Se o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) teve algo a lamentar em meio à campanha histórica do país Jogos Parapan-Americanos de Toronto (CAN) foi a exibição limitada dos esportes na televisão. Apenas quatro modalidades tiveram partidas transmitidas ao mundo: natação, atletismo, basquete em cadeira de rodas e rúgbi.
O motivo foi a falta de estrutura disponibilizada pelo Comitê Organizador do evento. Esportes coletivos considerados de forte apelo, como futebol de cinco (para cegos), futebol de sete (para atletas com paralisia cerebral) e vôlei sentado, demandariam investimento em equipamentos técnicos para atender às necessidades das televisões.
As escolhas não foram por acaso. Os organizadores privilegiaram esportes de sucesso em seu país e com chances elevadas de obter medalhas. Embora outros comitês paralímpicos tenham pressionado para que mais modalidades entrassem no programa, os canadenses, por meio da rede estatal CBC, se recusaram a arcar com os custos. Eles teriam de ser bancados pelo Brasil, que não aceitou os valores propostos.
Por outro lado, os anfitriões argumentam que esta foi a edição com mais esportes transmitidos em Parapan-Americanos, superando Guadalajara (MEX), em 2011, quando apenas três estiveram nas telas. A CBC era a responsável por gerar as imagens aos detentores dos direitos de transmissão do evento.
– Discutimos esse assunto há três anos. Houve, no meu entender, falha no planejamento. Não entenderam o patamar do esporte paralímpico nas Américas. Muita gente dá pancada nas mídias sociais por causa da falta de transmissão. Mas não foi culpa das nossas emissoras – disse o presidente do CPB, Andrew Parsons.
O LANCE! apurou que a questão da visibilidade na televisão vai entrar na agenda de prioridades do Comitê no planejamento para o Parapan de Lima, em 2019. Uma maior pressão nesse sentido deve acontecer para que a situação não se repita.
Já no que diz respeito à divulgação dos Jogos, Parsons acredita que poderia ter sido feito um esforço maior da cidade para que arenas afastadas do centro de Toronto atraíssem as populações mais próximas. Mas as longas distâncias não são vistas como um problema. Pelo contrário, fazem parte de uma tendência.
– Fazer uma concentração de instalações novas gastando um dinheiro absurdo pela comodidade não vai existir mais. Haverá agora locais distantes, separados, pensando no legado para a cidade – disse Parsons.
BATE-BOLA
Andrew Parsons, presidente do CPB
‘Não esperem um caminhão de medalhas no Rio’
O que o resultado em Toronto indica para os Jogos Rio-2016?
A projeção depende de cada modalidade. Não dá para achar que esse caminhão de medalhas de Toronto vai se repetir na Rio-2016. O Parapan é apenas um bom indicativo. Dá para tirar muito. Só não é possível fazer “control c control v” e achar que o resultado vai se repetir no Rio.
O que mudou em relação ao Parapan de Guadalajara, em 2011?
Houve uma renovação muito grande. Temos nomes experientes, mas muitos se consolidando. Há uma renovação. Existe a preocupação na natação de vivermos para sempre do Daniel Dias e do André Brasil, mas já temos uma geração forte para 2020. Nenhum esporte andou para trás.
O fato de o esporte paralímpico ter melhores resultados que o olímpico cria uma saia justa?
Se a delegação olímpica vai bem, melhora toda a agenda do esporte nacional. Não competimos com o COB (Comitê Olímpico do Brasil), mas com os outros comitês paralímpicos.
* O repórter viaja a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB)