Aldria Lopes e Maíra Pequena são duas amazonenses de 16 anos que disputam pela primeira vez as Olimpíadas Escolares, este ano na edição de Cuiabá (MT). Sob o olhar atento do professor e treinador Márcio Sicsu, as meninas estrearam na segunda - e perderam a partida. Nada que abatesse muito o espírito de quem precisou viajar quase um dia inteiro de barco pelos rios da bacia amazônica para chegar à capital Manaus, a 268 km quilômetros da cidade onde as meninas moram, Maués. De lá, ainda tiveram que esperar mais um dia e meio para se encontrarem com a delegação do Amazonas e, enfim, embarcarem para a capital mato-grossensse.
No interior, o vôlei de praia na Escola Estadual São Pedro começou para valer este ano, quando a modalidade foi inserida pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) nos jogos escolares - tanto seletiva quanto etapa nacional. As meninas de Maués praticam vôlei de quadra desde os 12 anos, na própria escola. A cidade conta com duas quadras de vôlei de praia que são mantidas pela prefeitura da cidade, mas ficam longe da escola estadual, nas praias formadas pelo Rio Maués-Açu, que corta o município. Por isso, Sicsu resolveu acelerar um processo burocrático que poderia durar meses e começou a mobilizar a própria escola para construir a quadra de areia, em um terreno ao lado.
Desde então, o pessoal do São Pedro promove torneios entre os próprios alunos - também são abertas inscrições para interessados de outros colégios da cidade. Com a inscrição a R$ 5 por atleta, há premiação para a dupla vencedora e uma parte é revertida para a finalização da quadra.
- Qualquer R$ 200 ou R$ 300 que a gente consegue arrecadar deste jeito nos ajuda, pois vai direto para o material da quadra ou para as bolas e equipamento para treino - conta Sicsu, que é professor de educação física na escola há sete anos e investiu quase R$ 1 mil para a projeto.
O pai de Maíra também abraçou a ideia, como conta a estudante:
- Depois que eu comecei a praticar em abril e ganhamos os jogos estaduais, meu pai se animou e doou alguns sacos de areia.
Apesar do esforço da comunidade, ainda faltam alguns ajustes para a quadra ficar totalmente em condições de uso.
- Precisamos colocar uma proteção em volta, por exemplo. Temos uma rede que quebra o galho, mas durante os treinos a bola sempre escapa para a rua - disse o professor e treinador das meninas.
O colégio tem 1500 alunos matriculados. A vitória de Aldria e Maíra na seletiva do Amazonas fez com que a adesão ao esporte no colégio chegasse a 100 alunos, no primeiro ano de existência.
*A repórter viajou a convite do COB