Libertados do controle do tráfico, moradores das favelas Cantagalo e Pavão-Pavãozinho agora orgulham-se de outro feito. De lá, do alto do morro encravado entre Copacabana e Ipanema, saíram os jogadores do único time da Superliga de Futsal do Rio vindo de uma comunidade.
No primeiro semestre, o Cantagalo, nome do time, disputou as categorias sub-15 e sub-17. No campeonato da segunda metade do ano, previsto para começar em setembro, a intenção é jogar com quatro equipes (sub-11, sub-13, sub-15 e sub-17). O problema é a falta de dinheiro. A inscrição de cada time custa R$ 2,1 mil. Sem patrocínio, está difícil conseguir a grana. Por isso, atualmente os garotos treinam sem a certeza de que jogarão.
Disputar o torneio do início do ano já foi uma iniciativa de coragem. O time tem uma estrutura modestíssima em comparação às outra equipes da Liga. A quadra na qual treinam é emprestada pelo projeto Criança Esperança. Mas não é possível disputar partidas oficiais porque não há infraestrutura exigida pela Federação. O jeito foi levar os jogos em casa para quadras emprestadas.
Os uniformes foram doados pelo comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), o capitão Leonardo Nogueira. Nos treinos, sequer há coletes. A tática para separar os jogadores segue o velho estilo peladeiro: com camisas de um lado, sem camisas do outro.
- Fizemos tudo na raça. Os outros times chegam com preparador físico, enfermeiro, massagista. Nós vamos como dá - conta David Aguiar Cabral, técnico voluntário.
Para os garotos, disputar a primeira Liga foi a chance de conhecer um mundo fora das duas favelas. O primeiro jogo fora foi em Teresópolis, na Região Serrana, um passeio inédito para a maioria.
- O visual da Serra é sensacional. Parecia que nós estávamos andando no meio das nuvens - conta o goleiro Hebert Oliveira, 13 anos.
Nas ruas dos dois morros, pais andam orgulhosos. Sonham com a possibilidade dos filhos virarem jogadores. Para os meninos, participar dos torneios já é uma medalha.
Dia 27/10/2015 22:05