A Copa do Mundo de 2026 será a primeira edição do torneio com 48 seleções participantes — um aumento de 16 equipes em relação ao formato anterior — e sua definição avança de forma consistente em praticamente todos os continentes. A exceção é a Europa, cujo sistema de classificação é mais complexo, em parte devido à sobreposição com a Nations League, competição que impactou diretamente o cronograma das Eliminatórias.
Um dos pontos que mais chama atenção — e que seguirá em evidência nas próximas Datas Fifa — é o modelo de repescagem interna adotado pela Uefa para definir as últimas vagas europeias na Copa. A complexidade do processo se explica pela forma como o continente distribui essas vagas: enquanto 12 seleções se classificam diretamente como campeãs de grupo nas Eliminatórias, outras quatro serão definidas por meio de uma repescagem que reúne 16 equipes.
Esse grupo inclui os dez segundos colocados das Eliminatórias e seis seleções oriundas da Nations League, torneio criado em 2018 com o objetivo de substituir os amistosos tradicionais e oferecer confrontos mais equilibrados entre países de níveis técnicos semelhantes no futebol europeu. Por conta desse critério de classificação, já é possível observar situações curiosas nesta altura da competição, com seleções que, mesmo sem grande desempenho nas Eliminatórias, mantêm chances reais de disputar a Copa graças à campanha feita em outra competição.
🔵⚪ San Marino e Suécia 🟡🔵
San Marino terminou como líder de seu grupo na Liga D — a mais baixa da Nations — e entrou, de forma inédita, na lista de possíveis candidatos a participar da Copa do Mundo de 2026. O problema está justamente na regra que determina os acessos à repescagem.
Apenas os quatro campeões de grupo da Nations que não terminarem entre os dois primeiros colocados em seus grupos nas Eliminatórias têm direito à vaga no mata-mata europeu. Atualmente, San Marino ocupa apenas a 14ª posição entre esses campeões e depende de uma combinação altamente improvável de resultados para avançar.
A situação ganha contornos ainda mais peculiares com o próximo adversário da seleção: a Romênia. Terceira colocada em seu grupo nas Eliminatórias, atrás de Bósnia e Áustria, os romenos também venceram seu grupo na última Nations League. Caso consiga alcançar a vice-liderança na reta final da campanha, libera uma das vagas da repescagem que, em um cenário extremo, poderia acabar nas mãos de San Marino.
Para aumentar suas chances matemáticas de classificação, San Marino teria mais a ganhar perdendo — e de preferência por goleada — para a Romênia, ajudando o adversário direto a ultrapassar a Bósnia. Ao mesmo tempo, a seleção precisa torcer para que outras campeãs de grupo da Nations, como Suécia, República Tcheca e Irlanda do Norte, também terminem entre as duas primeiras de seus grupos nas Eliminatórias. Se duas ou mais delas falharem, o caminho se fecha de vez para o pequeno país. Desde sua estreia em torneios oficiais, em 1990, San Marino soma apenas três vitórias — todas contra Liechtenstein — e jamais venceu uma partida válida por Eliminatórias.
No caso da Suécia — que vive situação semelhante à de San Marino no cenário atual — talvez esteja o exemplo mais emblemático de decepção nesta edição das Eliminatórias, especialmente quando se considera a expectativa criada em torno da equipe antes do início da campanha. Isso se deve, em grande parte, à presença de uma das duplas de ataque mais promissoras do futebol europeu: Alexander Isak e Viktor Gyökeres.
Ambos estão entre os centroavantes mais valorizados da atualidade e foram contratados por cifras milionárias na última janela de transferências — Isak pelo Liverpool, por 145 milhões de euros, e Gyökeres pelo Arsenal, por 63 milhões de euros. Mesmo com o potencial ofensivo, a seleção sueca marcou apenas dois gols em quatro jogos, tornando sua possível classificação via repescagem da Nations uma das situações mais inesperadas do ciclo europeu rumo ao Mundial de 2026.
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