Após vinte anos fora do futebol profissional, o Yuracan Futebol Clube de Itajubá está de volta. O renascimento da agremiação está ancorado em um projeto de vanguarda que pretende transformar o clube em um epicentro de inovação esportiva, científica e tecnológica no interior de Minas Gerais.

O que está por vir não é apenas o retorno às competições: é a revolução silenciosa de um clube que nasceu dentro da Universidade Federal de Itajubá, atravessou gerações como símbolo da cidade, e agora inaugura o primeiro Centro de Treinamento e Pesquisa (CTP) profissional dentro de uma universidade pública brasileira, além do Laboratório do Futebol – Y-35 Venture Soccer Builder. A ideia é transformar Itajubá no "vale do silício do futebol brasileiro", que mira transformar o Brasil de exportador de jogadores a exportador de tecnologia e propriedade intelectual esportiva.​​

— Em Itajubá, 30% das pessoas participam de pesquisa e inovação, de alguma forma. Então, a cidade é vocacionada para inovação e tecnologia. Quando você faz algo em tecnologia numa cidade que não tem essa vocação, as pessoas podem não entender, podem questionar e tudo mais. E numa cidade que tem essa vocação, que está acostumada a lidar com experiências tecnológicas, experiências científicas, as pessoas percebem muito melhor essas possibilidades — explicou ao Lance! Vitor Colares, presidente da SAF do Yuracán.

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No epicentro dessa virada está a SAF e sua estrutura de startup: 90% das ações adquiridas pela Futstorm Participações, sob a liderança de Colares, e a gestão esportiva de Luiz Kriwat – profissional de passagem por Cruzeiro, América-MG e Londrina. O acordo, celebrado em Assembleia Geral de sócios, prevê investimento mínimo de R$ 25 milhões e define que a associação segue com 10% das ações e direito de veto sobre decisões estratégicas para garantir que a essência do clube permaneça viva.​​

— O clube retorna em 2026 com o futebol profissional. Disputaremos a segunda divisão do campeonato mineiro, que, na prática, é a terceira, já que o campeonato é dividido entre a primeira divisão, com módulos 1 e 2, e a segunda divisão, que corresponde à terceira. Assim, participaremos da terceira divisão profissional, além das categorias sub-15 e sub-17 no próximo ano. Também está previsto o futebol feminino. A tendência é que disputemos pelo menos uma categoria no feminino e tenhamos tanto o profissional quanto o feminino em atividade. Isso ainda está em fase de construção — explica Colares.

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Foto aérea da Unifei em Itajubá, onde será construído o centro de treinamento e pesquisa do Yuracan (Foto: Divulgação/Yuracan)

Por trás do sonho esportivo, nasce também um polo de desenvolvimento regional e geração de empregos. A tecnologia, desenvolvida localmente, será compartilhada com universidades e alunos, fortalecendo ainda mais o ciclo virtuoso entre pesquisa, negócios e rendimento esportivo.

— Nossa meta é alcançar a primeira divisão do Mineiro até 2030, ou seja, em um horizonte de cinco anos de competição. Calculamos de dois a três anos na segunda divisão e mais dois ou três anos no módulo dois, para então chegar à elite estadual. É claro que gostaríamos de subir mais rápido, mas entendemos a importância de respeitar o momento e construir um modelo sustentável. Não queremos simplesmente injetar dinheiro para obter resultados imediatos e depois enfrentar dificuldades financeiras — reflete Colares, tentando se afastar de exemplos que sofreram com as consequências de altos aportes de recursos e falta de planejamento duradouro.​​

A lógica do projeto é clara: se não há recursos para competir com clubes como Palmeiras ou Flamengo, o investimento será feito em ciência e tecnologia, criando uma base de propriedade intelectual capaz de sustentar vantagens esportivas e exportar inovação para outros mercados. Assim, Yuracan aposta onde ninguém mais está investindo no Brasil.

— Nosso foco é criar uma base tecnológica e científica que os outros clubes não possuem, garantindo que, a médio prazo, a tecnologia local proporcione uma vantagem esportiva relevante. Esses recursos e inovações poderão, eventualmente, ser utilizados em conjunto com fundos maiores, mas a prioridade é desenvolver capacidades próprias que aumentem nossa competitividade — sinaliza Colares.​

O projeto do Yuracan combina barreiras altas e integração única. Pesquisa, mão de obra altamente qualificada e investimentos graduais formam um complexo que dificilmente será replicado por concorrentes. Assim, a ideia é que Itajubá passe a ser uma incubadora de conhecimento e tecnologia, transformando a história do Yuracan – um clube que lança um modelo de futebol científico, socialmente responsável e economicamente sustentável.

Vitor Colares, Amauri Graciani e Luiz Kriwat são os responsáveis pela transformação do Yuracan (Foto: Divulgação/Yuracan)
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