A busca por eficiência no futebol brasileiro ganhou um aliado decisivo: a tecnologia aplicada ao trabalho de observação e prospecção de atletas. De softwares avançados de análise de desempenho a plataformas capazes de monitorar jogadores em qualquer parte do mundo, os clubes ampliam investimentos para reduzir erros nas contratações e potencializar o desenvolvimento de jovens.
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O scouting consiste em acompanhar, avaliar e identificar talentos que possam fortalecer uma equipe. Os profissionais dessa área, também conhecidos como olheiros, scouts ou analistas, têm como principal meta encontrar atletas com as características e competências ideais para elevar o rendimento do time. Para isso, observam jogos, analisam estatísticas, assistem a treinos e mantêm contato com outros especialistas, examinando desde fundamentos técnicos e condicionamento físico até inteligência tática e postura mental.
O Santos, por exemplo, contratou o analista de mercado Rafael Vieira, ex-Cruzeiro, para completar seu Departamento de Scout, liderado por Fernando Ziskind.
— O setor de mercado vai muito além de avaliações pontuais. Nosso trabalho envolve monitorar partidas no mundo inteiro, manter uma rede de contatos ativa e participar de decisões estratégicas no planejamento do elenco, sempre alinhado ao DNA do Santos — explicou Ziskind.
Na Série B, o Botafogo-SP renovou e ampliou seu pacote tecnológico, agora com três licenças que permitem mapear jogadores no mundo todo, duas próprias e uma da Federação Paulista.
— Trouxemos para o clube a mesma tecnologia usada por equipes de ponta e pela Seleção Brasileira. E assim, consigo mapear todos os jogadores de qualquer lugar do planeta — diz o Enory Martins, analista de mercado do clube.
O Fortaleza também aposta pesado, especialmente na formação de base. Com mais de 10 profissionais no setor, é considerado o melhor do Nordeste no ranking anual do Portal Brazuca e figura no Top 10 nacional. A estrutura do CT Ribamar Bezerra, títulos internacionais sobre Bayern de Munique e Real Madrid no Sub-13 e a metodologia integrada ao time principal sustentam esse destaque.
A transformação digital também abriu espaço para empresas especializadas, como a E-Scout, que recentemente lançou uma plataforma com um banco de dados de cerca de 6,5 mil atletas de base mapeados.
— É sobre enxergar o garoto de 16 anos que joga no interior, tem potencial, mas nunca teve um dado confiável que o colocasse no radar certo. É sobre ajudar clubes menores a realizar negócios que podem mudar o rumo de toda uma estrutura — afirma o CEO Diego Vieira.
— O trabalho de scout deixou de ser apenas uma função de observação e passou a ser um pilar estratégico dentro dos clubes. Hoje, investir em análise de desempenho, mapeamento de talentos e inteligência de mercado significa reduzir riscos e aumentar as chances de sucesso esportivo e financeiro. É uma mudança de mentalidade que coloca a informação e a tecnologia no centro das decisões — diz Thiago Gosling, Diretor Presidente do Inter de Minas, equipe que trabalha na revelação de jovens jogadores e possui o Certificado de Clube Formador da CBF.