Dia 21/10/2015
18:15
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O cálculo de Peter Kampfer é simples. Diretor do hotel que hospedou a Seleção Brasileira em Weggis, em 2006, antes da Copa da Alemanha, projetou um gasto de um milhão de francos suíços (R$ 2,1 milhões) para divulgar mundialmente a pequena vila e a região de Lucerna, na qual está inserida. Conta feita em vão, afinal valor próximo a esse foi investido por empresários para usar o time nacional como chamariz. Estratégia certeira que é ainda é comemorada pelos suíços quase sete anos depois.

Só entre 2007 e 2008, o movimentou no Park Weggis aumentou 10%. O quadro de funcionários passou de cem para 120 e um novo prédio que abriga uma piscina foi construído. A diária mais barata até o fim março custará R$ 840. Nos últimos anos, o local recebeu delegações de time do Oriente Médio e até a equipe de remo da China.

Como recordação, Kampfer tem uma camisa que está com a etiqueta e autógrafo de alguns jogadores, entre eles o de Ronaldinho.
– Ele conversava em francês comigo. Sempre muito tranquilo. Só ficava rindo – lembrou.

A pequena Weggis, por sua vez, herdou a estrutura da Thermoplan Arena, mas jamais foi anfitriã de outra delegação de astros. Responsável pela construção do local, a Thermoplan, que investiu R$ 3,1 milhões, passou a administração do campo para o governo local.

A arquibancada improvisada para seis mil pessoas já não existe e o campo afundou de um dos lados. O Weggiser SC, time local que disputa só torneios regionais, realiza treinamentos no campo, que ainda exibe, ao fundo, um pôster fixado com o time do Brasil.

Distante de Genebra, Weggis, desta vez, não mudará a rotina por causa da Seleção no país. O ano de 2006, porém, segue marcado literalmente sob a bandeira do Brasil em um monumento decorativo em uma das ruas da vila.

ACORDO CONTRA VAZAMENTO

As incursões noturnas de alguns jogadores do Brasil a Lucerna, na época, não são confirmadas pelo diretor Peter Kampfer. Apesar do sorriso maroto quando questionado, ele revelou que ainda cumpre o compromisso acertado entre ele e os funcionários.

Alguns dias antes da chegada da delegação brasileira, Kampfer reuniu os 40 funcionários que ficariam exclusivamente a cargo do grupo e fez com que cada um assinasse um contrato no qual eles garantiam o não vazamento de informações e que não se aproximariam dos jogadores com outros interesses, como por exemplo, solicitar foto.

Parte do trato, entretanto, não foi cumprido pelos suíços com aval do próprio diretor depois de pedidos dos próprios jogadores.

– Alguns dias depois de chegaram, alguns jogadores me perguntaram se havia algum problema. Falaram que ninguém chegou perto para pedir autógrafo e foto. Então, expliquei sobre o contrato, mas disseram que isso não teria problema – contou Peter Kampfer.

EMPRESA APROVEITOU OCASIÃO PARA FAZER NEGÓCIO DO STARBUCKS

A aproximação entre Brasil e Suíça no período que antecedeu o Mundial da Alemanha de 2006 também serviu como ponte para que a Thermoplan, fornecedora da máquina de café da rede mundial Starbucks, intermediasse a primeira filial da companhia americana em São Paulo.

As negociações começaram justamente no período em que o time brasileiro esteve na cidade e só terminaram no fim do ano, quando foi inaugurado na capital paulista o primeiro Starbucks.

Na época em que a empresa suíça concluiu as obras do campo e arquibancada do centro usado pela Seleção para os treinamentos, o grupo estava construindo o prédio que hoje abriga a sede da Thermoplan. A obra custou cerca de cinco milhões de francos suíços (R$ 10, 5 milhões).

Ainda em fase de construção em 2006, o que hoje é o terceiro andar da empresa servia como área vip para os convidados especiais, segundo informou o diretor do grupo, Sven Schilliger.

CASO WEGGIS

Início
Weggis, cidade de quatro mil habitantes localizada a cerca de 20 minutos de Lucerna, foi escolhida pela Seleção Brasileira para a preparação antes da Copa do Mundo. A delegação ficou duas semanas no local com os custos bancados por um empresário da região, cujo investimento foi próximo de US$ 1,2 milhão (R$ 2,52 milhões), na época, para ter a Seleção. Outra empresa, a Thermoplan, bancou a construção de um campo e arquibancada, que custaram 1,5 milhão de francos suíços (R$ 3,1 milhões)

Badalação
Em média, mais de sete mil pessoas estavam comparecendo ao local para acompanhar as atividades do Brasil em Weggis, com registro de 20 mil torcedores em um determinado dia.

Indisciplina
A direção do hotel esquiva-se sobre o assunto, mas alguns jogadores fizeram incursões noturnas em Lucerna, chegando ao hotel da concentração durante a madrugada.

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