Na quarta-feira, dia 5, Hernán Crespo fez um desabafo que repercutiu após o empate do São Paulo com o Flamengo, pela 32ª rodada do Campeonato Brasileiro. Em uma resposta longa e sincera, o técnico abordou as comparações recorrentes entre o Tricolor e equipes como Palmeiras e Flamengo.
Finalistas da atual edição da Copa Libertadores, os dois rivais estão empatados com o São Paulo em número de títulos continentais. Apenas um deles passará a ser o maior campeão da história do torneio, marca que por muitos anos pertenceu ao clube do Morumbi, mas que se perdeu diante do novo cenário competitivo — ponto central na fala de Crespo.
O técnico também destacou o fator financeiro como determinante nessa diferença. Segundo ele, Flamengo e Palmeiras vivem "em outro patamar". Ainda que o dinheiro não seja o único elemento que define o sucesso, Crespo ressaltou que a competitividade entre os times passa diretamente pela estrutura e pelos investimentos feitos nas últimas temporadas.
O último título do São Paulo na Libertadores foi conquistado em 2005, há duas décadas. Desde então, Flamengo e Palmeiras levantaram o troféu duas vezes cada um, em um intervalo de apenas cinco anos. Na entrevista, Crespo ainda lembrou o contexto recente do clube, mencionando o período de seca que o Tricolor enfrentou até a conquista do Campeonato Paulista de 2021, sob seu comando.
- Eu falo sempre, com dinheiro você encurta os tempos. Há quanto tempo Palmeiras e Flamengo são competitivos? É assim Felipe Luis sabe. Depois, só com dinheiro? Não, não quero faltar com respeito aos trabalhos de Abel e Felipe, mas são situações diferentes. Com dinheiro encurta os tempos. Ali há anos e anos de investimento. Temos de ter ideias com calma e brigar pelo o que a gente (São Paulo) pode brigar. Quanto custam os jogadores do Flamengo e Palmeiras? Não só comprar como resistir propostas da Europa. Outro nível - disse.
Mesmo com a conquista do estadual em cima do Palmeiras, Hernán Crespo reconheceu que aquilo era "pequeno" em relação ao São Paulo, que no passado venceu três Mundiais - algo quase impossível para um time da América do Sul atualmente, tendo em vista o peso dos times europeus em competições assim.
Em histórico, isso se justifica. Flamengo e Palmeiras ganharam 14 dos 30 títulos mais recentes quando se trata de "competições maiores". Com os times na final da Libertadores e favoritos para vencer o Campeonato Brasileiro, um roteiro parecido pode ser aplicado. Como Crespo disse, "em outra dimensão".
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- Quando ganhamos o Paulistão, é muito pequeno para a história do São Paulo. Nos últimos 20 anos, o São Paulo venceu um Paulistão. Precisamos ter pés no chão, entender a situação. Vamos lutar, vamos brigar. Neste momento, Palmeiras e Flamengo estão em outra dimensão na América do Sul, não só no Brasil. Se você comparar, você fica mal. Não podemos neste momento, na história podemos comparar, mas a realidade é outra - completou.
E qual a solução?
Hernán Crespo manteve os pés no chão. Com confiança, sempre evita falar sobre polêmicas políticas ou sobre planejamentos que envolvam um recorte de muito longo prazo. Ao trazer o assunto, falou sobre o mercado e sobre como as equipes conseguem "prender" promessas por mais tempo, algo que não costuma acontecer no São Paulo, que negocia - muitas vezes -, por necessidade. Nesta temporada, isso foi exemplo com negociações como Henrique Carmo e Matheus Alves.
- Calma, humildade, vamos trabalhar e tentar reduzir esse gap que existe. E queremos o mais rápido possível, e para isso é preciso de dinheiro. Quanto custam os jogadores do Flamengo e do Palmeiras? Eles têm facilidade não só de comprar, mas também de resistir às propostas do futebol europeu. Temos em mente o São Paulo grande, mas temos que fazer as coisas bem por muitos anos e aceitar que podemos errar no caminho - explicou.
