O Grande Prêmio da Europa em Valência foi daqueles para deixar o quarteto de comissários da FIA ocupados o tempo inteiro. Num dia em que os pilotos da Fórmula 1 mandaram a prudência às favas, foram diversos lances e incidentes que passaram pelo crivo deles. Algumas decisões foram polêmicas, como considerar o brasileiro Bruno Senna culpado no incidente com Kamui Kobayashi.
Mas pelo menos duas decisões se mostraram absolutamente inconsistentes. A mais óbvia envolveu Michael Schumacher. Na parte final da prova, ele abriu a asa traseira móvel numa área em que bandeiras amarelas eram agitadas, algo que não é permitido pelo regulamento e foi captado pelas câmeras de televisão. A FIA alegou depois que, mesmo com a contravenção, ele claramente reduziu a velocidade no trecho. Só que no GP da Espanha, em maio, tanto Sebastian Vettel como Felipe Massa receberam punições pelo mesmo motivo. Parece que diante do primeiro pódio diante do heptacampeão, uma das grandes notícias de um grande dia, os responsáveis resolveram fazer vista grossa. O que jamais deveria acontecer.
O pior é que um outro lance da prova contradiz o argumento da FIA para o caso Schumacher. Lewis Hamilton havia sido investigado por não aliviar num setor de bandeiras amarelas (agitadas enquanto o carro de Vettel era empurrado para fora da pista). O computador mostra que ele passou ali 0s05 mais rápido ali do que na volta anterior. Para se ter uma ideia, Alonso foi 0s23 mais lento, Grosjean passou acima de um segundo mais lento. Ainda que a “acelerada” de Hamilton tenha sido marginal, ele claramente não tirou no pé. E era uma área de bandeiras amarelas duplas.
Apesar das inconsistências, acho importante a atuação dos comissários. Especialmente depois de decisões de Mundiais como as de 89, 90 e 94, quando um piloto que jogou o carro propositadamente em cima de outro e saiu campeão. Bom saber que isso não aconteceria hoje.
Texto da coluna Direto do Paddock do Diário LANCE!, excepcionalmente publicada no LANCENET! nesta semana