Dia 13/10/2015
15:05
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No fim da última semana, a prefeitura do Rio de Janeiro divulgou que as obras do Centro Olímpico do Tênis estariam com 74% de conclusão, tornando inviável o prazo de término estipulado para o fim de setembro, começo de outubro.

Em dezembro está marcado o Masters da CBT, que será um evento-teste do evento o qual talvez nem tudo fique pronto. Em entrevista ao LANCE!, Gustavo Kuerten emitiu sua opinião sobre as constantes promessas e atrasos nas obras e mostrou a desilusão com nossos governantes. “Por mais triste que pareça, é normal. É sempre assim. Felizmente é independente de um financiamento público do governo, pois o país está comprometido. Não só as Olimpíadas ou algum projeto específico, lançamos um projeto olímpico para o tênis que deveria durar cinco anos ou 50, mas não durou nem um ano. A realidade é essa, é triste sim, mas não surpreende." 

"Acho que falta mais seriedade não só com o esporte, e sim com o Brasil. Estamos vendo um desinteresse em principais questões com o Brasil, uma desunião muito grande nos principais poderes do país, o povo não se sente defendido, valorizado. Falar exclusivamente do esporte dá, mas é de maneira geral, é saúde, segurança, infra-estrutura, falta seriedade com o nosso povo por parte dos representantes que estão aí”.

Para o nosso maior ídolo do tênis e um dos maiores do esporte, pouco será o legado deixado pelos Jogos de 2016: "Legado vai depender de muitos esforços individuais, infelizmente não será o suficiente para dar uma quantidade orgânica, tá sendo bem investido no Time Brasil em efeito medalha próximo, acredito que vamos bater o recorde de medalhas em participações, mas se pensar no potencial mais amplo das Olimpíadas é pouco, poderia servir para transformar o tênis e o esporte de forma geral, mas também dá a possibilidade de fazer o que não foi feito em 1997 desde que ganhei Roland Garros, ainda dá tempo. A lástima é que perdemos vários match-points em partidas importantes que vão passando e o esforço vai ser muito maior depois”. 

“Foi o melhor momento de minha carreira. Relembrar aquela atuação parece que é entrar na novela das 8, muito bacana investigar tudo o que aconteceu, se torna ainda mais especial, meio improvável, praticamente impossível depois que sai da quadra no primeiro dia do jogo contra o Agassi com as costas toda quebrada, nem sabia que poderia voltar para quadra, e olhar que deu tudo certo, mas foi um enredo extraordinário, finalizando com a vitória contra Sampras e Agassi. Se pudesse escolher em minha carreira foram as maiores atuações numa quadra de tênis nos últimos cinco dias em Lisboa. Tudo o que aconteceu, virar o número 1 olhando que nos últimos anos era sempre Sampras ou Agassi no topo, é assustador, mas vale saborear pela alegria e felicidade e ver que o tênis ainda tem vida depois desses 15 anos."

Kuerten hoje em dia organiza a Semana Guga Kuerten em Florianópolis, no Jurerê Sports Center , e tem a Escolinha Guga Kuerten de iniciação para o tênis até 11 anos com mais de 200 filiais pelo país: "Está claro pra mim ser número 1 contribuiu imensamente, mas não foi suficiente para transformar o tênis brasileiro. Hoje no lado de fora com bastante disciplina, esse projeto da Escolinha Guga tem potencial para daqui a 10 ou 15 anos transformar a realidade do nosso tênis”.

"A principal dificuldade que temos é no começo do tênis, tanto as crianças e nos professores, temos que reparar esse lado pois os próximos passos são mais consequências. Se tiver várias escolas dessas com professores gabaritados, vamos estar prontos para trabalharmos com os meninos, quem tinha 5 anos, depois terá 14, 15, acompanhando esse avanço. Ter talvez 300 professores a massa crítica que forma hoje somos reféns de alguns professores e técnicos, temos que ter uns 50, 60, aí sim vai funcionar. Hoje o vôlei é uma referência, exemplo vitorioso do que está sendo utilizado. Pegar essa mesma montagem para fomentar para trazer bons jogadores no tênis."

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