Nesta quarta-feira, a contagem regressiva para a Copa do Mundo de 2026 — que será disputada nos Estados Unidos, México e Canadá — chega a um novo marco: faltam 197 dias para o início do maior torneio de seleções do planeta. Dentro da série especial do Lance!, que diariamente traz histórias e curiosidades que ajudam a reconstruir a trajetória do Mundial. Em 5 de julho de 2014, em Salvador, a Holanda de Louis van Gaal protagonizou o que muitos passaram a chamar de "a melhor substituição já feita" em Copas: a entrada do goleiro reserva Tim Krul no fim da prorrogação contra a Costa Rica, pelas quartas de final.

Alto, com 1,93 m, então jogador do Newcastle, Krul deixou o banco para escrever seu nome na história ao assumir o lugar de Jasper Cillessen a 44 segundos do apito final do tempo extra, numa decisão que parecia mais ousadia do que lógica fria. Van Gaal, porém, enxergava ali uma oportunidade única: usar um especialista em pênaltis para tentar romper a sequência de traumas da Laranja Mecânica em decisões após a prorrogação em Copas, em que os holandeses haviam sido eliminados em todas as quatro disputas anteriores que chegaram além dos 120 minutos.

O plano começou a ser desenhado ainda no hotel, quando o treinador de goleiros chamou Krul para avisar que a comissão técnica cogitava lançá-lo apenas para a disputa de pênaltis — uma ideia tão específica que o próprio goleiro não tinha certeza se realmente sairia do papel. Já nos minutos finais, Van Gaal deu o sinal, Cillessen foi substituído, e Krul entrou em campo para uma missão: classificar a Holanda.

Na disputa que se seguiu, Krul transformou a teoria em prática de forma quase perfeita. Ele falou com cada costa-riquenho que caminhava para a marca da cal, circulou pela pequena área numa espécie de patrulha psicológica para tentar desestabilizar os batedores, impôs presença com sua altura e postura e, sobretudo, pulou para o lado certo em todas as cinco cobranças. Das cinco batidas da Costa Rica, defendeu duas — de Bryan Ruiz e Michael Umaña — enquanto a Holanda converteu todas as suas quatro tentativas e garantiu vaga na semifinal contra a Argentina.

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Mais do que um herói instantâneo, o goleiro virou símbolo de uma ideia levada ao extremo: mesmo que outros técnicos, em diferentes edições, tenham se inspirado depois na estratégia de trocar o goleiro já pensando na disputa de pênaltis, Van Gaal foi o primeiro a ter coragem de apostar tudo nesse movimento em um palco tão grande quanto uma Copa do Mundo. A classificação diante dos costa-riquenhos, construída naquele duelo particular entre o especialista e a marca dos 11 metros, foi tratada como uma ruptura com o passado recente da seleção e, ao mesmo tempo, como a noite em que a carreira de Tim Krul ganhou uma nova dimensão.

Na prática, a substituição de Cillessen por Krul não só levou a Holanda à semifinal da Copa de 2014 como cristalizou uma imagem que a contagem regressiva para 2026 ajuda a reavivar: a de um reserva gigante de 1,93 m que, em menos de 15 minutos em campo, redefiniu o limite do que um técnico pode ousar e do que um goleiro pode significar em uma Copa do Mundo.

Tim Krul defende pênalti contra a Costa Rica (Foto: Divulgação/Fifa)
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