O Paraná Clube abriu um edital na terça-feira (30) para a venda da Sociedade Anônima do Futebol (SAF), em documento obtido com exclusividade pelo Lance!. A oferta mínima é de R$ 212 milhões por 90% das ações.

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A documentação já está protocolada na Justiça, dentro do processo de Recuperação Judicial (RJ), e traz o detalhamento do possível investimento. O investidor que comprar o Tricolor precisa cumprir exigências, como investimentos em estrutura e no futebol.

O processo competitivo será realizado por certame judicial, mediante apresentação de propostas fechadas. Os interessados têm cinco dias úteis em outubro para apresentar o modelo financeiro, com garantias, e se habilitarem.

Se preencherem os requisitos, os investidores terão mais 15 dias úteis para apresentarem as propostas. O vencedor para comprar a SAF do Paraná será conhecido em sessão aberta, com dia e horário a serem definidos pela Justiça.

Os detalhes do edital da SAF do Paraná Clube

  1. valor mínimo: R$ 212 milhões
  2. R$ 42 milhões para dívidas com a Receita Federal do Brasil e o Banco Central do Brasil (Bacen)
  3. R$ 10 milhões para a construção de Centro de Treinamento na sub-sede do Boqueirão (até 2028)
  4. R$ 60 milhões para a Vila Capanema
  5. R$ 10 milhões anuais para o futebol (sem divisão)
  6. R$ 21,9 milhões (Série D)
  7. R$ 28 milhões (Série C)
  8. R$ 46,8 milhões (Série B)
  9. R$ 85 milhões (Série A)

Esses valores mínimos, vale destacar, serão feitos pela SAF vencedora se as receitas próprias não forem suficientes para cobrir as respectivas despesas e custos de investimentos.

SAF do Paraná Clube tem um favorito

A corrida pela SAF paranista, inclusive, tem um favorito para os próximos 10 anos: Nextplay Capital, que está em tratativa desde março. O grupo de emprésarios brasileiros e estrangeiros, liderado por Pedro Weber, que seria o futuro CEO, conseguiu o direito de preferência e tem até três dias úteis para cobrir a oferta concorrente.

Essa manobra é denominada 'stalking horse bidder', quando a empresa (Paraná) busca um interessado (investidor) para estabelecer um lance mínimo na venda dos ativos e que não veja por um valor muito abaixo do mercado. A estratégia é ter uma negociação prévia em que a primeira proposta condicionará os valores para eventuais investidores.

As quantias do edital, basicamente, foram feitos pela Nextplay para nortear o processo. A diretoria do Paraná e o Comitê de Credores concordaram.

Os demais interessados, por exemplo, precisam fazer uma proposta 10% superior à da Nextplay para poder concorrer na compra da SAF. Caso essa empresa não seja a escolhida na venda da SAF, o investidor que comprar o clube tem que pagar R$ 2 milhões à Nextplay por ter iniciado a operação.

No final de agosto, o Paraná chegou a receber uma proposta vinculante de R$ 250 milhões. O empresário envolvido, contudo, não deve entrar na disputa aberta por entender que a diretoria já escolheu para quem quer vender a SAF.

Paraná Clube desiste de torneio por falta de dinheiro

No mês retrasado, o Paraná desistiu de disputar a Taça FPF por falta de dinheiro. A competição dá vaga para a Copa do Brasil de 2026.

O torneio, que não acontecia desde 2019 e iniciou na metade de setembro, era um pedido recorrente do próprio Paraná por estar sem calendário nacional. O clube jogou a Série D pela última vez em 2022 e caiu novamente para a Segundona do Campeonato Paranaeste nesta temporada.

Para justificar a desistência, o Tricolor citou a "inviabilidade econômica e estrutural do torneio" e lamentou que a Taça FPF dará vaga para a Copa do Brasil e não para o Brasileirão. A retomada da competição, vale lembrar, estava programada no calendário da Federação Paranaense de Futebol (FPF) desde novembro do ano passado.

Além disso, o Paraná cita que está "em tratativas envolvendo a venda da Sociedade Anônima do Futebol (SAF)".

Em crise no futebol, Paraná Clube aposta em outros esportes

Torcida do Paraná Clube em jogo de futsal, no ginásio do Tarumã. Foto: Rui Santos/Paraná

Com calendário curto no futebol, o Paraná Clube decidiu apostar em outros esportes para manter a torcida ativa em uma (longa) fase de crise no futebol. De forma terceirizada, o Tricolor possui equipes de futsal, futevôlei, futebol americano e fut7.

O futsal, que disputa o Campeonato Brasileiro, é gerenciada por uma associação. O futevôlei é uma parceria com o Copacabana Sports, centro de treinamento no bairro Capão da Imbuia, em Curitiba. Já no futebol americano, o Tricolor se juntou com o Guardian Saints, uma das principais equipes paranaenses na modalidade. Por fim, no fut7, a equipe treina na sede da Kennedy e participa de torneios estaduais.

Paraná Clube tem prejuízo de R$ 8,4 milhões em 2024

De acordo com o balanço financeiro, o Paraná teve prejuízo de R$ 8,4 milhões no ano passado. O clube disputou apenas a Segundona do Campeonato Paranaense, competição vai jogar novamente em 2026 após a queda neste ano.

Já a dívida total subiu de R$ 162,7 milhões para R$ 171,6 milhões.

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