Os campeões brasileiros de 1985 pelo Coritiba, enfim, receberam algo que cobravam há 40 anos: as medalhas originais do título inédito da Série A, então chamada de Taça de Ouro. Nesta terça-feira (12), a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) entregou os objetos em cerimônia na sede da entidade, no Rio de Janeiro.
Símbolos da conquista do Brasileiro, o ex-goleiro Rafael, os ex-laterais Dida e André, o ex-meia Elizeu e o ex-atacante Índio representaram o elenco alviverde no encontro. O CEO da SAF, Lucas de Paula, foi o dirigente presente.
A entrega acontece 16 dias depois do presidente Samir Xaud prometer, em visita ao Couto Pereira, que iria confeccionar réplicas idênticas como reparação. As medalhas de Branco, lateral campeão pelo Fluminense em 1984, e de Júnior, outro lateral campeão pelo Flamengo, em 1983, foram usadas como modelo.
A cobrança dos atletas pelas medalhas era recorrente, mas ninguém conseguia explicar o porquê de ninguém ter recebido. Nem o clube e nem a CBF falaram do paradeiro ocorrido na época - nos bastidores, a versão é de que dirigentes alviverdes pegaram pra si ou revenderam.
Em 27 de junho, como forma de homenagem aos 40 anos da conquista, o Coritiba tentou amenizar a falta do objeto e fez uma medalha comemorativa aos heróis alviverdes. Antes, eles tinham recebido uma réplica da original que, segundo os atletas, não é sequer parecida.
Campeões não receberam bicho pelo título brasileiro
Apesar da glória em campo, os jogadores campeões de 1985 convivem com desgastes no extracampo. Agora com a medalha original do título recebida, resta outro problema que nenhum deles tem esperança de receber: o bicho, tradicional premiação em dinheiro por objetivos alcançados.
Quatro décadas depois, o elenco coxa-branca não viu a cor do dinheiro - e esse nunca teve promessa de correção. Os bichos por jogo ou classificação já eram comuns no futebol brasileiro. No Coritiba de 1985, não foi diferente.
O presidente Evangelino Costa Neves, conhecido também como "Chinês", já tinha pago premiações que variavam de R$ 1 mil a R$ 2,7 mil (já convertido do cruzeiros) em jogos contra o Sport, Corinthians e Joinville na segunda fase. A classificação para a semifinal contra o Atlético-MG, por exemplo, aumentou consideravelmente para R$ 120 mil.
Na final, de acordo com relatos dos atletas da época, o bicho pelo título seria de aproximadamente R$ 240 mil. Os atletas que saíram do Coritiba ao final da temporada não ganharam nada. Contudo, raros conseguiram receber e somente os que permaneceram no Alto da Glória, caso do atacante Édson.
- Fui um dos pouquíssimos que recebeu. O Evangelino (presidente) era de dia (humor). Eu tinha dado sinal da compra de uma casa e faltavam 48 prestações, que davam exatamente o preço do bicho. Dois dias depois do título, fui na sala dele, que me atendeu. Devia estar muito feliz pelo título. Explique toda a situação, ele pediu para a secretária bater o cheque e quitei tudo. Só que o Rafael (goleiro) foi no dia seguinte e ele nem recebeu. O pessoal é muito magoado com a administração - explicou Édson.
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