Copa do Mundo

Clubes

Nacionais

escudo do atlético mineiroescudo do botafogoescudo do corinthiansescudo do cruzeiroescudo do flamengoescudo do fluminenseescudo do gremioescudo do internacionalescudo do palmeirasescudo do santosescudo do sao pauloescudo do vasco
logo whatsapplogo instagramlogo facebooklogo twitterlogo youtubelogo tiktok

Fan fest de Novgorod: senegaleses sonhavam com a vaga. Se deram mal

Numas das cidades russas mais indiferentes para a Copa, cinco amigos do Senegal, no meio de centenas de colombianos, acompanharam a derrota e  eliminação sua seleção. Confira

Sadori soca o ar com a chance perdida por Senegal já na reta fonal do jogo. Na sua frente, com a bandeira nas costas, Baha se conforma, ao lado de Ibrahima, também de costas (Carlos Alberto Vieira)
Escrito por

Nijni Novgorod definitivamente não é uma cidade muito ligada no futebol. E nesta Copa, exceto nos lugares focados no Mundial (Fan fest, aeroporto, estádio e ruas próximas) a impressão é de que nada está rolando. A exceção é uma ou outra camisa de torcedores de outros países que acabaram fazendo da lindíssima NN, como muitos a chamam, a sua base (nada prática, pois ela tem poucos voos diretos e trens para outras cidades e fica a quase 500km de Moscou). Nada comparado, por exemplo a Saransk, onde parecia que cada adolescente na cidade era um voluntário e muitos usavam roupas em alusão à Copa, além de um cartaz em cada esquina.

Exemplo desse desinteresse estava na Fan Fest durante o jogo entre Senegal e Colômbia. Cerca de apenas mil pessoas num local com capacidade para 20 mil. Pelo menos 300 eram latinos e a maioria torcia pela Colômbia.


Mas até em NN e numa Fan Fest quase às moscas, a emoção do futebol se fazia presente. E de forma dramática, envolvendo a minoria da minoria: cinco amigos torcedores de Senegal, todos estudantes em Novgorod: Ibrahima Dabo, que se forma este ano em relações internacionais, ao lado do amigo Kouté; Sadori Sow, estudante de biologia juntamente com o seu colega Karu Sow (não são parentes) e Baha, como ele disse que gosta de ser chamado e estudante de psicologia. Kouté e Baha estavam com a bandeira de seu país e este último usava a camisa da seleção. Depois de um bom primeiro tempo, sem sustos e vendo James Rodríguez sair machucado, Ibrahima e Sadori sorriam.

- Nossa seleção mostrará que é a melhor da África. Será a única que vai para as oitavas. E eu tinha certeza disso. Estava no jogo contra a Polônia e comprei ingressos para as oitavas - disse Ibrahima.

Sadori não estava tão animado.

- Sou um torcedor tranquilo. Mas quero esperar o segundo tempo.

A tal tranquilidade de Sadori foi ralo abaixo quando Mina fez o gol da Colômbia e fez os mais de 100 colombianos (e os outros latinos, peruanos, panamenhos e costa-riquenhos) pularem muito, pois o 1 a 0 colocava a Colômbia em primeiro (o Japão já perdia para a Polônia) e eliminava Senegal.

- Temos de nos classificar.

E ele se remexia, roía a unha, fazia o gesto de arrancar o cabelo. E a cada chance perdida ou bola errada, saía do grupo, dava dois passos atrás. Três de seus amigos não piscavam os olhos, incrédulos com o resultado e as chances perdidas na etapa final .A exceção era Baha, que aplaudia o time, como se os jogadores e o treinador Aliou Cisse pudessem ver, festejou cada uma das substituições e se ajoelhou com as mãos na cabeça enquanto Sadori socava o chão quando Mané escorregou numa cobrança de falta que todos acreditavam que daria em gol.

- Era para ser gol, Sadou (Mané) – gritavam.

Uma vez ou outra perguntava se o Japão tinha levado mais um gol (o Japão perdia por 1 a 0, se levasse o segundo, Senegal entraria). Mas não deu, o jogo acabou e Senegal foi eliminado. Sadori estava desconsolado e murmurava em francês. "É loucura a vaga era nossa", Já o quase psicólogo Baha fez questão de cumprimentar os colombianos, como bom esportista, posar para fotos e até trocar de camisa com um panamenho, deu a sua do Senegal e ganhou a oficial do Panamá.

- É futebol. Agora vou torcer para a Rússia, que nos acolheu,,e para o Brasil, como todos os africanos sempre fazem – disse Baha, a caminho de casa, lamentando a eliminação de Senegal, o último país do continente ainda vivo no Mundial, e deixando a gritaria na blasé Fan fest de Novgorod para o lado dos latinos.

Ibrahima e Sadori, no intervalo, quando o jogo estava 0 a 0 e Senegal avançava. Depois...(Carlos Alberto Vieira)