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Luiz Gomes: ‘Copa do Mundo – A história, pelos perdedores’

As histórias que chamam a atenção neste início de Copa são as histórias de perdedores, como o marroquino Aziz Bouhaddouz, que viveu às avessas seus quinze segundos de fama

(Foto: GIUSEPPE CACACE / AFP)
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Tudo bem que Cristiano Ronaldo fez uma exibição de gala. Não apenas pelos três gols marcados no empate com a Espanha. Mas o gajo esbanjou técnica, concentração, força e espírito de liderança. Algo muito próximo da perfeição. A imagem de seu rosto contraído, a respiração controlada, o olhar fixo no gol, antes da cobrança da falta certeira é o retrato de alguém que nasceu para se vencedor.

Mas vamos deixar isso de lado.

As histórias que chamam a atenção neste início de Copa são as histórias de perdedores, personagens quase anônimos como o marroquino Aziz Bouhaddouz que, diante das câmeras de TV e nas telinhas do mundo inteiro, viveu às avessas seus quinze segundos de fama. Ou astros consagrados do planeta bola como o egípcio Muhamed Salah, que exibiu do banco sua angustiante impotência para mudar o curso da história no jogo contra o Uruguai.

O marroquino Bouhaddouz saiu do banco para desabar no gramado depois de marcar contra, no último momento do jogo, o gol da derrota de seu time. O que passa pela cabeça de um atleta em uma hora dessas? Afinal, foram 94 minutos de bola rolando em que o Marrocos foi melhor, teve mais domínio de bola, as melhores chances de gol. Era, mais do que uma estreia, o jogo da vida para os dois times, só quem vencesse poderia sonhar, ainda que apostando em um improvável tropeço dos favoritos portugueses e espanhóis, em seguir adiante na copa, passando da fase de grupos. E tudo se foi, em fração de segundos, por água abaixo.

Bouhaddouz e sua cabeçada desastrada – foi pura infelicidade, diga-se de passagem, a que qualquer craque também está sujeito – fizeram milhares de marroquinos se calarem nas arquibancadas. E em cada cidade, cada vilarejo do desértico Marrocos. Perder quando se tinha tudo para vencer é ruim. Perder para um adversário como o Irã, que extrapola os gramados e alimenta rivalidades políticas, religiosas e culturais é ainda mais sofrido. E tudo isso desabou sem a piedade de Alá sobre a cabeça do infeliz jogador.

O que terá passado pela cabeça de Salah, ali, à beira do campo, quando viu o uruguaio Giménez subir mais alto que os zagueiros egípcios e mandar para dentro das redes a bola que decidiu um jogo que os árabes conseguiram segurar por mais quase 90 minutos levando a Celeste à loucura? O empate histórico parecia certo até a última bola. A força de um ataque formando por Cavani e Suarez não conseguia furar o bloqueio armado pelo técnico do Egito. Mas aquela cabeçada estragou a festa e Salah, que chegou a ser confirmado no jogo mas não entrou, nada pode fazer. Deve ter se sentido como aquela mãe que se acha culpada pelo machucado do filho. Embora ele tenha feito o que não era para fazer.

E o são-paulino Cueva? E Messi? Perder um pênalti, como disse o argentino, dói. Em Copa do Mundo muito mais. Os dois vão sofrer para se recuperar. O peruano poderia ter impedido a derrota do seu time. Mas isolou uma bola no melhor etilo de uma boa pelada de várzea. O melhor do mundo não só não evitou contribuiu para o fiasco da estreia argentina. Um empate com sabor de derrota. Messi, que na véspera viu seu arquirrival Cristiano Ronaldo marcar de pênalti, de falta e com bola rolando, ainda carrega esse peso a mais – uma comparação inevitável. O hermano deve estar vendo passar pela sua cabeça o filme de copas passadas em que o sonho de conquistar o mundo ficou pelo caminho. Mas foi apenas o primeiro jogo. Ele ainda pode conseguir. Vai precisar tratar a cabeça e segurar a onda para a acertar o pé e mudar essa história.