É errando que se aprende, certo? Nem sempre. Não no futebol brasileiro. A humilhante e histórica goleada por 7 a 1 aplicada pela Alemanha em cima do Brasil na semifinal da Copa do Mundo de 2014 poderia, ao menos, ajudar a mudar o rumo do esporte mais querido do país. Mas não serviu. De lá pra cá, quase nada mudou. Na verdade, "muito" do que mudou, mudou para pior.
Comando técnico da Seleção
A vergonhosa apresentação brasileira na Copa do ano passado colocou um ponto final na trajetória de Felipão na Seleção. Antes tido como um dos grandes nomes do pentacampeonato mundial em 2002, o treinador passou a ser visto como um dos principais culpados pelo fracasso diante da Alemanha. Demitido logo após a competição, ele deu lugar a Dunga, que já havia comandado a equipe nacional entre 2006 e 2010. A confirmação do ex-volante como substituto de Felipão surpreendeu e foi bastante criticada. Criticado também foi o anúncio do ex-goleiro e até então empresário de jogadores Gilmar Rinaldi como novo coordenador técnico.
Presidência da CBF
Presidente da CBF durante a Copa do Mundo de 2014, José Maria Marin passou o bastão para o amigo de longa data e vice Marco Polo Del Nero no fim do ano. Candidato único, Del Nero recebeu 44 dos 47 votos (federações e clubes da Série A) e saiu aplaudido por dirigentes no dia do pleito. A tão sonhada mudança no comando do futebol brasileiro mais uma vez foi deixada de lado.
Atuação do Bom Senso FC
Criado no fim de 2013, o Bom Senso FC perdeu a chance de usar o fracasso da Seleção na Copa do Mundo para pressionar e cobrar mais mudanças no futebol brasileiro. Sem falar em greve ou até mesmo na tentativa de derrubar a dupla Marin e Del Nero do poder da CBF, o movimento de jogadores preferiu voltar os olhares para a discussão e aprovação da Medida Provisória 671/15, a MP do Futebol.
Altos e baixos de Neymar
Lesionado, Neymar não participou da decepcionante derrota do Brasil para Alemanha. Mas foi logo depois do Mundial que o atacante começou a se soltar mais no Barcelona. O craque brasileiro foi o segundo artilheiro da equipe (atrás apenas de Messi) e coroou a belíssima temporada com três títulos: Campeonato Espanhol, Copa do Rei e Liga dos Campeões. Dentro da Seleção, ele tomou o posto de Thiago Silva como capitão e liderou o time nos amistosos antes da Copa América deste ano. No entanto, deixou a desejar no Chile, acabou suspenso por xingar o árbitro e deixou os companheiros na mão, que fracassaram contra o Paraguai.
Imagem de CBF
A administração da CBF nunca foi vista com bons olhos dentro e fora do Brasil. Mas o que era ruim se tornou ainda pior. No fim de maio, José Maria Marin, ex-presidente e então vice-presidente de Marco Polo Del Nero, foi preso na Suíça acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. A prisão de Marin colocou ainda mais em xeque os bastidores da entidade. Desde então, Del Nero tem sido alvo de investigações e pressionado a entregar o cargo.
Imagem da Seleção
O fracasso na Copa do Mundo de 2014 rebaixou a Seleção Brasileira no futebol internacional. Nem mesmo o fato de ser a única seleção pentacampeã mundial tem ajudado a combater críticas e piadas. Fora do país, torcedores e jogadores brasileiros são ironizados por causa do 7 a 1. Dias antes do duelo entre Brasil e Paraguai, pelas quartas de final da Copa América do Chile, o zagueiro paraguaio Paulo da Silva chegou a dizer que, sem Neymar, suspenso, ele só conhecia Willian no grupo da Seleção. Sinal de uma imagem arranhada e cada vez mais sem identificação.
Discussão da MP do Futebol
A Medida Provisória 671/15, conhecida como MP do Futebol, que trata do refinanciamento das dívidas fiscais e trabalhistas dos clubes e quer melhorias na gestão esportiva, virou o principal tema de discussão política do futebol brasileira nos últimos meses. Depois de vários debates e reuniões, deputados ligados à CBF e clubes seguem exigindo mudanças no texto do relator Otávio Leite (PSDB-RJ). A votação do relatório final será realizada nesta semana.
Dia 29/02/2016 23:40