Preso em operação da Polícia Federal (PF) na manhã desta terça-feira (18), o empresário Daniel Vorcaro é um dos principais acionistas da SAF do Atlético Mineiro. O dono do Banco Master aportou R$ 300 milhões no clube e o valor utilizado para a transação teria ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das principais organizações criminosas em atuação no Brasil.

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Segundo o jornalista Rodrigo Capelo, do Estadão, documentações disponíveis na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) indicam que o fundo "Galo Forte FIP", usado por Vorcaro para comprar 27% das ações da Galo Holding SA - como é chamada a SAF do time mineiro - integra uma lista de fundos investigados em outra operação da PF, chamada "Carbono Oculto", deflagrada pelas autoridades em agosto deste ano e que apura lavagem de dinheiro via fundos de investimentos.

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) suspeita que esses fundos de investimento servem para abastecer ações do PCC, facção que tem ampla atuação no estado de São Paulo. No caso do capital investido por Vorcaro no Atlético Mineiro, a CMV detectou que os valores anunciados pelo clube coincidem com aqueles que são investigados pela PF em sua operação. O formato de aplicação do montante também segue um padrão usado por outros fundos de investimento apurados pelas autoridades.

Em 2023, Daniel Vorcaro aportou R$ 100 milhões na SAF do Galo, além de outros R$ 200 milhões aplicados no ano passado. Os investimentos iniciaram com os fundos Olaf 95 e Hans 95, que têm gestão da Reag Investimentos, empresa que já foi alvo de buscas da PF na operação. As autoridades afirmam que não é possível determinar com precisão quem são todos os cotistas do Galo Forte FIP, apenas quais são os investimentos estão na carteira do fundo. A ligação do empresário preso pôde ser confirmada por ele ter tratado publicamente do tema.

O esquema investigado na Operação Carbono Oculto é que a lavagem de dinheiro utilizaria um sistema de "fundo sob fundo", onde esses veículos de investimento fariam aportes em outros fundos afim de dificultar a origem e o destino do dinheiro. O Olaf 95 tinha patrimônio líquido de R$ 19 bilhões, por exemplo, e tinha como principal investimento o Hans 95, que por sua vez tem patrimônio estimado em R$ 35 bilhões e outros três fundos como principais destinos financeiros.

SAF do Galo tem Daniel Vorcaro como segundo maior investidor (Foto: Bruno Cantini/Atlético)

O que diz o Atlético-MG e o Banco Master

O Atlético Mineiro afirmou que o Galo Forte FIP é um fundo de investimento regulamentado perante a CVM, administrado pela Trustee Distribuidora de Títulos Mobiliários Ltda. O clube mineiro também informou que não tem nenhum conhecimento de possíveis irregularidades com o veículo, o segundo maior na constituição de sua SAF.

Formada em 2023, a Sociedade Anônima do Futebol da equipe mineira tem 75% do clube mineiro. Dentro deste percentual, o grupo dos "Menin", que pertencem aos empresários Rubens e Rafael Menin, detém 55,7% da SAF atleticana. O restante da distribuição fica com o Fundo de Investimentos do Galo (FIGA), que tem 9%, e com o empresário Ricardo Guimarães, que soma 8,4%. Ambos não têm ligação com as investigações.

O Banco Master, comandado por Daniel Vorcaro, divulgou em nota oficial que não possui ligação com esses fundos de investimento citados nas investigações da PF e que a participação no Atlético Mineiro é exclusivamente ligado à pessoa física do empresário.

- O Banco Master não tem qualquer relação com os fundos Hans 95 e Olaf 95. Essas estruturas não integram o grupo e não possuem vínculo societário com o banco ou com quaisquer de seus executivos. O fundo Galo Forte FIP é de propriedade de Daniel Vorcaro, pessoa física – informação pública e amplamente divulgada na mídia, inclusive após análise do Cade. A Reag Investimentos é prestadora de serviços, assim como ocorre com centenas de outros clientes - informou a instituição.

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