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João Brandão
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 13/05/2025
17:52
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Ex-presidente do Uruguai entre 2010 e 2015, Pepe Mujica morreu aos 89 anos, na tarde desta terça-feira (13). Além da grande relação com a política, o ex-guerrilheiro era um amante do futebol de seu país, além de torcedor do Club Atlético Cerro.

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Morador do bairro operário Rincón del Cerro, Mujica nunca escondeu sua admiração pela equipe de menor expressão. Embora não tenha dado certo como jogador, o político não abandonou seu clube de coração mesmo sem títulos ou grandes conquistas.

- Eu joguei como ponta, mas era ruim. Não há uruguaio que assista futebol de longe. Sou torcedor de um time local, o Cerro. Estou acostumado a perder, mas sou torcedor pela localidade. Gostava de ciclismo, mas sempre segui com o futebol e com o Cerro.

Recordações de Mujica do Uruguai e ídolo da Copa de 1950

Pepe Mujica guardava recordações positivas da conquista do Uruguai na Copa do Mundo de 1950, em que a Celeste derrotou o Brasil no Maracanã. O episódio é lembrado com carinho pela nação com diversas homenagens no Museu do Futebol, no Estádio Centenário.

- Foi provavelmente uma das maiores emoções da história do nosso futebol. Nunca vi uma comemoração popular tão grande. Ficará comigo para sempre.

Além disso, Mujica tinha como um de seus maiores ídolos Obdúlio Varela, que foi o capitão do Uruguai na Copa do Mundo de 1950. Em entrevista ao "ge", o ex-presidente comentou sobre a importância da figura do ex-jogador.

- O capitão de 50. Não porque foi um grande jogador -  e era - mas houve muitos melhores que ele. Mas era uma espécie de chefe natural, um técnico dentro de campo e todo mundo o respeitava. Um homem muito humilde. Mas aconteceu uma greve de jogadores de futebol no Uruguai que durou um ano e na época que pagavam pouco aos atletas. Ele teve uma conduta esportiva. Era um baluarte dentro de campo.

Críticas à Fifa e ao futebol moderno

Em sua trajetória, Pepe Mujica não poupou críticas à Fifa e ao futebol moderno com valores elevados de transferências. O uruguaio defendia o que acreditava e politizava o esporte, como fez em relação a punição de Suárez na Copa do Mundo de 2014 por conta da mordida em Chiellini, da Itália.

- Sentimos que foi uma punição aos humildes. É como se tivessem punido Garrincha na história do Brasil. Não tem quem me convença do contrário, vi uma conduta de classe nisso. Nenhum desses senhores importantes da Fifa passou fome ou enfrentou intempéries. Eles tem uma impiedade que não tem relação com o futebol, que é uma festa popular. No dia que não tivermos mais pobres, não teremos mais o luxo de ver jogadores geniais - disse ao "ge".

Mas além das críticas à Fifa, Mujica via o futebol como um negócio discrepante por conta dos altos salários dos jogadores. No entanto, o ex-político não culpava os atletas pelos problemas e pelas desigualdades.

- Transformou-se em um negócio. Um negócio que é em parte arte, em parte magia. Mas, é claro, as sociedades modernas e contemporâneas se caracterizam por transformar até mesmo a respiração em negócio. Tudo é negócio. Futebol também. Os salários de alguns jogadores de futebol são ofensivos, especialmente considerando o estado das nossas cidades. Mas a culpa não é dos jogadores. Os jogadores são o pretexto para uma mobilização econômica que gira em torno deles.

Após a morte de Pepe Mujica, Nacional e Peñarol se pronunciaram e prestaram solidariedade aos familiares do ex-político. Clube de coração do ex-mandatário, o Cerro também fez uma homenagem ao eterno torcedor.

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