Considerada o 'topo da pirâmide' do futebol brasileiro, a Seleção tem sido questionada após os seguidos insucessos em competições oficiais desde 2014. Nesta terça, em entrevista ao programa "Bola da Vez", da ESPN Brasil, o coordenador de seleções da CBF, Gilmar Rinaldi, admitiu que os problemas estruturais do futebol nacional são graves e que influenciam no rendimento da seleção Canarinho.
- Ano que vem, vamos fazer estudo no Rio. Gente do mundo todo vai vir para a gente entender aonde (em que área) atacar. O Governo vai ser convidado. Temos problemas estruturais que são graves. Virou moda aqui, escolas do Barcelona, Milan... eles estão captando meninos de oito, nove anos... O futebol tem que mudar em muitas áreas, na nossa seleção, clubes, Governo, sistema de educação. Porquê de que nossas crianças não têm mais coordenação? Porque não tem mais educação física obrigatória (nas escolas). Esses são os problemas, e a Seleção é a pirâmide. Nosso problema é muito sério, reconheço. Nossos treinadores estão começando a entender. Nós, da CBF, temos que preparar pessoas que comecem a fazer isso - ressaltou Gilmar.
Rinaldi revelou que realizou viagem à Alemanha - país que venceu a última Copa do Mundo e goleou o Brasil por 7 a 1 - para 'entender' o processo de formação de jogadores e o trabalho feito pelos profissionais de base alemães.
- Para entender o que estava acontecendo, fomos à Alemanha. Tivemos um papo com Oliver Bierhoff, para entender. Fomos no Borussia Dortmund, estivemos com o (Jürgen) Klopp, fomos entender. Estivemos com o coordenador da base do Borussia, que tem muito trabalho, porque todo ano o Borussia vende. Como é feita a formação: Na Alemanha, ao contrário do que se pensa, a formação é feita por clubes, mas também pelo governo, que atua diretamente. Eles usaram a Federação Alemã como uma ferramenta para o cobrar o clube. Os benefícios ao clube acontecem contanto que se cumpram as obrigações - afirmou o coordenador.
Focado na base, Gilmar entende que é necessário qualificar formadores de atletas no Brasil;
- Nós temos que buscar ferramentas para qualificar formadores. Gente treinada para formar jogadores de 10, 12, 20 anos... A CBF está fazendo um curso (de treinadores). Eu disse: "quero uma reunião". Me explicaram (como funcionava). Fui perguntar para ex-jogadores, técnicos, abordei eles e disse: "Quero saber tudo o que posso fazer com a CBF para qualificar o curso. salientou e analisou o cenário que encontrou nas categorias de base ao chegar na CBF.
- A base tinha uma estrutura, de dois anos, montada pelo Galo. Cheguei identifiquei, conversei, perguntei, e vi que não era o que eu queria... Levei ao presidente (Del Nero) e disse: "Nós temos que interferir nesse setor fortemente." Quando ele entendeu, me deu carta branca - encerrou.