O futebol brasileiro carece de "camisas 9"? Após a Copa do Mundo de 2014, a discussão se há ou não há um centroavante capaz de atuar pela Seleção Brasileira ganhou força. Em entrevista ao LANCE!, o atacante Grafite, que defendeu o Brasil na Copa do Mundo de 2010, e falou sobre a atual geração de jogadores.
Após oito temporadas no exterior, Grafite está de volta ao Brasil. Neste sábado, no Estádio do Arruda lotado, o atacante fará sua reestreia no Santa Cruz, clube que defendeu em 2001 e 2002. Aos 36 anos, Grafite preferiu ressaltar a qualidade dos "velhinhos" ao invés de criticar os jogadores mais novos.
– Atacante tem. Mas você vê, o artilheiro do Brasileirão é o Ricardo Oliveira, que tem 34 anos. Tem muita gente que fala que jogador de 34, 35 anos está velho, Mas Rogério Ceni, Zé Roberto, Ricardo Oliveira estão ai... E jogando bem. O próprio Fred, que foi muito criticado pela Copa do Mundo, e acabou a Copa e ele foi o jogador que mais fez gols no Brasil (sendo o artilheiro do Brasileirão-2014).
No entanto, Grafite, que acumula passagens, por exemplo, por São Paulo, Grêmio e Goiás, além de Wolfsburg (ALE) e Le Mans (FRA), cita o crescimento dos países sul-americanos como uma das justificativas para o jogador brasileiro ter perdido espaço nas principais ligas do futebol europeu. De acordo com Grafite, hoje o futebol brasileiro se equivale ao dos países vizinhos.
Como exemplo, na entrevista ao LANCE!, o atacante lembrou que foi o último brasileiro a ser artilheiro em um grande campeonato da Europa. Na temporada de 2008-09, ao lado de Josué, Dzeko e Barzagli, Grafite levou o Wolfsburg ao título da Bundesliga. Com 28 gols, foi o grande nome e o principal goleador daquele torneio.
– Hoje, o Brasil perdeu muito mercado para outros jogadores sul-americanos. Antigamente, os clubes vinham ao Brasil atrás de meia, de atacante. Hoje em dia não. Vão na Argentina, no Paraguai, na Colômbia, ondeos jogadores são mais baratos e também de qualidade. Para você ver, o último brasileiro que foi artilheiro em uma das grandes ligas europeias fui eu há seis anos atrás. Depois disso acho que não teve mais nenhum nas grandes ligas – contou ao L!.
Se considerarmos o Campeonato Inglês, o Campeonato Alemão e o Campeonato Espanhol, Grafite tem razão. Entre as três ligas que mais movimentam dinheiro no futebol europeu, nenhum jogador brazuca foi artilheiro depois dele em 2008-09. Na Itália, o panorama é o mesmo. Se levarmos em conta a Liga Francesa, em 2011-12, Nenê, ex-PSG e recém-apresentado no Vasco, dividiu a artilharia com Giroud, na época atacante do Montpellier: 21 gols para cada.