Em maio deste ano, o Sport também apresentou a MarIA, assistente virtual desenvolvida para facilitar a vida dos sócios e torcedores. Disponível no WhatsApp, a ferramenta oferece informações e serviços como atualização cadastral, cadastro de biometria facial e consulta de planos. Numa segunda fase, a MarIA permitirá pagamentos e compra de ingressos diretamente pelo aplicativo.
O presidente do Sport, Yuri Romão, destaca o papel estratégico da tecnologia no relacionamento com o torcedor.
— A nossa gestão tem como objetivo constante aprimorar e modernizar o atendimento não somente ao sócio como também ao torcedor comum, facilitando o acesso a serviços e informações. A MarIA é mais um passo nessa direção, proporcionando uma experiência mais rápida, prática e cômoda ao torcedor — afirma.