Achar a casa de seu Eli, ou Eli Tricolor (como gosta de ser chamado), em Senador Camará, Zona Oeste do Rio, não é difícil. Fanático por Fred e pelo Fluminense, na fachada existem dois escudos, um com o nome dele e outro com 'Fredgol' escrito abaixo. No meio, uma bandeira tricolor.
Eli Tricolor é cadeirante – perdeu parte das duas pernas em 2007 por causa da diabetes – o que não o impede de frequentar as Laranjeiras. Foi durante uma dessas visitas que conheceu Fred e dali nasceu uma relação de amizade e admiração recíproca. Sempre que fala no artilheiro e amigo, Eli Tricolor se emociona e os olhos chegam a ficar marejados.
– Eu era um cara ativo até perder a perna. As três coisas que mais amo na vida começam com F: Fluminense, Família e Fred. Ele entrou na minha vida para não sair mais, devolveu minha autoestima. É um sacrifício ir a Laranjeiras, mas me faz bem, eu gosto – disse 'tio Eli', como é chamado pelo artilheiro, que também exalta a força que recebe do torcedor, atualmente um amigo pessoal:
– Até quando não vou muito bem ele me dá uma moralzinha. Os gestos simples, um abraço, um beijo, uma mensagem, mexem bastante comigo – disse o camisa 9.
A família de Eli também exalta Fred. Para dona Gilsa, mulher do torcedor, o atacante tricolor mudou a vida dele para melhor.
– O Fred é um menino muito do bem e atencioso. Ele mudou a vida do Eli – afirmou.
Nesta quarta, Fred entrará em campo pela Seleção Brasileira e contará, mais uma vez, com a torcida do tio Eli, que mostrou torcer mais pelo próprio atacante do que para o Brasil. E não poupou nem Neymar, companheiro de ataque de Fred.
- Na Seleção, eu só vejo o Fred, só viso ele. Eu xingo o Neymar toda hora. Você viu aquela bola no último jogo que ele não passou pro Fred? O Fred estava dentro da área, pediu e ele não deu - corneta o tricolor.
CADEIRA DE RODAS DOADA POR FRED
Humilde, seu Eli vivia com uma cadeira de rodas que tinha pouca mobilidade e o dificultava em diversas ações do dia a dia. No meio de 2011, o torcedor pediu uma cadeira mais moderna para o amigo Fred, que lhe prometeu o presente. Em janeiro de 2012, a cadeira chegou. Fred disse que daria a seu Eli um cheque de R$ 8 mil, R$ 1.400 a mais do que o valor da cadeira, para que o torcedor poupasse. Mas seu Eli pediu que Barriga, irmão de criação de Fred, comprasse. Tudo isso serviu para estreitar ainda mais a relação entre os dois.
- Ele é como se fosse meu filho. Nesse dia, ele virou e me disse: 'Tio, o meu irmão já viu a cadeira para o senhor, ela custa R$ 6.900. Eu vou fazer um cheque de R$ 8 mil, o senhor compra e fica com um dinheirinho guardado'. Eu virei, perguntei se ele não ficaria aborrecido e disse que não estava dispensando o dinheiro dele e que só queria a cadeira. Era muito fácil ele me dar um cheque e eu comprar a mais barata. Não é o que ele vai pensar, mas é a lógica. Eu pedi que o irmão dele comprasse, ele me abraçou e falou que naquele momento ele gostava ainda mais de mim.
Artilheiro Fred recebe homenagem em ritmo de funk