Vivo estivesse, Diego Armando Maradona estaria completando 65 anos. Mas se é D10S (uma corruptela misturando a palavra Dios, Deus em espanhol, com seu eterno 10), como dizem os maradonianos mundo afora, é eterno. Então, dá para dizer que completa 65 anos. Depois de Pelé e Garrincha, Maradona talvez seja o maior panteão do futebol sul-americano e mundial. Sim, maior até do que Lio Messi e suas incontáveis Bolas de Ouro. Por isso, é D10S para tantos. E é eterno, como os outros.

➡️ O Lance! esteve na Argentina para entender como o país vive sem um de seus maiores ídolos

Apelidado de Pelusa pelos seus, amigos e família, devido à vasta cabeleira, Don Diego nasceu para viver dentro de uma cancha. Era ali, dentro das quatro linhas, seja na grama, no areião ou no barro, que se sentia em casa. Ela ali que se sentia feliz. Era ali que fazia sua mágica. Era na grama, no areião ou no barro que se acertava com suas falhas e erros.

Chamado de Pibe de Oro desde os tempos dos Cebollitas, equipe amadora do seu paupérrimo bairro de Fiorito, e na base do Argentinos Juniors, que o lançou para o mundo, Don Diego nasceu para jogar bola. Era com ela que vivia seus melhores momentos. Era com ela que era feliz. Era com ela que fazia os outros felizes. Era com ela que se acertava com suas falhas e erros.

➡️ Restaurante favorito de Maradona é parada obrigatória em Buenos Aires

Maradona é do povo, diz mural em Buenos Aires (Foto: Lucas Bayer/Lance!)

Chamado de El Diez desde que começou a jogar com a 10, Don Diego levou torcidas à loucura. Seja pelos lances que ajudaram a dar uma vitória a elas. Seja pelos lances que as fizeram perder uma partida. Era para a gente das arquibancadas que ele fazia sua magia. E era com a gente das arquibancadas que ele acertava as suas falhas e erros.

Idolatrado como D10S, Don Diego é mais admirado em Napoli do que muitos nascidos na cidade do Sul da Itália. É mais admirado na Argentina do que nomes como Peron – nome eternamente ligado à política do país sul-americano mais apaixonado pela política. E é mais admirado fora do seu País que qualquer outro nascido do lado de lá do rio da Prata, talvez até mais admirado do que o Papa Francisco.

Maradona com a camisa do Boca Juniors (Foto: Lucas Bayer/Lance!)

Um lance justifica tudo isso

Se os três ou quatro leitores dessa crônica acharem que é tudo exagero, convido a assistirem um único lance. Um só já justifica tudo isso. Trata-se do gol mais lindo da história das Copas do Mundo, marcado no 2 a 1 sobre a Inglaterra, em 1986. Mas veja com a narração das narrações, feita por Victor Hugo Morales, o uruguaio mais argentino de todos os tempos. Depois do vídeo, segue em texto, quase poesia, as palavras que Morales recitou naquele 22 de junho.

"'¡Quiero llorar! ¡Dios Santo, viva el fútbol! ¡Golaaazooo! ¡Diegoooool! ¡Maradona! Es para llorar, perdónenme... Maradona, en una corrida memorable, en la jugada de todos los tiempos... Barrilete cósmico... ¿De qué planeta viniste para dejar en el camino a tanto inglés, para que el país sea un puño apretado gritando por Argentina? Argentina 2 - Inglaterra 0. ¡Diegol ¡Diegol, Diego Armando Maradona... ¡Gracias Dios, por el fútbol, por Maradona, por estas lágrimas, por este Argentina 2 - Inglaterra 0!".

Maradona nas paredes de Buenos Aires (Foto: Lucas Bayer/Lance!)
Siga o Lance! no Google News