Dia 27/10/2015
22:08
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Arnaldo Tirone Filho, conhecido como Pituca no Palestra Itália, é filho do já falecido Arnaldo Tirone, diretor de futebol que montou a primeira Academia, nos anos 60.

Considerado até por conselheiros adversários como favorito na eleição desta quarta, Tirone representa a oposição, que tem como seu maior líder político o ex-presidente Mustafá Contursi, longe do poder desde 2005.

VÍDEO Conheça as propostas de Arnaldo Tirone para o Verdão

Tirone não esconde que terá no ex-mandatário um conselheiro importante. Mas diz que as decisões serão do presidente atual, caso eleito. O opositor falou em serenidade e dedicação total no trabalho nesta entrevista, em sua casa, no Jardim Europa.

L!: Por que Arnaldo Tirone está pronto para assumir o cargo?
Acho que o meu momento chegou. Essa minha candidatura vem sendo amadurecida faz alguns anos, pela minha história no Palmeiras. Minha vivência é desde pequeno, com meu pai, que foi diretor de futebol. Virei sócio com 5 anos, virei conselheiro em 1976, como diretor.

L!: Apesar da família, você nunca teve cargo no futebol.
A família Tirone no clube teve meu pai, Arnaldo, e meu tio, Antônio. O meu pai sempre foi ligado ao futebol. Ele montou a primeira Academia. Venderam Chinesinho para a Itália e montaram a primeira Academia com Ademir da Guia, Vavá, Servilho... Um grande time, que levou 11 títulos. Eu acompanhei muito futebol na época. Convivi com todos os grandes presidentes do Palmeiras desde pequeno.

L!: Como opositor, qual a sua análise da gestão Belluzzo?
Acho que Belluzzo começou muito bem no primeiro ano (2009). Foi bem até aquele episódio contra o Fluminense, um fato lamentável. Ele investiu muito, em grandes jogadores, técnicos renomados. Infelizmente não obteve grandes resultados para o Palmeiras. Mas é uma filosofia do presidente. Agora no fim do mandato é que vamos avaliar. A torcida é quem melhor pode avaliar. O problema hoje é financeiro, que temos de encarar com coragem. O Palmeiras é um clube viável. É preciso firmeza e coragem para se tomar decisões. Eu imagino o meu Palmeiras como um trem em cima dos trilhos. Mas espero que esse trem Maria Fumaça vire trem-bala (risos).
NR: Em novembro de 2009, em entrevista ao L!, Belluzzo detonou o árbitro Carlos Eugênio Simon após derrota para o Fluminense.

L!: Você faria os altos investimento que Belluzzo fez?
Eu sou mais gelado. Gosto de pensar muito. Sou a favor de um time forte, com algumas estrelas. O mais importante é o futebol, tem de ter um time competitivo.

L!: Felipão se incomodou com boatos vindos da oposição sobre possível redução dos seus salários. Você pensa nisso?
Seria algo meio forçado. Existe um contrato com Luiz Felipe Scolari, ele está trabalhando. Temos de manter. Vamos chegar com serenidade e ver o que está acontecendo. Conversei por duas horas com Felipão, junto com meu vice, Frizzo. Eu acho que a conversa foi muito boa e tenho confiança no trabalho do técnico.

L!: Como ter um time forte com os problemas financeiros atuais?
No começo, acho que as coisas vão se tornar difíceis. Se formos eleitos, vamos chegar para um negócio novo. Conheço o clube de cabo a rabo, sei como tem de agir. Mas em um primeiro momento iremos devagar. Quando organizar a casa, poderemos acelerar.

L!: O contrato com a Traffic acabou. Você vai buscar parceiros?
Temos de aceitar a Traffic, como outros parceiros. Eu pretendo continuar com a parceira com a Traffic e buscar outros parceiros. Estamos abertos aos bons empresários que queiram participar.

L!: Como organizar o futebol?
O futebol tem de ser profissional. Não existe amadorismo. Sem ganhar a eleição, não podemos fazer planos ainda. O primeiro passo é ganhar. Já tem um trabalho, feito para o Campeonato Paulista. Vamos manter isso, corrigir discrepâncias, com serenidade e pés no chão, com muita inteligência.

L!: E quem comandará o setor? Giuseppe Dioguardi, empresário de Kleber, foi cotado para isso?
Eu confio muito no trabalho do meu primeiro vice (Roberto Frizzo), ele poderia até ser presidente. Já existe uma equipe lá no departamento de futebol, tirando os diretores estatutários. Não temos nenhum nome. Pepe é um bom empresário, meu amigo. Cuida das questões de Kleber. Mas não teve nenhuma conversa sobre isso, não há nomes.

L!: Muita gente o associa a Mustafá, diz que ele mandará. Como ele vai participar?
O futuro presidente, seja qual for, tem de aproveitar a experiência das cabeças privilegiadas do clube, ex-presidentes. Vou ouvir todas as cabeças. Quem vai dirigir sou eu, mas me relaciono muito bem com Mustafá faz 40 anos. Mantenho bom relacionamento com todos. Mas cargos serão para meus vices e diretores.

L!: Belluzzo sofreu críticas por ir pouco ao clube. Como você irá conciliar sua vida profissional?
Eu gosto de acompanhar as coisas de perto. Trabalho muito, atendo celular direto. Mas gosto de ter a barriga no balcão, estar presente fisicamente. Não estou criticando Belluzzo, é um homem capacitado. A minha filosofia é outra. Tenho uma boa liberdade de horários. Trabalho de manhã, à tarde, à noite... Durmo pouco, quatro ou cinco horas por noite apenas. Vou dormir uma hora a menos (risos).

L!: E os atrasos de salários?
A maioria dos clubes investe mais do que pode. Sem caixa, você atrasa. O primeiro ponto é cortar despesas extras. A máquina do Palmeiras está inchada. São 700 funcionários. Eram 468 no começo de 2009. É desinchar.

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