Se o locutor da segunda etapa da edição 2015 do Oi SuperSurf anunciar o atleta Carlos Freitas, ninguém saberá quem é. Mas se ele falar Charlie Brown... Na manhã desta sexta-feira, o surfista cearense estreou na segunda etapa da competição com vitória. Um dos candidatos ao título pelo surpreendente vice-campeonato na primeira etapa, disputada em Maresias, Charlie Brown quer ser mais do que um singelo amigo do Snoopy. O cearense quer voltar a surpreender, assim como fez na etapa inaugural.
- Foi demais, foi um momento único na minha carreira, porque todo mundo sabe que o sabe que o circuito SuperSurf no Brasil é muito forte, com grandes atletas. Muita gente já passou por aqui, já foi campeão desse evento. Cheguei querendo dar o meu máximo, apostando todas as fichas para chegar na fase do homem a homem, sabia que era um resultado legal, somava uns pontos maneiros. Quando cheguei lá, fiquei eufórico – disse, sobre a primeira etapa, o comedido Charlie Brown que estipula como meta chegar novamente à fase de homem a homem em Ubatuba.
Na etapa de Maresias, Charlie Brown acabou na segunda colocação após estrear em uma das primeiras fases por não ter tanta pontuação no ranking do Circuito Brasileiro de surfe. A decisão foi contra o amigo Flávio Nakagima, com quem trocou frios cumprimentos antes da bateria, justificando que estava muito focado no sonho de conquistar a primeira etapa do Oi SuperSurf 2015.
- Na final, o Nakajima estava muito iluminado, todas as ondas subiram para ele. Onde ele ia, a onda aparecia. Tentei jogar um pouco com ele ali na prioridade, mas não teve jeito. Acabei não remando uma onda que eu estava com prioridade e ele mesmo sem a prioridade conseguiu pegar essa onda e fez a segunda melhor pontuação dele na bateria. Uns meses atrás a gente tinha viajado juntos, pegado o voo mesmo para Florianópolis, falamos um pouco sobre a falta de patrocínio e de campeonatos – revela o cearense, ao LANCE!, que ainda não conversou com o amigo após a final disputada em Maresias.
Conhecido pela grande concentração, Charlie Brown é sempre flagrado com fones de ouvido antes das provas, no qual gosta de ouvir reggae, rap e rock para relaxar. Porém o surfista cearense revela os motivos que o fazem sair da aparente tranquilidade.
- Às vezes dá um friozinho na barriga você estar na bateria e ver uns caras surfando bem no campeonato. Você fica meio assim de cair com aqueles caras na água. Dá aquela ansiedade. Ao mesmo tempo, eu sei do meu potencial, sei o quanto venho me dedicando. É só relaxar na hora certa que no final as coisas dão certo – diz Charlie Brown, que coloca Flávio Nakagima, Thiago Camarão e Hizunomê Bettero como os principais rivais.
Surfista desde moleque por influência dos amigos, Charlie Brown conheceu o mar ao acompanhar o avô e o pai na ‘vida caiçara’ de Fortaleza, como o mesmo descreve, já que os parentes são pescadores. Na terra onde nasceu que surgiu o apelido que o tornou famoso dentro do surfe, dado por amigos do ex-treinador Junior, em um dos primeiros eventos amadores que, então Carlos Freitas, participou no início da carreira.
- No final de um torneio desses o pessoal mais velho estava reunido, descontraindo, e a galera começou a olhar para mim e falou: ‘Pô, ó esse moleque aí, vamos botar um apelido nele’. Os amigos do Junior falaram: ‘Pô, esse cara parece o Charlie Brown, do Snoopy’. Acabou que pegou. No evento seguinte, o cara me inscreveu como Charlie Brown e ficou para o resto da vida toda – afirma Carlos Freitas, ou Charlie Brown, apelido pelo qual prefere ser chamado.