Dia 01/03/2016
01:10
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O sonho de voltar a dar a volta olímpica fez Crístian Riveros e Grêmio se encontrarem. Depois de dois anos "disputando no máximo uma vaga na Liga dos Campeões" pelo Kayserispor, o volante paraguaio chegou ao Brasil, para tentar ajudar o Imortal a sair da fila em um campeonato tão competitivo. Três meses após sua estreia, Riveros tem a realidade de ser um dos pilares do trio de volantes de Renato Portaluppi. O cotidiano de Grêmio, de Renato e de Bitecos, de trio de zaga e trio de volantes, é a tônica desta entrevista exclusiva do volante ao LANCE!Net.

Riveros também comenta sobre comparações com Fernando e suas experiências – na Turquia e em duas Copas do Mundo. Titular absoluto de Renato, que barrou Zé Roberto e Elano para deixar o meio-campo formado com o paraguaio, mais Ramiro e Souza, o volante revela que nunca tinha jogado em um esquema com três zagueiros até trabalhar com o ídolo gremista. Contra o Vitória, foi quem mais finalizou e apareceu como elemento-surpresa em no mínimo três lances.

Como vem sendo a adaptação a Porto Alegre?
Na verdade, estou muito contente. Joguei muito tempo fora da América do Sul, estava muito distante da família, e vim para uma região que, além de ser bem próxima ao Paraguai de avião, é muito parecida com o meu país. Tem o chimarrão, por exemplo...

E por que a opção de jogar no Brasil?
Sempre gostei muito do povo brasileiro, e, além de ver muitos jogadores que estavam na Europa se transferindo para o Brasil, gosto do futebol competitivo daqui. Ao contrário de outros lugares, temos muitos times brigando por título, e o Grêmio está sempre entre eles.

Você já estreou no Grêmio sob o comando de Renato Portaluppi. Como é a relação dele com os jogadores?
O Renato passa muita confiança para nós. O planejamento é feito jogo a jogo, e acredito que estamos em um caminho correto. O grupo está muito unido.

O elenco gremista traz muitos jogadores jovens, especialmente no meio-de-campo. Você costuma passar sua experiência no futebol europeu e na seleção paraguaia para eles?
Realmente, temos o Ramiro, o Souza e os dois Bitecos (Matheus e Guilherme Biteco) que são muito jovens, que quando têm entrado, estão indo bem. A gente, com mais experiência, tenta ao máximo dar exemplo de profissionalismo.

E o que está achando do esquema com três zagueiros e três volantes, armado por Renato Portaluppi em alguns jogos? Já havia atuado desta forma em alguma partida?
Não, não, nunca tinha jogado desta maneira. Acho que o fato do esquema ser defensivo ou ofensivo depende dos resultados. Nós atuamos assim, e deu certo, porque o Renato é muito inteligente.

Qual a importância de ter o Zé Roberto no elenco?
É o capitão da equipe, uma referência, ao lado do Barcos. O Zé Roberto tem muita cabeça, muita dedicação nos treinos, e joga como um garoto de 20 anos.

Você chegou ao Grêmio pouco depois da saída de Fernando, ídolo criado no clube e da Seleção Brasileira. Foi complicado lidar com comparações da torcida e da imprensa?
Não, na verdade ele estava atuando como primeiro volante, e eu entrei para atuar mais como segundo, embora possa atuar nas duas funções. Fernando tecnicamente é um grande jogador, não é à toa que foi para a Europa.

Falando na Europa, como foram os dois anos na Turquia?
Foram muito bons. O problema é que, no futebol turco, apenas duas equipes disputam título - Fenerbahçe e Galatassaray. O Kayserispor disputa no máximo uma vaga pela Champions League ou pela Liga Europa. Tanto que meu melhor ano lá foi o último, no qual ficamos a um ponto de entrar na Liga Europa.

Ao chegar ao Brasil, sentiu muito a diferença para o calendário europeu?
Sim, o calendário aqui é muito mais apertado. São 38 partidas de Brasileiro que têm de ser jogadas até dezembro, enquanto na Turquia, vai até maio do ano que vem. E no Brasil, ainda tem times que disputam Libertadores, Sul-Americano e Copa do Brasil junto com o Brasileiro.


Falando sobre sua trajetória na seleção paraguaia, como foi disputar as Copas do Mundo de 2006 e 2010?
Foi maravilhoso! É especial para qualquer jogador. Em 2006, tínhamos um grande grupo, com Gamarra, Cardozo. Mas foi 2010 a que mais disputei e tive grandes momentos. Fomos até as quartas-de-final, perdemos apenas para a Espanha, que se tornou campeã do mundo. Será uma pena eu não disputar a do Brasil.

A que você atribui a má campanha do Paraguai nas Eliminatórias da Copa do Mundo?
Não sei como explicar. Penso que estão aparecendo jogadores novos, e a seleção está se adaptando a isto. Além disto, houve troca de técnico neste período. Acho que só agora temos um grupo mesclado que está funcionando.

Quais são seus projetos para depois de encerrar a carreira?
Confesso que ainda não pensei nisto. Tenho dois anos de contrato no Grêmio, no momento estou pensando apenas nisto. Vou deixar os anos se prosseguirem, e depois penso.

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