FOTO: Gabriel Carneiro
O El Campín, em Bogotá, abrigará pela primeira vez um jogo oficial do Santos. Será às 21h45 desta quarta-feira, contra o Santa Fe, pela terceira rodada do Grupo 2 da Libertadores. O estádio, porém, foi cenário de um dos capítulos mais míticos da chamada era Pelé. Foi lá, no dia 17 de julho de 1968, que ocorreu a famosa "desexpulsão" do Rei do Futebol após um "levante" popular em amistoso do Peixe contra a seleção sub-23 da Colômbia.
"Depois de envolver-se em uma luta corporal com Lima e outros jogadores santistas aos 10' de jogo, o juiz - que foi lutador de boxe - expulsou de campo, injustamente, Pelé aos 38', sendo agredido por alguns companheiros do jogador, que não se conformaram com sua expulsão. Com lesão em ambas as pernas e com um olho completamente fechado, o juiz deixou o campo dirigindo-se a uma delegacia da Zona Norte da capital, onde apresentou queixa por agressão", registrou matéria do jornal O Estado de S.Paulo de dois dias depois. Linhas a seguir, a reportagem detalha como se deu a invalidação da expulsão e o retorno de Pelé ao gramado:
"O jogador santista retirou-se de campo sem protestar, mas seus companheiros provocaram nova interrupção, agredindo o juiz. Substituído o juiz pelo auxiliar Osmar Delgado, sua primeira providência foi atender ao apêlo da torcida, que insistia em que Pelé voltasse a campo".
O clamor popular para que Pelé seguisse atuando deu resultado, é um fato comprovado. Mas a versão de que o juiz foi retirado a contragosto parece ser lenda. Ao menos, não é o que sustenta a narrativa dos jornais da época.
"O juiz foi agredido por vários jogadores santistas e abandonou o campo alegando estar ferido na pista e impossibilitado de atuar", noticiou a edição daquele dia da Folha de S.Paulo.
O episódio de violência em campo forçou, inclusive, jogadores ficassem retidos por um dia a mais na Colômbia prestando depoimentos à polícia. Só depois, foram liberados para retornar ao Brasil.
Quando a expulsão foi anulada, a partida estava empatada por 2 a 2. No segundo tempo, os 60 mil mil torcedores presentes testemunharam Pelé "fazendo provavelmente sua melhor partida na Colômbia, onde nunca foi muito bem sucedido", segundo as palavras impressas em O Estado de S.Paulo. O Atleta do Século, "readmitido" no gramado, conduziu o time ao triunfo por 4 a 2 (os outros dois gols foram de Toninho, mais uma vez, e Pepe).
PRIMEIRA VEZ E RESTROSPECTO POSITIVO
O Santos fará sua décima partida em solo colombiano na história da Libertadores. Curiosamente, o clube passou por cinco cidades do país, mas nunca pela capital, local da partida desta quarta: Barranquilla, Cáli, Cúcuta, Manizales e Pasto. E as memórias são mais felizes que tristes. Se o time foi eliminado pelo Once Caldas em 2004, venceu o rival no mesmo estádio em 2011, em partida vital da campanha do terceiro título. Em Cáli, aconteceu a atuação de gala de Diego, Robinho e cia. na estreia na edição de 2003, com goleada por 5 a 1 e aplausos da torcida local. No mesmo ano, a vaga na decisão foi obtida após triunfo sobre o Independiente Medellín, fora de casa. Em 2008, a passagem às quartas aconteceu após fazer 2 a 0 no Cúcuta, também como visitante.
SANTOS NA COLÔMBIA EM LIBERTADORES
03/04/1984 – Júnior Barranquilla 0 x 3 Santos - Barranquilla
05/04/1984 – América de Cali 1 x 0 Santos – Cáli
05/02/2003 – América de Cali 1 x 5 Santos – Cáli
18/06/2003 – Independiente de Medellín 2 x 3 Santos – Medellín
27/05/2004 – Once Caldas 1 x 0 Santos – Manizales
22/02/2007 – Deportivo Pasto 0 x 1 Santos – Pasto
13/02/2008 – Deportivo Cúcuta 0 x 0 Santos – Cúcuta
08/05/2008 – Deportivo Cúcuta 0 x 2 Santos – Cúcuta
11/05/2011 – Once Caldas 0 x 1 Santos – Manizales