Dia 27/10/2015
22:43
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Se dentro do Engenhão o clima era de festa por conta da grande exibição do Botafogo contra o Ceará, na vitória por 4 a 0 nesta quarta-feira, do lado de fora o ambiente não era dos mais tranquilos. De acordo com a Polícia Militar, cerca de três mil torcedores tentaram invadir o estádio, o que acabou gerando muito tumulto

O tenente-coronel Fiorentini, responsável pelo Grupamento Especial de Policiamento nos Estádios (Gepe), declarou que poderia acontecer uma tragédia, caso os portões fossem liberados.

- Alguns integrantes da torcida queriam entrar, sem ingressos do jogo. Se autorizássemos todos a entrarem, poderia haver uma tragédia. Ficamos em situação de diálogo até o intervalo do jogo. Mas, em alguns pontos na entrada da ala oeste e da ala sul, foi preciso usar a força já que houve tentativa de invasão ao estádio - afirmou Fiorentini.

Torcedor registra o tumulto do lado de fora do Engenhão



SAT: Presenciou a confusão no Engenhão? Denuncie aqui!

Com a carga de 36.995 ingressos esgotada, criou-se uma expectativa de que os portões pudessem ser liberados. Por isso, muitos torcedores se dirigiram ao Engenhão, mesmo sem a entrada garantida. Em reunião realizada no início da semana entre a segurança do estádio e representantes do Botafogo ficou decidido que, se houvesse muita procura, metade do setor sul, destinado à torcida do Ceará, seria aberto aos alvinegros.

Às 12h30 do dia do jogo, a PM decidiu que a carga extra de três mil bilhetes seriam vendidos. Uma hora antes do jogo, todos eles já haviam sido adquiridos.

- O Botafogo disponibilizou todas os ingressos, com exceção aos do Ceará. Se a torcida comparecesse em massa, como aconteceu, abriríamos metade da ala sul. E estes ingressos acabaram sendo vendidos. Depois, não haveria como entrar devido à capacidade do estádio - disse o tenente-coronel.

Na visão do oficial, não houve falha no planejamento de segurança. Cerca de 400 policiais fizeram parte do evento, o que é classificado pelo PM como "categoria A", demanda para jogos considerados de grande apelo, praticamente o mesmo utilizado em dias de clássicos, cujo efetivo aumenta em cem homens de unidades de outros batalhões.

O problema, de acordo com ele, é o fato de o Engenhão dispor de uma capacidade de público bem inferior à do Maracanã. Com isso, em partidas de grande porte, a procura acaba sendo bem maior que o estádio comporta.

- As pessoas estavam acostumadas com o Maracanã, um estádio com bem mais lugares. No Engenhão, há essa limitação. Portanto, é preciso haver uma conscientização dos torcedores. Não há a possibilidade de entrar no estádio sem ingressos - avisou Fiorentini.

O saldo da confusão, de acordo com o Gepe, foi de três detenções. Dois cambistas e um torcedor, acusado de desacato à autoridade, foram levados ao Jecrim (Juizado Especial Criminal), que atua dentro dos estádios. Uma reunião está programada para a próxima terça-feira, quando será elaborado o planejamento para o clássico entre Botafogo e Flamengo, dia 18.

Apesar do ocorrido no Feriado da Independência, a PM sustenta que não há a necessidade de disponibilizar um efetivo além do que é feito em clássicos. Em jogos assim, cerca de 500 policiais fazem parte da segurança no entorno do Engenhão.

- Não entendo que houve problema de efetivo. Se eu tivesse mais policiais, eu teria problema por conta da falta de ingressos. Tem que ser passado ao torcedor que não há necessidade de os portões serem abertos. Não podemos selecionar 30, 40 pessoas no meio de uma multidão para entrarem no estádio, mesmo com alguns pontos vazios. Entendo que o torcedor é movido pela emoção, mas falta um pouco de bom senso que, em um determinado momento, os ingressos acabam - finalizou.

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