A vela é o esporte que mais deu medalhas olímpicas ao Brasil (16), mas poucos sabem que seu primeiro grande herói não atendia por Torben Grael ou Robert Scheidt.Wolfgang Richter, de nome alemão e autointitulado brasileiro puríssimo, disputou em Londres-1948 a sua primeira Olimpíada.
Dominante no cenário nacional, Richter poderia ter sido o primeiro brasileiro laureado no esporte, não fosse uma malandragem inglesa. Para favorecer seus competidores, os anfitriões puseram no programa olímpico barcos da classe fire fly, desconhecido para Richter e todos os outros velejadores brasileiros.
- Aquele barco não existia aqui no Brasil. Como eu era muito leve, para competir com aquele pessoal era complicado - recordou ao LANCENET! Richter, de 85 anos, que se recupera de um AVC.
Nas competições disputadas em Torquay, a 270km de Londres, ele terminou o evento em 11º mas foi um dinamarquês que lavou a alma brasileira.
Paul Elvstrom desbancou os ingleses e conquistou o primeiro dos quatro ouros olímpicos que o tornariam uma lenda dos mares. Sem grandes destaques nas provas, o Brasil conquistou fãs em terra. Richter lembra que conquistou os locais com alguns "presentinhos".
- Levamos café, goiaba e queijo na viagem, e dávamos um ou outro para as pessoas hospedadas no hotel. Fazíamos amizade - afirmou.
Mário Simões, que era reserva do time nacional, arrumou outro jeito de ganhar a simpatia dos britânicos. Tinha na cabeça alguns versos e
poesias inglesas. O pessoal ficou pasmo.
- Eu sabia versos de John Milton e Rudyard Kipling, e ficava declamando - lembrou o ex-velejador, que prestava ajuda aos titulares do país.