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Grande Premio
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 16/09/2025
16:03
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Campeão de Fórmula 2 e Fórmula 3 nos primeiros anos em cada categoria, Gabriel Bortoleto chegou à Fórmula 1 com a grife de um talento diferente. O feito foi registrado por pilotos que deixam marcas na categoria, como Charles Leclerc, Oscar Piastri e George Russell, o que naturalmente gera uma expectativa sobre alguém ainda jovem. No entanto, o desafio maior sempre se colocou de maneira clara à frente: o deficitário carro da Sauber, última colocada na temporada anterior do Mundial de Construtores.

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Prestes a virar Audi em 2026 e entrando no último ano do atual regulamento, antes de uma revolução completa nos motores e a metamorfose da equipe em si, pouco se apostava em evoluções notáveis da Sauber em 2025. E o exemplo dos últimos anos corrobora isso com força: foi uma equipe zumbi nas temporadas recentes da F1, basicamente aguardando a chegada da montadora alemã.

Gabriel Bortoleto, da Sauber, no GP da Itália de F1 (Foto: Andy Hone / LAT Images / Sauber Media Hub)

Pois a história contada em 2025 tem sido oposta a isso. As coisas não começaram muito diferentes nas primeiras corridas, com exceção de um milagroso sétimo lugar de Nico Hülkenberg na Austrália, em condições muito difíceis. Aos poucos, porém, a Sauber enfim começou a encontrar soluções e foi crescendo na ordem de forças, a ponto de desafiar outras equipes do grid.

E essa história é importante de ser contada porque coincide com o crescimento de Bortoleto na Fórmula 1. Apesar de estar no primeiro ano de categoria, o brasileiro supera consistentemente o veterano Hülkenberg em classificações; faltava, porém, pontuar. Desde o GP da Áustria, não falta mais: após nova grande classificação, com o oitavo lugar, o novato manteve a posição na corrida e estreou no top-10.

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O fim de semana do GP da Inglaterra representou uma lombada nesse percurso, com Bortoleto fora do ritmo habitual e com erros que custaram caro. Mas é justamente aí que reside uma das grandes forças do piloto: o aprendizado com as próprias falhas. É comum ver pilotos de Fórmula 1 tendo graves — e longas — crises de desempenho após batidas, causadas por erro próprio ou não, mas Gabriel tem o costume de seguir em frente. No fim de semana seguinte, na Bélgica, colocou o carro no Q3 e pontuou de novo, em nono.

E o grande desempenho ainda viria na Hungria. Em classificação espetacular, Bortoleto barrou Max Verstappen por 0s003 para levar o sétimo lugar no grid de largada — melhor resultado do brasileiro na F1. Na corrida, perdas de posições eram esperadas, tanto por conta do neerlandês quanto pela necessidade de evolução de Lewis Hamilton — que sairia em 12º.

Nada disso: Bortoleto não apenas se manteve à frente dos dois, como tomou a posição de Lance Stroll e terminou em sexto. Atuação espetacular e digna de veterano por parte de Gabriel, que viveu pela primeira vez o desafio de pilotar no técnico traçado de Hungaroring na F1 e gerenciar os aspectos estratégicos da corrida. Segurar o pelotão em uma Sauber, afinal de contas, não é algo tão simples assim. Por fim, na Itália, mais um belo fim de semana e novo oitavo lugar, após igualar o melhor resultado de classificação com o sétimo posto.

Gabriel Bortoleto em ação no GP da Bélgica pela F1 2025 (Foto: Dimitar DILKOFF / AFP)

O fato é que Bortoleto tem aproveitado tudo que a Sauber coloca à disposição em 2025, e a diferença para Hülkenberg na garagem tem sido cada vez menor. A evolução é evidente, não só acompanhando o crescimento do carro como elevando expectativas. Ou alguém esperava ver Bortoleto superar o alemão, com suas mais de 240 largadas, em 12 de 19 classificações (contabilizando as de corridas sprint) feitas até aqui?

O 2025 de Bortoleto é, sim, além das expectativas. O que causa também a necessidade de pés no chão, não necessariamente por parte do piloto. Até porque, a cada fala, Gabriel demonstra saber exatamente onde está e o tamanho do caminho a percorrer. A amizade com nomes mais veteranos e absolutamente vencedores do grid, como Fernando Alonso e Verstappen, também é interessante no contexto geral. Não é isso que vai fazer do brasileiro campeão, mas representa o interesse de estar entre os maiores.

Até o fim do ano, os objetivos de Bortoleto e Sauber vão girar em torno do Mundial de Construtores. Prestes a se despedir de um nome tradicional na Fórmula 1 para virar Audi, a esquadra de Hinwil pretende dar adeus na posição mais alta possível. E a briga está posta, com a sexta colocada Aston Martin à frente por apenas sete pontos. A Racing Bulls ainda aparece entre as duas.

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Desde que pontuou pela primeira vez, na Áustria, Gabriel seguiu acumulando grandes apresentações. Teve deslizes aqui e ali, como qualquer novato, e sofreu com o azar de um problema no carro na largada do GP dos Países Baixos. Agora, o brasileiro também se coloca como um porto confiável da Sauber para somar pontos, com uma equipe ciente de que, mesmo jovem, consegue extrair do conjunto — até mais que o veterano Hülkenberg, em diversas ocasiões. No fim das contas, o foco já está todo em 2026, e a temporada atual é sobre deixar recados — seja o de adeus da Sauber ou de boas-vindas de Bortoleto.

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