Dia 27/10/2015
22:20
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Se há um clube que tem história na Copa do Brasil, com certeza essa instituição é o Grêmio, que estreia na edição deste ano da competição nesta quarta-feira, diante do River Plate (SE). O Tricolor foi o primeiro campeão do torneio, em 1989, e ainda é o maior vencedor, junto com o Cruzeiro, com quatro taças na sala de troféus. E se alguém poderia personificar tamanha adoração do Tricolor pelo certame nacional, essa pessoa é o ex-lateral esquerdo e zagueiro Roger Machado, o maior vencedor da competição, com quatro títulos.

Como ele mesmo diz, a história de Grêmio, Roger e Copa do Brasil se misturam. Impossível dissociá-las. O segundo (1994), o terceiro (1997) e o quarto (2001) título gremista na competição tiveram a participação do ex-jogador e hoje analista de desempenho e auxiliar técnico gremista. Ele ainda atingiu o posto de maior ganhador da competição ao levantar também a Copa do Brasil de 2007, no Fluminense. Na última conquista nacional do Tricolor gaúcho, em 2001, ele era o stopper pelo lado esquerdo no 3-5-2 montado por Tite.

- Não dá para traçar um paralelo com aquele grupo de 2001, mas assim como aquele Grêmio, esse grupo tem também foi formado no início do ano e tem a vontade de conquistar algo importante, para dar respaldo ao restante do ano e ficar marcado na história do clube – comparou Roger ao LANCENET!.

Roger viajou na última semana para Sergipe, onde acompanhou dois jogos do River. O auxiliar, no entanto, não quis adiantar ao LNET! as informações que passou para Vanderlei Luxemburgo nem as qualidades do rival, para não evidenciar a estratégia gremista.

- O cuidado é efetivamente com a qualidade do adversário. Não podemos levar para campo a trajetória apenas, independente de estarem disputando a Primeira ou a Segunda Divisão. Regionalmente são equipes que de certa forma têm destaque. Eles possuem um time entrosado. É basicamente se preocupar com a qualidade – declarou.

E qual seria o segredo para ter sucesso na competição que garante ao campeão uma vaga na Libertadores do ano seguinte? Segundo o ex-jogador, não há um único fator que venha a ser decisivo para que uma equipe vá longe na Copa do Brasil.

- Preparação jogo a jogo, decisão a decisão. Não pode ser diferente, a construção da história do Grêmio e minha se confundem, disputei muitas com o clube. Por vezes você imagina o jogo dentro de casa como decisivo, mas se fizer uma retrospectiva pessoal, das quatro Copas do Brasil que ganhei, apenas uma delas foi decidida em casa, a contra o Ceará (1994). As outras três foram no Rio de Janeiro (1997, contra o Flamengo), São Paulo (2001, diante do Corinthians) e Santa Catarina (2007, frente o Figueirense) - destacou o auxiliar técnico de Luxa, que completou:

- Acima de tudo é um resultado importante no primeiro jogo, independente do local desse jogo. O gol com peso dobrado é também importante.

Com as dicas de um verdadeiro especialista, os comandados de Vanderlei Luxemburgo podem ser considerados os grandes favoritos para garantirem ao Tricolor o título da Cpa do Brasil deste ano.

Roger e a Copa do Brasil

A primeira conquista de Roger no torneio veio em 1994. Ele participou de oito dos dez jogos do Tricolor na competição e esteve em campo na finalíssima diante do Ceará, no Olímpico. O Tricolor foi campeão de forma invicta. Foram seis vitórias e quatro empates.

Grêmio 1 x 0 Ceará – 10/8/1994 – Olímpico

Grêmio: Danrlei, Ayupe, Paulão, Agnaldo e Roger, Pingo, Jamir, Émerson e Carlos Miguel (Wallace), Fabinho e Nildo (Carlinhos) – Técnico: Luiz Felipe Scolari.

Em 1997, Roger ajudou o Grêmio a calar um Maracanã completamente lotado pela torcida do Flamengo. Roger atuou em cinco jogos na campanha do bicampeonato tricolor, que novamente levantou a taça sem sofrer uma derrota sequer. Foram cinco vitórias e cinco empates.

Flamengo 2 x 2 Grêmio – 22/5/1997 – Maracanã

Grêmio: Danrlei, Arce, Rivarola (Luciano), Mauro Galvão e Roger; Otacílio, João Antônio, Émerson e Carlos Miguel; Paulo Nunes (Djair) e Rodrigo Gral (Marcos Paulo) – Técnico: Evaristo de Macedo.

Atuando como zagueiro pela esquerda, no 3-5-2 de Tite, Roger conquistou a Copa do Brasil pela terceira vez em sua carreira diante do Corinthians, em pleno Pacaembu. Ele atuou em sete dos 12 jogos do Tricolor no torneio.

Corinthians 1 x 3 Grêmio – 17/6/2001 – Pacaembu

Grêmio: Danrlei, Marinho, Mauro Galvão (Alex Xavier) e Roger; Ânderson Lima (Itaqui); Ânderson Polga, Tinga, Zinho e Rubens Cardoso; Marcelinho Paraíba e Luís Mário (Fábio Baiano) – Técnico: Tite.

O quarto e último título de Roger na Copa do Brasil viria com outro tricolor, o carioca. Foram cinco partidas de Roger e um gol: o do título. Foi de Roger o tento que garantiu ao Fluminense a conquista da sua primeira Copa do Brasil.

Figueirense 0 x 1 Fluminense – 6/6/2007 – Orlando Scarpelli

Fluminense: Fernando Henrique, Carlinhos, Thiago Silva, Roger e Júnior César; Fabinho, Arouca, Cícero e Carlos Alberto (Thiago Neves); Alex Dias (Rafael Moura) e Adriano Magrão (David) – Técnico: Renato Gaúcho.

BATE-BOLA
Roger Machado
Ex-lateral-esquerdo/zagueiro do Grêmio ao LANCENET!

É bom jogar por um time com "camisa", com bagagem na competição, como o Grêmio, diante de equipe sem tradição ou até mesmo contra adversários "grandes".

Essa competição proporciona algo grande aos clubes com muita história e aos outros com ambição de disputá-la, entrar em uma competição que abrange o país, que abrange o país, o que a torna mais difícil. Cada jogo passa a ter as suas peculiariedades. As equipes menores entram motivadas, já que é o jogo do ano para elas. Já os times grandes entram com a tradição e tentam mantê-la e chegar às fases decisivas.

Ambiente de Copa do Brasil é diferente?

Não que seja diferente, é um ambiente particular da Copa do Brasil, mas não necessariamente diferente. É uma competição se caracteriza por ter uma intensidade e concentração muito maior do que o Brasileirão. Copa do Brasil é eliminatória, acaba sendo necessário isso.

Como se prepara o grupo para que o mesmo esteja 100% concentrado na Copa do Brasil?

A necessidade de concentração e intensidade já está intrínseca na fórmula da competição, e por isso que o Grêmio tem sucesso. Mas é reforçada no dia a dia, no treinamento, na aproximação, na conversa individual, nos contatos com os jogadores. Tudo isso cria um ambiente diferente.

Como fica a cabeça do jogador com a possibilidade de eliminar o segundo jogo com uma vitória elástica?

Não acaba se levando isso para dentro de campo. O atleta se concentra basicamente em um ma vitória naquele jogo. Se for suficiente para que aconteça a desclassificação do adversário é muito bom. Mas não se pode entrar imaginando em fazer um escore elástico.

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