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Roberto Jardim
Porto Alegre (RS)
Dia 29/05/2025
16:10
Atualizado em 30/05/2025
03:26
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Trinta e sete segundos podem parecer pouco tempo. Nesse intervalo, porém, você pode perde o horário do ônibus ou do trem. Esse tempo também pode ser o período entre o apito de um juiz para saída de bola e um gol que classifica seu time em um torneio importante. Bem como é um espaço temporal no qual um time consegue mostrar todo um trabalho orientado por um técnico. Foram em exatos 37 segundos que o Internacional realizou a jogada do gol do empate contra o Bahia, na noite da quarta-feira (28). Jogada essa que teve o DNA de Roger Machado.

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A bola colocada na rede por Vitinho garantia a vaga nas oitavas da Libertadores, que foi confirmada 20 minutos mais tarde, quando Rafael Borré fez o 2 a 1. Mas o que nos interessa é a jogada do empate. Tanto que alguns comentaristas e jornalistas que cobriram o jogo afirmaram que o Inter de Roger Machado estava “fotografado” nesse gol. Vejamos.

Ensaio à exaustão

Antes do gol, vale notar que quem já assistiu a alguns dos treinos abertos pelo Colorado desde a chegada de Roger Machado, deve ter notado o trabalho minucioso, insistente e até, por que não, chato para quem vê, quando o assunto é posicionamento. Parece o ensaio de uma coreografia. Gestos repetidos à exaustão para que os corpos dos atletas os memorizem.

Nos passes, o mesmo acontece. Toque de pé em pé. Às vezes com apenas um toque por cada jogador. E a bola vai e volta em busca de um espaço entre o posicionamento do adversário.

Isso é visto claramente nos jogos. Óbvio que o torcedor se enerva com o que parece falta de objetividade. Isso porque nem sempre a brecha é encontrada. Quando é, porém, vira quase magia. Como foi no gol de Vitinho.

O gol, passe a passe, segundo a segundo

O Alvirrubro havia tomado gol aos 8 da etapa final. Comemoração. Análise do VAR. E lá se vão três minutos. Aos 11, bola ao centro e apito trilado pelo árbitro. Começa a contagem.

Fernando é jogador essencial na troca de passes em busca de espaços (Foto: Maxi Franzoi/AGIF)

Borré dá um passe para trás, encontrando Fernando próximo ao limite do grande círculo. O volante encontra Alan Patrick bem em cima da linha que divide campo. O meia volta a bola até Vitão, no lado direito da intermediária – tudo isso em quatro segundos. O zagueiro toca de lado para Aguirre que acha Vitinho em cima da linha lateral.

O atacante, cercado por dois jogadores do Bahia, devolve ao argentino, que havia ultrapassado, já na intermediária do Esquadrão de Aço. O lateral-direito volta a bola até Fernando em cima da linha – aí, já se foram 15 segundos. O volante toca para Juninho, dentro do grande círculo, que passa de lado para Vitão.

Em uma jogada, Alan Patrick abre o caminho para o empate (Foto: Ricardo Duarte/SC Internacional)

Aos 28 segundos, o zagueiro ultrapassa a linha de meio-campo e faz um lançamento para Borré ou Alan Patrick, ambos já na área. A bola voa intermináveis quatro segundos. David Duarte, defensor do tricolor baiano, se antecipa, mas a redonda cai nos pés do meia colorado. Com um drible, ele tira seu marcador da jogada e, no segundo 34, passa para Bruno Henrique.

De costas para o gol e marcado por dois, o volante faz o pivô e passa com perfeição para Vitinho, no segundo 35. O atacante deixa a bola correr por um segundo e bate cruzado. Luciano Juba, que era um dos defensores que estavam nas costas de Bruno Henrique, dá carrinho, mas a redonda passa entre as suas pernas, para morrer no fundo das redes.

E lá se foram 37 segundos. Você pode ter perdido o ônibus ou o trem, até porque, levou mais tempo para ler esse texto do que o Inter levou nesse lance para voltar a ser o Inter de Roger Machado, com bola de pé e pé, achando espaços entre os adversários.

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