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Rio de Janeiro (RJ)
Supervisionado porNathalia Gomes,
Dia 02/09/2025
18:28
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O fim da janela de transferências expôs novamente a distância entre a Premier League e as demais ligas europeias. Enquanto os clubes ingleses gastaram 3,56 bilhões de euros, a La Liga movimentou pouco mais de 680 milhões. Para o jornal "AS", a diferença é tão grande que “existem dois mercados: o inglês e o resto. Os ingleses são imbatíveis”.

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De acordo com as análises, o segredo da supremacia inglesa está em três fatores: a força das receitas de televisão, os patrocínios globais e a flexibilidade dos controles financeiros em comparação aos mecanismos rígidos impostos aos clubes espanhóis. O resultado é uma liga onde até clubes médios conseguem disputar jogadores no mesmo patamar dos gigantes do continente, inflacionando o mercado e alterando o equilíbrio competitivo entre países.

A La Liga reage, mas a distância aumenta

Apesar do abismo financeiro, a imprensa espanhola destacou que a La Liga também vem elevando seus investimentos. Esta foi a terceira temporada consecutiva em que o volume total de contratações cresceu, ainda que de forma tímida diante do cenário inglês. Foram 56 operações, sendo 22 reforços de impacto, alguns deles movimentando quase 100 milhões de euros.

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Casos como o do Villarreal chamaram a atenção. O clube vendeu peças importantes – como Baena (42 milhões), Yeremy Pino (30) e Barry (28) – mas reinvestiu os recursos em uma série de contratações, incluindo Mikautadze (30 milhões), Renato Veiga (24,5) e Moleiro (16). Para o AS, trata-se de um “exemplo de mercado equilibrado”, onde a capacidade de vender bem permite reforçar o elenco sem comprometer a saúde financeira.

Já os gigantes Real Madrid e Atlético de Madrid foram responsáveis pelas cifras mais altas na Espanha. O time merengue desembolsou 179 milhões de euros, liderando o ranking, com destaque para Mastantuono (63 milhões) e Huijsen (58). O Atlético gastou praticamente o mesmo valor – 178 milhões – apostando em jogadores como Baena (42), Hancko (26) e Almada (21). A crítica, no entanto, recai sobre o desempenho em campo: os resultados iniciais da equipe de Simeone não corresponderam ao esforço no mercado.

Dean Huijsen em ação em sua estreia pelo Real Madrid no Mundial de Clubes (Foto: Megan Briggs/AFP)

O Barcelona, por sua vez, manteve perfil discreto, limitado por suas dificuldades financeiras. A principal contratação foi Joan García, goleiro do Espanyol, por 25 milhões. Rashford e Bardghji também chegaram, mas com incertezas sobre utilização imediata. Para a imprensa, os catalães vivem uma realidade distinta, presos a restrições que os impedem de competir de igual para igual com os rivais domésticos e, sobretudo, com os ingleses.

Premier League em outra dimensão

Se na Espanha os números impressionam, na Inglaterra beiram o descomunal. Só o Liverpool gastou 489 milhões de euros, trazendo nomes como Alexander Isak (150), Florian Wirtz (125) e Hugo Ekitike (95). O investimento isolado dos reds supera o total de gastos de quase todas as ligas europeias, com exceção da própria Premier League.

Isak se tornou a contratação mais cara da Premier League (Foto: Reprodução/Liverpool)

Outros clubes do chamado “Big Six” e o emergente Newcastle também puxaram a fila de reforços milionários, contratando jogadores valorizados como Benjamin Sesko (76,5), Martin Zubimendi (70) e Xavi Simons (65). A média de gastos por time chegou a 178 milhões de euros, algo impensável em qualquer outro campeonato nacional.

Na comparação, a La Liga aparece como a segunda liga que menos investiu, ficando à frente apenas da Ligue 1 francesa. Mesmo a Serie A italiana (1,19 bilhão) e a Bundesliga alemã (856 milhões) superaram os espanhóis, reforçando a tese de que o futebol espanhol está ficando para trás em termos de competitividade no mercado internacional.

Ainda assim, o discurso de parte da imprensa espanhola não é apenas de resignação. Os jornais destacam que, além de contratar, é preciso saber reter talentos formados em casa. Exemplos como o de Fermín, que recusou o Chelsea para seguir no Barcelona, e o de jovens do Valencia que resistiram à sedução inglesa, são vistos como vitórias silenciosas diante do poderio da Premier League.

No entanto, a conclusão é inevitável: com cifras cada vez mais distantes e um sistema econômico que permite gastos massivos sem comprometer a sustentabilidade aparente, a Premier League segue jogando um jogo próprio. Para o AS, “os ingleses são imbatíveis” – e a questão que resta para a La Liga é encontrar formas de permanecer relevante em meio a esse cenário desigual.

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