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Almir Pernambuquinho: o herói dopado no bicampeonato mundial do Santos

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Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. A linha ofensiva do Santos na década de 60 é considerada a melhor de todos os tempos. Mas no bimundial de 1963 (o primeiro foi em 1962, sobre o Benfica), que completa 50 anos neste sábado, o Rei estava lesionado. O camisa 10 assistiu à final contra o Milan no Maracanã e não teve dúvida ao responder quem foi o melhor jogador da decisão:

– Para mim foi quem me substituiu, o Almir Pernambuquinho.

Jogador explosivo em campo, que colecionou confusões, Almir confessou que atuou dopado em depoimento gravado para a Biblioteca Esportiva Placar, transcrito no livro “Eu e o Futebol”. Segundo ele, o dexamil (uma anfetamina, substância estimulante) foi oferecido por um dos assistentes do técnico Lula.

– Por que não iria querer? O bicho era de dois mil cruzeiros. Eu fui um marginal do futebol – disse Almir, que sofreu o pênalti convertido por Dalmo no 1 a 0 do terceiro jogo e fez um gol no 4 a 2 do segundo (o primeiro foi 4 a 2 para o Milan, em Milão).

O comportamento briguento de Almir não era apenas nos gramados. Na noite de 6 de fevereiro de 1973, aos 35 anos, ele foi assassinado no calçadão da Avenida Atlântica, em Copacabana. Em um bar na Galeria Alaska, reduto badalado e barra pesada na época, Almir se envolveu em confusão com três portugueses e atores gays do espetáculo “Dzi Croquettes”. Em meio ao tiroteio, foi atingido na cabeça e faleceu na hora. Autor do disparo, o português Artur Garcia Soares chegou a ser detido, mas foi liberado.

Almir deixou sua ex-mulher, dona Lurdes, e seus filhos, Alvaro e Adriana. O futebol, já havia deixado seis anos antes, aos 29. Segundo a família, o ex-jogador tinha imóveis e os herdeiros não passaram necessidades. Hoje, Alvaro mora com a mãe e a filha no bairro de Santa Cecília, em São Paulo. Em um dos quartos da casa, há uma espécie de museu com troféus e outros objetos de Almir.

O LANCE!Net visitou os familiares de Almir, que recordaram histórias com carinho. Dona Lurdes, por exemplo, lembrou as confusões por conta de ciúmes e o jeito “bonzinho” de como era tratada pelo marido.

Alvaro recolhe vídeos e reportagens sobre o pai para criar um site. Apesar de Almir estar na calçada do Maracanã e no museu do Boca Juniors, ele busca mais exposição. A família não foi procurada pelo Santos para uma homenagem nestes 50 anos do título. A última vez que recebeu um contato do Peixe, segundo Alvaro, aconteceu há uns dez anos.

Filho e mulher de Almir lembram histórias do ídolo santista (Foto: Alê Cabral)

Curiosidades de Almir Pernambuquinho

Nove clubes de três países
Sport (1956); Vasco (1957 - 1960); Corinthians (1960/61); Boca Juniors, da Argentina (1961/62); Fiorentina, da Itália (1962); Genova, também da Itália (1962/63); Santos (1963/64); Flamengo (1965 - 1967); América-RJ (1967/68). Pelo seu temperamento, teve poucas chances na Seleção. Fez oito jogos (quatro vitórias, três empates e uma derrota) e marcou apenas um gol.

Brilhou nas finais
Almir fez o gol de empate na vitória por 4 a 2 no segundo jogo contra o Milan. Após sair perdendo por 2 a 0, o Santos precisava virar para ter o terceiro jogo. Na decisão, o atacante sofreu pênalti do zagueiro Maldini, que foi expulso. Os dois jogos contra o Milan foram os melhores dele pelo Peixe. Com forte concorrência, o atacante não conseguiu se destacar. Teve melhores passagens no Rio de Janeiro.

Confira o bate-bola com Pepe, segundo maior artilheiro do Santos, com 405 gols.

Como analisa a entrada de Almir Pernambuquinho na final?
Com o desfalque do Pelé, o técnico Lula tinha o Almir e o Toninho Guerreiro, outro brilhante jogador. Ele optou pelo Almir porque o jogo era no Maracanã, a torcida do Vasco o adorava, e foi a opção certa. Afinal, ele jogou muito e nos ajudou a conquistar o título.

O Pelé elegeu o Almir como o melhor. Concorda com isso?
O Almir foi brilhante, fez dois jogos muito bons. Mas todo o time também foi bem. Com todo respeito aos companheiros, se não fossem meus dois gols quando o Milan ganhava por 4 a 2 no segundo jogo, a gente não sairia com o título (risos). Tem de parabenizar todo mundo. É lógico que a pressão do Almir era enorme, substituiu o Pelé e realmente foi muito bem.

Por que não cobrou o pênalti?
Quando o Almir sofreu o pênalti, eu e o Dalmo tivemos um bate papo. O cobrador era o Pelé e, sem ele, era eu ou o Dalmo. Eu cobrava mais na pancada e ele, mais com calma. Ele mostrou muita segurança, pediu para cobrar e foi a melhor coisa que aconteceu. O Dalmo bateu muito bem e fez o gol. Ele merecia isso, tem uma grande história.