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Relação entre a Chape e famílias das vítimas do acidente se estreita após alguns ‘ruídos’

Após 'sensação de desamparo', momento indica união entre associações e o clube <br>

Nelson Almeida / AFP
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O desafio da Chapecoense se reconstruir não ficou restrito aos gramados. Além de trazer novos jogadores e uma nova diretoria às pressas, houve dificuldades até entrar em diálogo com as vítimas. Porém, segundo Fabiane Belle, presidente da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo da Chapecoense (Afav-C), o momento é de estabilidade:

- A imprensa acabou se solidarizando e dando uma dimensão de prestação de serviços. Como nossas ações são consistentes, o clube se aproximou. Antes deste diálogo, não tínhamos acesso a nada, nem a seguros. Além disto, procuramos representativade no governo, fomos ouvidos por dois senadores - afirmou, em entrevista ao LANCE!.

Porta-voz da Chapecoense para fazer o elo com as famílias, o diretor de comunicação, Fernando Mattos, detalhou ao LANCE! que o clube já teve avanços nestas reuniões:  

- Nós montamos uma grande central de atendimento para atender às associações de parentes das vítimas. Temos reunião periódica e alguns assuntos já foram colocados em evidência. Conseguimos documentos do plano de voo, o laudo dos controladores e repassamos recursos com as famílias.

No entanto, a busca do clube é por estreitar ainda mais a relação:

- Existia o desconforto, mas a gente equilibrou. Hoje, estamos num nível de diálogo muito bom. Mas temos desafios a superar.

O vice-presidente jurídico da Chapecoense, Luiz Antônio Pallaoro, reconheceu que houve um desacordo inicial. Porém, disse que o momento é de busca por um diálogo:

- Houve, sim, algumas reclamações, mas a gente compreende. Cada um deles perdeu entes queridos. Estamos em contato com eles pra tudo acontecer da melhor forma possível - garantiu, ao L!.

Fabiane, que é viúva do fisiologista Cesinha, questionou uma sensação de desamparo após o impacto do acidente de 29 de novembro de 2016:

- Bom, cada um viveu à sua maneira após o acidente. Após findar aquele momento de comoção, não tivemos gerenciamento de crise nem apoio de outras empresas como a Globo, a RBS, Rádio Condá, que tiveram vítimas. Nós ficamos totalmente desamparados, sem apoio psicológico. Até mesmo a questão de repatriação de pertences das vítimas não obedeceu algumas normas. Enquanto o clube se reconstruía, trazendo jogadores e sua comissão técnica, emissoras contratavam novos profissionais... Mas as famílias da Chapecoense ficaram de lado.

Fernando Mattos atribuiu a dificuldade inicial de diálogo a problemas que o clube enfrentou para reestruturar toda a sua diretoria: 

- Falam muito de reconstrução, mas o clube teve de passar por uma reestruturação completa. Pessoas que estavam na condução do clube faleceram, e nós tivemos esta dificuldade num primeiro momento. Mas o clube tem se aproximado do que acha ideal.

Porém, as homenagens pelo mundo à Chape também causaram questionamentos entre as vítimas da Afav-C, que atende cerca de 60 pessoas, entre parentes diretos e indiretos:

- A decisão de que cada pessoa interessada pudesse bancar a própria viagem gerou uma revolta no grupo. Era um momento de que um clube de menor porte ganhava os olhos do mundo. Soou como se a Chapecoense quisesse tirar proveito - afirmou Fabiane Belle.

Mattos disse que o clube preferiu contribuir financeiramente com as famílias das vítimas: 

- O clube apresentou o convite às famílias para a audiência com o Papa (Francisco). Pois entendemos que antes de fazermos um investimento na logística, o mais apropriado seria seria realizar a divisão dos recursos advindos do amistoso contra a Roma com os familiares.

Presidente da Associação Brasileira de Vítimas e Familiares da Chapecoense (Abravic), Gabriel Santos Cordeiro de Andrade, apontou que a relação com o clube sempre foi estável. A fundação ajuda 30 famílias de vítimas, entre parentes de jogadores, prestadores de serviços e jornalistas:

- Sempre fomos bem recebidos pela Chapecoense, pelo seu Maninho (o mandatário Plínio de Nês Filho). Só tivemos um pequeno problema no início. Como a Chapecoense perdeu vários de seus diretores, houve uma dificuldade até se organizar nos primeiros meses, mas hoje chegamos a um acordo - disse, ao LANCE!.

Fato de imagens do acidente estarem em trailer de documentário rendeu pedido de suspensão de 'O Milagre de Chapecó' (Foto: RAUL ARBOLEDA/AFP PHOTO)

DOCUMENTÁRIO SOBRE CHAPECOENSE PARA NA JUSTIÇA

O clube e familiares de vítimas no acidente da Chapecoense agora se mobilizam em torno de uma polêmica de cinema. O tom mostrado no trailer do documentário "O Milagre de Chapecó" fez o clube entrar na Justiça contra a Trailer Ltda.

Segundo a ação, o filme de Luis Ara mostraria a evolução da Chape, e não deixaria o foco no acidente. O clube obteve na Justiça na última quarta-feira a suspensão do trailer e do filme (que estrearia em 30 de novembro). Caso a medida não seja cumprida em até 48 horas, a produtora, localizada em Montevidéu, será punida com multa entre R$ 5 mil e 500 mil. Cabe recurso da decisão:

- O nosso acordo era que o filme mostrasse a reconstrução da Chapecoense em campo. Quando vimos o trailer, mostrava imagens do acidente. Além disto, foi exibido o trailer sem o consentimento do clube - esclareceu Pallaoro.

Fabiane contou que o conteúdo do trailer do documentário também rendeu um impacto entre os familiares de vítimas do acidente. E disse que haverá ações:

- Uma das viúvas foi levar os dois filhos para assistir a um filme infantil e, ao chegar ao cinema, o trailer do documentário trazia cenas do acidente. Crianças foram expostas ao acidente! Foi um dano moral. Existia um contrato entre a Chapecoense e a produtora de que o filme trataria da ascensão e depois da reconstrução, sem o sensacionalismo em torno do acidente. Nosso movimento é de questionar um dano moral, porque quiseram alavancar a bilheteria com objetivo nebuloso. Mas a quebra de acordo é entre o clube e a produtora.

*Atualizada às 19h05