Escrito por Lance!
Zach Wilson é o nome mais falado pelos especialistas em College Football em 2020. Com 1.91m, 95 quilos e em sua terceira temporada no futebol americano universitário, o número 1 de BYU está em plena ascensão, já sendo apontado como uma provável escolha de primeira rodada do Draft da NFL de 2021.
O talentoso QB estará em ação para o público brasileiro através do Watch ESPN, neste sábado (25), às 23h15, liderando a invicta BYU (5-0) na partida contra Texas State (1-5).
Em cinco partidas até o momento, Wilson impressiona, especialmente, pelo seu aproveitamento nos passes: 78.7% - a caminho de ser detentor do recorde histórico em uma temporada no College Football. O número é ainda mais extraordinário quando se compara com os dois primeiros anos da carreira do jogador: 66% e 62% em 2018 e 2019, respectivamente.
A média de jardas por passe tentado também é insanamente positiva: 12.1. Ele é o segundo no quesito na temporada 2020, atrás apenas de Mac Jones, que tem ao seu dispor Jaylen Waddle e DeVonta Smith, dois wide receivers que deverão ser escolhas de primeira rodada na NFL. Apenas atrás do quarterback de Alabama, Wilson também aparece no rating (estatística que mensura a eficiência do quarterback), com 207.7.
- O desenvolvimento do Zach Wilson é algo realmente especial quando você olha o seu segundo ano para o terceiro. Ele teve o que chamo de 'salto de veteranos' e nunca olhou para trás. Ele está conectando os passes que a defesa tem permitido, tem total controle do ataque e dificilmente está sendo incomodado - explica Cam Mellor, analista de futebol americano da SB Nation, dos Estados Unidos.
Para entender o ‘fenômeno Zach Wilson’ que está tomando conta do College Football, o Lance! conversou com o já mencionado Cam Mellor e Henrique Mol, do perfil NFL Scout BR, especializado em análise de jogadores do futebol americano universitário.
Qualidades e fraquezas
A capacidade de Zach Wilson em fazer os chamados ‘passes de NFL’ desperta a atenção. Na liga profissional, com jogadores técnica e atleticamente melhores que no College Football, as janelas para conectar os lançamentos são menores, o que demanda uma maior velocidade na bola, um rápido processamento mental , além, óbvio, de precisão.
- Zach Wilson tem se mostrado um QB extremamente preciso, acima de tudo. Consistentemente, ele coloca o passe em uma posição que ajuda bastante o recebedor a fazer a recepção, e, muitas vezes, ganhar jardas após. Além disso, sua mobilidade tanto para lidar com pressão no pocket, ou ganhar jardas com as pernas, irão ajudar o jogador em muitos momentos durante sua carreira. São dois elementos que se traduzem muito bem para a NFL – disse Henrique Mol, do NFL Scout BR.
O quarterback de BYU também se destaca pelas suas qualidades físicas, possuindo a altura e atleticismo que os times da NFL normalmente procuram em um quarterback. Até o momento, Wilson tem 100 jardas conquistadas com as pernas e seis touchdowns. A habilidade com as pernas também o tem permitido estender as jogadas no pocket, evitando sacks, apenas quatro na temporada, e tendo mais tempo para escanear o campo e achar um recebedor livre.
- Suas maiores qualidades são aquelas que não são treináveis, como altura, velocidade, atleticismo, precisão, inteligência de futebol americano... Ele teve o já mencionado ‘salto de veterano’ e essas qualidades estão em plena exibição. Suas outras qualidades são a força no braço, assim como seu conhecimento e conforto no esquema ofensivo, algo que pode traduzir muito bem na transição para a NFL. Suas fraquezas são a consistência, principalmente quando analisado o ano passado, assim como alguns problemas de lesão. Mas isso pode ser consertado com uma forte linha ofensiva na NFL, tal como a que ele tem à disposição em BYU – analisa Cam Mellor, que pensa que o jogo de Wilson lembra o de Alex Smith, na sua época de Utah e no início da carreira no San Francisco 49ers.
- O teto (potencial) do Zach é o de uma escolha top no Draft e 10 anos ou mais como titular na NFL. Eu comparo bastante ele com o que o Alex Smith fez em Utah e no seu início em San Francisco. Eu acho o Zach um pouco mais atlético, mas como Smith ele tem todas ferramentas à sua disposição e é um atleta top de linha.
Para Henrique Mol, a lembrança é com o que Baker Mayfield apresentou no circuito de futebol americano universitário por Oklahoma, antes de se tornar a escolha número 1 do Draft de 2018, selecionado pelo Cleveland Browns.
- Não diria que é uma comparação ainda, até porque é uma amostra incompleta. No momento, vejo traços que me lembram o Baker Mayfield.
Classe de QBs promete em 2021
Os times da NFL que precisam de um quarterback para o futuro estão salivando com o talento que terão à disposição no próximo Draft. Trevor Lawrence, de Clemson, é praticamente uma unanimidade como o melhor da posição e deve ser a primeira escolha geral em 2021. Justin Fields, de Ohio State e que estreia na temporada 2020 neste sábado (24), Mac Jones, de Alabama, Kyle Trask, de Florida, Trey Lance, de North Dakota State, e Zach Wilson brigam pelo posto de QB2.
- Acho que o Justin Fields não recebe crédito o suficiente pelos seus lançamentos para o lado externo do campo. Fields é automaticamente classificado como uma ameaça dupla como quarterback, por ser tão elétrico quando a jogada está quebrada. Mas a sua habilidade de colocar o lançamento no fundo do campo de forma perfeita é incomparável nesta classe de quarterbacks. Zach está um pouco atrás do Fields de forma geral na posição, em minha visão. E Trey Lance está bem atrás, como quarto ou quinto nesta classe – compara Cam Mellor, da SB Nation.