Dia 27/10/2015
22:10
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A seleção sub-17 do Haiti foi literalmente expulsa do torneio de classificação para o Mundial da categoria devido à equivocada suspeita de um surto de cólera na equipe. As autoridades da Jamaica, país onde é disputada a competição, chegaram a manter a delegação do país caribenho em cárcere privado antes de despachá-la em um voo fretado de volta.

Tudo começou quando um jogador passar mal durante a partida de estreia e foi substituído ainda no primeiro tempo. Com malária, ainda não diagnosticada, o atleta teve febre alta ao entrar em campo sob um calor de 42°C no jogo que o Haiti acabou perdendo para a Costa Rica por 3 a 1. Ainda no vestiário, toda a delegação do país teve sua temperatura aferida e, como alguns estavam com a temperatura elevada, todos foram encaminhados a um hospital, onde tiveram de passar por mais exames.

- Após jogar por 90 minutos, qualquer jogador está com a temperatura elevada. Principalmente se a partida for ao meio-dia, sob um forte calor. Só alguns chegaram ao hospital com febre - explicou ao LANCENET!, por telefone, Edson Araújo, técnico da equipe principal do Haiti, que acompanhava a delegação.

– A delegação inteira foi mantida trancada em um quarto de hospital, vigiada pela polícia, sem comida ou água, por mais de 24 horas – contou ao LANCENET! com exclusividade o presidente da Federação Haitiana de Futebol, Yves Jean-Bart.

Os jogadores e a comissão técnica do Haiti foram obrigados a permanecer no hospital, isolados, sob a suspeita de estarem com cólera, doença que, no fim do ano passado, matou mais de quatro mil pessoas em uma epidemia no Norte do país.

No entanto, cinco jogadores e um membro da delegação foram diagnosticados com malária, doença infecciosa que não é contagiosa.

- Eu falei com o ministro de esporte e o presidente da Jamaica, falei com o delegado da Fifa. Conversei com autoridades do departamento de saúde pública do Haiti e expliquei a eles que malária não é contagiosa, mas eles disseram que não podiam fazer nada - explicou Jean-Bart

Jogo cancelado e voo fretado para casa

Mesmo após o diagnóstico, a delegação só foi liberada para voltar ao Haiti. Impedida de enfrentar a seleção de El Salvador na quarta-feira, a equipe haitiana retornou ao seu país num voo fretado pelo governo jamaicano na manhã daquele dia. A partida aconteceria ao meio-dia.

– Foi uma discriminação terrível. Não havia motivo para eliminarem a equipe. Não deixaram eles jogarem – disse Edson Araújo.

A Concacaf limitou-se a divulgar um comunicado oficial em seu site, informando que a equipe do Haiti não poderia mais participar do torneio pois não tinha jogadores suficientes para formar um time completo.

– A Federação Haitiana de Futebol informou à Concacaf, na noite de terça-feira, que não consegue mais preencher um time para as Eliminatórias regionais do Mundial Sub-17, devido a uma doença que afetou membros de sua delegação – informou a Concacaf, sem, no entanto, especificar a doença que atingira a delegação e dando a entender que a retirada da seleção haitiana da competição se dera por iniciativa da federação do país.

– O presidente da federação queria jogar contra El Salvador com apenas sete jogadores, para não ter de sair do torneio – esclareceu Edson Araújo.

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