O recém-aposentado Ivan Rakitić, croata que fez história com a camisa do Barcelona entre os anos de 2014 e 2020 e levantou 13 taças pelo clube nesse período, lamentou só uma dessas ter sido a "Orelhuda", apelido do troféu da Champions League. Na avaliação do ex-meio-campista, o time "se descuidou e se deixou levar", muito também a partir da saída de Xavi.
– É muito triste. É muito triste e nos irrita. E estou convencido de que o Leo [Messi], o Luis [Suárez], o Ney [Neymar], o Busi [Busquets], o Andrés [Iniesta], o Piqué e o resto gostaria de dar um bom tapa em cada um de nós, porque eu disse muitas vezes, com todo o respeito: 'A gente se deixou levar.' Por isso eu dizia antes que essa figura do Xavi, naquela primeira temporada, era muito importante. Naquele momento a gente não entendia, mas agora, com o tempo, acho que entendemos sim. Sem ele, todos aqueles detalhes que ele controlava escaparam pelo caminho. E é uma pena, uma grande pena, porque acho que poderíamos ter vencido perfeitamente três ou quatro Champions – disse Rakitić ao jornal espanhol "Sport".
Ao ser perguntado sobre o que aconteceu para terem "se deixado levar", Ivan titubeou:
– Não sei. Se fosse tão fácil de explicar ou de corrigir, a gente teria corrigido naquele mesmo momento. Mas às vezes acontece de você parar de cuidar um pouco desses detalhes. De vencer um joguinho qualquer na fase de grupos, ou de se preparar bem para o jogo de volta depois de ganhar a ida claramente em casa. Você deixa passar algumas coisas e, no fim das contas, o futebol, principalmente no mais alto nível, te castiga. E nos castigou muito, de verdade – afirmou.
O jogador, que está se preparando para ser diretor esportivo no Hajduk Split, time da sua terra natal Croácia, relembrou o lendário trio "MSN", que foi composto por Messi, Suárez e Neymar e somou mais de 150 gols.
– Eu não sabia desse número. Era uma loucura. Nos treinos, você não podia colocá-los juntos, porque não fazia o menor sentido. E, sobretudo no Barça, vimos um Neymar muito diferente do que esteve no PSG. Foi um Neymar muito próximo do Messi. Era uma loucura ter os dois ali, de verdade. E, além disso, tínhamos um cara na frente que fazia gol de tudo quanto era jeito, com um faro de gol como ninguém. Uma coisa absurda. Acho que aquilo foi único e irrepetível – disse.
Rakitić, inclusive, revelou ter um carinho muito especial pelo jogador brasileiro até hoje.
– Havia uma conexão, inclusive até hoje. Por exemplo, quando fui para a Arábia, um dos primeiros que fui ver foi o Neymar. Também me lembro muito que minha filha mais velha era louca pelo Ney quando era pequena, e ele, quando a via, tinha um carinho incrível por ela. E, quando fomos para a Arábia, quando ele a viu, tudo foi bonito e especial. Temos essas conexões – confessou Ivan.
🏟️ Relembre a carreira de Ivan Rakitić, vencedor da Champions pelo Barcelona
Cerebral, eficiente, preciso, letal nas bolas paradas, protetor do meio-campo e perigoso no ataque: essas são algumas das características que marcaram a trajetória do croata. Em 19 anos de carreira, Rakitić ficou marcado na memória dos fãs de futebol internacional na segunda metade da década de 2010. Após brilhar no futebol espanhol pelo Sevilla por quatro anos, o croata subiu um degrau e chegou ao Barcelona. Foi direto para o time titular e formou um tripé histórico no meio-campo catalão, ao lado de Andrés Iniesta e Sergio Busquets.
Deixou sua marca na final da Champions League de 2014/15, a última da história do Barcelona, e seguiu em alto nível nos anos seguintes até a consagração com a Croácia vice-campeã do mundo na Copa do Mundo de 2018. Pela seleção, foram 106 exibições, com 15 gols.