Panela velha é que faz comida boa. Nesta edição do Brasileirão, o dito popular está sendo comprovado pelo centroavante William. Com passagens apagadas por grandes clubes do país, o atacante de 30 anos vive, em sua segunda oportunidade na Ponte Preta, o melhor momento da carreira. Artilheiro isolado da Série A, com nove gols, o veterano mostra que jogadores de futebol podem en-
velhecer tão bem quanto vinho.
Letal no jogo aéreo e sempre bem posicionado dentro da grande área, William tem sido um pesadelo para os zagueiros adversários.
– Com o passar do tempo, você corta atalhos, não entra tão afoito, procura se comunicar mais. A experiência faz você ter mais calma para jogar – revelou, ao LANCE!Net, o atacante, que soma 24 gols em 2013.
Peça fundamental no esquema de Paulo César Carpegiani, William, que já passou por Santos e Grêmio, entre outros, tem uma equipe inteira
para lhe dar suporte.
– O time não joga em função dele, mas joga para ele. Ele está sempre presente para matar a jogada. Os outros jogadores criam, e ele mata – disse o técnico.
Identificado com o clube de Campinas, o atacante chegou a recusar uma proposta do futebol chinês, durante a pausa para a Copa das Confederações, para cumprir seu compromisso com a Macaca.
Maior ídolo recente
As atuações de William fizeram com que o presidente da Ponte Preta, Marcio Della Volpe, o colocasse entre os maiores ídolos do time.
– O William é um ídolo da torcida. Um jogador fantástico dentro e fora de campo. Líder entre os atletas. É o mais efetivo desde o Washington “Coração Valente”. Ambos estão no mesmo patamar – disse, ao L!Net.
BATE-BOLA
William
Atacante da Ponte Preta, em entrevista exclusiva ao LANCE!Net
A meta no início do ano era de 30 gols. Já aumentou?
Logicamente que, quanto mais gols fizer, melhor. Quero conquistar sempre mais!
A equipe joga para você?
O nosso time joga mais em função dos pontas, e eles automaticamente buscam um atacante, o homem que sabe fazer gol.
Você tinha a expectativa de viver uma temporada como esta?
Sempre fui dedicado no que faço. Em todos os clubes, eu tive isso, de me doar, ter algo a mais, poder dar 100% e até mais. Então eu tinha essa convicção de que algo bom ia acontecer, e têm acontecido muito além do que eu pedi.
COM A PALAVRA
Roberto Assaf
Colunista do Lance!
Não é comum brilhar a partir dos 30 anos
Não é muito comum no Brasil o craque brilhar
efetivamente dos 30 anos de idade em diante. Nilton Santos, a Enciclopédia, só começou a jogar como profissional em 1948, com 23, no Botafogo. Foi bicampeão mundial com 33 e 37 anos. Os melhores exemplos são os de Lico e Assis, que já chegaram trintões respectivamente ao Flamengo, em 1981, e ao Fluminense, em 1983. Lico passara por cinco clubes. Assis por sete. Conquistaram muitos títulos e se tornaram ídolos. Quem sabe William não engrossará essa lista seleta?
QUEM MAIS SÓ BRILHOU DEPOIS DE VETERANO?
Paulo Baier
O meia do Atlético-PR tem 38 anos. É o maior artilheiro da história dos pontos corridos no Brasil
Dimba
Estourou no Gama, e após ótima temporada no Goiás, aos 30, foi comprado pelo Flamengo
Assis
Formou o Casal 20 com Washington no Flu. Campeão Brasileiro em 1984 (com 32 anos)
Lico
Campeão do Mundo com o Flamengo, o ídolo chegou ao clube em 1980, com 29 anos