Dia 27/10/2015
22:19
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O atacante Jobson está em Lausanne, na Suíça, para participar nesta terça-feira, a partir das 4h (horário de Brasília) de uma audiência na Corte Arbitral do Esporte (CAS), que determinará se ele será ou não absolvido por conta do uso de doping. Caso seja punido, Jobson pode ficar um ano e meio longe dos gramados.

– Já fui perdoado na Justiça de Deus, agora espero que seja perdoado na Justiça dos homens – comentou o jogador, que já cumpriu seis meses de suspensão em 2010 pelo uso de cocaína.

Se a decisão da Corte não for favorável a Jobson, ele terá de voltar para o Botafogo, dono dos direitos econômicos do atleta de 23 anos.

– Tem uma cláusula que diz que ele deixa o Bahia se for suspenso, sem qualquer compensação financeira para os dois lados. O Bahia apenas deixaria de pagar o salário – confirma Paulo Angioni, gestor de futebol tricolor.

Jobson viajou à Europa no domingo, um dia depois de ter marcado o gol da vitória do Bahia sobre o Fluminense, no Rio. Ele foi acompanhado dos advogados Carlos Portinho e Bichara Neto.

– Vamos argumentar que se ele for afastado de suas atividades, corre o risco de voltar ao vício e isso não vai de acordo com os valores do esporte – afirmou Bichara Neto.

O atacante retorna ao Brasil nesta quarta-feira. Jobson e o Bahia terão de esperar até 60 dias para saber o ve-redito da Corte. Até lá, o jogador poderá atuar normalmente pelo Brasileirão-2011.

Apoio tricolor

O elenco do Bahia formou uma corrente na torcida por Jobson, para que o camisa 11 continue ajudando o Tricolor.

– Espero que entendam que o Jobson precisa continuar jogando para ser feliz, fazendo a alegria de muita gente – disse o capitão Tite.

– Acho que ele já pagou pelo que fez e está sendo monitorado, acompanhado por todos nós. Torço para que ele continue conosco, pois é um ser humano maravilhoso e um jogador diferenciado – afirmou o técnico René Simões.

Botafogo financia viagem

Vinculado ao Botafogo até 2015, Jobson é assunto vivo dentro do clube, apesar de emprestado ao Bahia. De olho no julgamento de hoje, o Glorioso ajudou a financiar a viagem do jogador para a Suíça, além de dar todo suporte jurídico e psicológico ao atleta de 23 anos.

Desde a sessão feita pela Segunda Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, em janeiro de 2010, o Botafogo tem defendido Jobson em todas as instâncias. Por sua vez, o atleta mostra gratidão ao clube e já agradeceu por isso em diversas vezes.

Ao deixar o Atlético Mineiro, em março, Jobson chegou a pedir para a diretoria do Botafogo uma nova chance em General Severiano. A cúpula de futebol rejeitou o apelo, mas prometeu escutar o jogador ao fim da temporada se ele mostrar maturidade fora dos campos.

Mesmo distante, Jobson recebe constantes telefonemas de integrantes do Botafogo, como jogadores e membros da diretoria, todos solidários pela volta por cima. Até mesmo líderes do atual elenco mantém contato com o atacante e torcem por dias melhores.

LANCE! Responde

Se Jobson já cumpriu seis meses de pena, por qual motivo o caso foi parar na Corte Arbitral do Esporte?
- A Agência Mundial Antidoping (Wada) não ficou satisfeita com a “aliviada” dada pelo STJD a Jobson. A pena caiu de dois anos para seis meses e a Wada pediu novo julgamento na Corte do Esporte.

Como funciona o julgamento?
- Três juristas avaliam. Um indicado pela Wada, outro pela defesa de Jobson e o presidente do painel, o alemão Christoph Vedder.

Ele ainda pode recorrer?
- Não. Este é o capítulo final do caso. Depois dessa audiência, não há mais o que ser feito, tanto por parte da defesa, quanto da promotoria.

Já houve caso semelhante?
- A situação de Jobson parece com o que passou o também atacante Dodô, hoje no Americana.

Quais as possibilidades de futuro para Jobson?
- Se condenado, volta para o Botafogo. Se absolvido, continua emprestado ao Bahia.


Com a palavra
Marcos Motta, um dos advogados responsáveis pela defesa de Jobson

CAS é sempre severo nos casos de doping

Não é possível fazer qualquer prognóstico sobre a avaliação que o Conselho Arbitral do Esporte (CAS) fará sobre o caso Jobson. O tribunal é muito severo nas questões relacionadas a doping. Causas assim são sempre as mais difíceis de fazer a defesa. É uma situação totalmente imprevisível.
Com relação à intervenção da Wada nesse situação, ela é completamente legítima. Como instância máxima na questão do doping, a Wada analisa todas as decisões tomadas no mundo. Ela considerou que não houve fundamentação adequada no caso Jobson e pediu novo julgamento. A decisão pode sair em até 60 dias, mas esperamos que em 30 ou 45 dias já tenhamos resposta.

Caso Jobson

8/11/2009
Após a vitória do Botafogo por 2 a 0 sobre o Coritiba pelo Brasileirão, Jobson passa pelo exame antidoping, que flagra o uso de cocaína. Um mês depois, o exame seria refeito contra o Palmeiras, com o mesmo resultado. Jobson chega a acertar com o Cruzeiro após o termino do Campeonato Brasileiro, mas o negócio acaba melando devido ao doping.

19/1/2010
Em julgamento no STJD, Jobson confessa o uso de crack e não de cocaína, como havia revelado o exame. Correndo risco de ser banido do esporte, o atacante acaba sendo punido por dois anos.

29/4/2010
O STJD decide em última instância pela redução da pena para seis meses. Assim, Jobson é liberado para jogar em julho. A reestreia ocorre na derrota do Bota para o Flamengo, por 1 a 0.

4/1/2011
A Agência Mundial Antidoping (Wada) solicita à Fifa a reabertura do processo contra o jogador, agora no Atlético-MG. A entidade se diz insatisfeita com a redução da pena dada pela Justiça brasileira e pede um novo julgamento, desta vez na Corte Arbitral do Esporte, na Suíça. Em caso de condenação, o atacante pode ficar até um ano e meio afastado do futebol.

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