O Botafogo notificou formalmente o Lyon por uma dívida que ultrapassa os R$ 770 milhões. A ação do clube carioca foi feita por meio de um documento redigido pelo CEO da SAF botafoguense, Thairo Arruda, que foi enviado aos representantes da equipe francesa no dia 18 de julho. O conteúdo da carta detalha movimentações financeiras feitas entre os cariocas e o time do exterior. À época, o Olympique Lyonnais (OL) ainda tinha John Textor como proprietário.
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O empresário multimilionário, que é o dono da SAF do alvinegro, foi afastado do comando do OL há algumas semanas e a novela envolvendo o triângulo de parceria de Textor, Lyon e Botafogo ganhou mais um importante capítulo. O documento enviado por Arruda cobra que os franceses paguem a dívida que têm com a equipe brasileira, enquanto os representantes do Lyon contestam o valor e afirmam que o número é mais baixo do que foi citado na carta.
O valor é um acumulado desde setembro de 2023 e envolve transações entre os clubes. As movimentações dizem respeito à contratação de atletas do Botafogo para o OL, repasse de verbas de premiação do alvinegro para ajudar a saúde financeira do Lyon e até empréstimos da equipe brasileira com instituições financeiras, feitos, segundo o CEO brasileiro, para ajudar o OL, que fazia parte da "família Eagle".
No documento, Thairo Arruda destaca que a ação do Botafogo tinha como objetivo melhorar o desempenho esportivo do Lyon nas competições na França e reverter as sanções aplicadas ao clube após problemas no fluxo de caixa com o DNCG - que é o órgão responsável por regular as finanças das equipes no país.
- Todos os esforços do Botafogo resultaram em melhora significativa (i) do desempenho esportivo do OL (que terminou a temporada 2024/2025 da Ligue 1 na 6ª colocação, classificando-se para a Liga Europa) e (ii) da condição financeira do OL, conforme confirmado pela (a) reversão das decisões da DNCG que: (a1) em 15 de novembro de 2024 proibiu o OL de registrar novos jogadores e exigiu melhora financeira para evitar rebaixamento à Ligue 2; e (a2) em 24 de junho de 2025 confirmou o rebaixamento (“Decisões da DNCG”) e (b) o acordo entre UEFA e OL, firmado em 27 de junho de 2025, permitindo ao OL participar da Liga Europa - diz a carta assinada por Thairo Arruda.
O clube brasileiro se diz prejudicado pelo não pagamento dos valores por parte do Lyon. No que diz respeito às negociações de jogadores, o Botafogo cita que foi forçado a aceitar altas taxas de juros nos contratos de financiamento com as instituições financeiras que deram adiantamentos nas vendas de Thiago Almada, Igor Jesus, Jair, e Savarino - este último teve sua venda acertada para o OL em março, mas não se concretizou o venezuelano segue no Brasil.
O Macquarie Bank, GCS Funding, PRPF e EMSO Private Credit Fund foram as instituições citadas pelo CEO do Botafogo que fizeram negócio com a equipe e que o Lyon é quem necessita repassar os valores às empresas.
Desvalorização nas vendas do Botafogo
Após acertar a venda do quarteto ao Lyon, além do negócio envolvendo Luiz Henrique, o Lyon seguiu impedido de comprar e registrar atletas por conta do transfer ban. Por isso, o alvinegro se viu obrigado, de acordo com o documento, a buscar outras alternativas de venda no mercado internacional, que acabaram sendo inferiores aos antigos números acertados com o OL.
Almada, por exemplo, atuou no Lyon por seis meses, mas foi vendido nesta janela de transferências para o Atlético de Madrid por 23 milhões de euros, 4 milhões de euros a menos do que o acertado com o OL em janeiro. O prejuízo é cobrado pelo clube brasileiro.
O mesmo aconteceu com Igor Jesus. As equipes haviam celebrado um acordo de pouco mais de US$ 43 milhões, o que não foi cumprido e, posteriormente, o Botafogo vendeu o atacante ao Nottingham Forest por 20 milhões de euros, valor abaixo do acertado anteriormente com o OL. Luiz Henrique e Jair também são citados como transferências que perderam valor após o Lyon não cumprir com o contrato.
O documento escrito por Thairo Arruda afirma que está prevista uma multa pelo descumprimento por parte dos franceses. O Botafogo cobra R$ 410 milhões do Lyon, valor que é a soma das multas de Almada (€ 27.075.000,00) e Jesus (US$ 43.134.297,00).
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Outros valores e contestação do Lyon
No balanço financeiro de transações entre Botafogo e Lyon, o clube brasileiro também deve uma quantia ao OL. Por isso, considerando todas as movimentações financeiras desde o fim de 2023 abatidas da dívida do alvinegro, a cifra cobrada é de 45 milhões de euros, pouco mais de R$ 286 milhões na cotação atual.
Do outro lado, o Lyon contesta o fato dos juros bancários de empréstimos, que foram feitos em nome do Botafogo para auxiliar o fluxo de caixa do OL ao longo do período. Na interpretação dos franceses, a equipe não deve arcar com esse custo. Por isso, no lado europeu da história, a dívida seria de apenas 20 milhões de euros, ou R$ 127 milhões.