Olhar do Porco

Clubes

Nacionais

escudo do atlético mineiroescudo do botafogoescudo do corinthiansescudo do cruzeiroescudo do flamengoescudo do fluminenseescudo do gremioescudo do internacionalescudo do palmeirasescudo do santosescudo do sao pauloescudo do vasco
logo whatsapplogo instagramlogo facebooklogo twitterlogo youtubelogo tiktok

Nobre detona Rogério Dezembro e a WTorre: ‘Quase dormir com o inimigo’

Ao LANCE!, dirigente ataca desde a confecção do contrato da arena à relação com a construtora: ‘A falta de respeito acontece diariamente’. Empresa respondeu às críticas

(Foto: Luiz Moura/WPP)
Escrito por

Nos quatro anos da gestão de Paulo Nobre, Palmeiras e WTorre tiveram relação conflitante. A parceria com a construtora na administração do Allianz Parque é comparada a “dormir com o inimigo” pelo presidente que deixou o cargo na quinta-feira. Rogério Dezembro, ex-diretor do clube e agora na diretoria da construtora, foi bastante criticado.

- Realmente é um parceiro que a gente pode dizer que é quase que dormindo com o inimigo, só que a gente tem de saber conviver com isso, a vida não são só flores. Pode ser que o Palmeiras tenha que conviver com a parceira por mais 28 anos e tem de saber viver da melhor forma de maneira institucional. A falta de respeito com o clube acontece diariamente - disse Nobre.

Veja abaixo o que disse o ex-presidente do Verdão ao LANCE! e as respostas da construtora enviadas à reportagem. Os parceiros assinaram contrato de 30 anos e ainda restam 28 a percorrer - a arena abriu no fim de 2014.

ARBITRAGEM
A divergência na avaliação do contrato sobre a divisão das cadeiras da arena gerou a maior briga entre os parceiros, na corte arbitral. Após dois anos de discussão, o Verdão venceu, e ficou definido que a WTorre só pode vender 10 mil cadeiras especiais (parte desta cota já está sendo comercializada), não todos os assentos, como a construtora desejava. O restante das cadeiras ficam sob poder do clube. A briga revoltou o dirigente alviverde.

Nobre: "Achei tão feio tudo isto que se discutiu. Eu era vice-presidente em 2007 e 2008, acompanhei na risca tudo que foi discutido, as premissas levantadas de como seria o relacionamento dos parceiros na arena. E achei uma vergonha alguns anos depois se discutir tudo que já tinha sido absolutamente discutido várias vezes. É uma coisa que me embrulha até o estômago ver um profissional que era do departamento de marketing do Palmeiras (Rogério Dezembro), que ajudou a criar toda a estratégia de marketing para poder passar ao conselheiro e sócio para aprovar o negócio, aí em 2010 assina um documento que não é que fala o contrário, mas deixa tudo tão genérico que levou à possibilidade de discussão. E este mesmo funcionário de marketing, tão logo assinou o contrato com o Palmeiras, foi trabalhar na WTorre. E quando eu pedi ajuda dele: 'Fala para o teu chefe o que a gente combinou, poxa. Você estava sentado do nosso lado no balcão'. E o cara olha para mim com a maior cara de pau e diz: 'Eu não lembro. Não era conselheiro, não participava das reuniões'. Ele que fez toda a estratégia! Quer dizer, foi muito, muito, muito feio tudo que aconteceu."

Resposta da WTorre: "A empresa não entende haver 'feio ou bonito' quando se trata do maior investimento feito por uma empresa privada em um clube na história do futebol brasileiro. Relações entre instituições e pessoas sérias devem seguir as regras previamente estabelecidas entre as partes. No caso, o acordo previa a arbitragem. Estranhamos o fato do ex-presidente do clube 'achar feio' a discussão na arbitragem, quando o mesmo era vice-presidente quando da assinatura do acordo. Em relação ao sr. Rogério Dezembro, vale registrar que o afirmado pelo ex-presidente do clube é mentira. O sr. Rogério Dezembro, como não era nem nunca foi conselheiro do clube, não poderia ter planejado e/ou coordenado reuniões prévias envolvendo os conselheiros, pois só os conselheiros tinham acesso a essas reuniões. O sr. Rogério Dezembro era diretor de marketing estatutário (não remunerado) do clube à época e não se envolveu na negociação da arena, conduzida pela diretoria de planejamento, cujo titular era o sr. Luiz Gonzaga Belluzzo, além da diretoria jurídica do clube, à época conduzida pelo dr. Antonio Augusto Pompeu de Toledo."

COPOS COMEMORATIVOS
Durante o ano, a WTorre comercializou nas lanchonetes da arena copos personalizados do Palmeiras. Paulo Nobre não aprovou a ideia:

Nobre: "É uma vergonha. Eu vejo estes copos que eles fizeram, e eles até têm direito a fazer coisas alusivas à arena, mas não, é alusivo à conquista da Copa do Brasil, não passa o layout pelo clube. Quer dizer, tem palmeirense que, infelizmente, acaba consumindo sem saber que acaba não colaborando tanto assim com o clube, mas isto não é uma atitude de uma parceira."

Resposta da WTorre: "A empresa tem direito, por contrato, de comercializar qualquer item (camisetas, copos, chaveiros, brinquedos, etc.) utilizando o escudo e outros símbolos do clube, desde que em conjunto com o nome da arena. Dessa forma, a empresa não entende ter descumprido nenhuma regra do acordo em vigência. Vale o registro de que, por pura cortesia ao clube, a empresa comercializou os copos apenas dentro das dependências da arena, sem interferência alguma nos canais de vendas tradicionais de artigos do clube."

CAMAROTES
​No jogo contra o Flamengo, no Allianz Parque, Nobre envolveu-se em uma confusão no camarote na arena. Ao ver um convidado comemorar o gol rubro-negro do empate por 1 a 1, o então presidente se irritou e quis tirá-lo do local - naquele jogo, o STJD havia proibido a entrada de flamenguistas no setor de visitantes. Em resposta ao problema, a WTorre colocou uma câmera de segurança no camarote da presidência, seguidamente tampada por um funcionário do clube. Segundo o dirigente, o Palmeiras chegou a criar um manual de conduta em dias de jogo, mas a construtora nunca o repassou.

Nobre: "Não é atitude de uma parceira a gente criar um manual de conduta de como as pessoas se comportam dentro dos camarotes em jogos do Palmeiras e eles não passarem a nenhum dono de camarote. Deixam a coisa rolar solta. É uma falta de respeito, com o clima que estava entre Palmeiras e Flamengo no final, eles alugarem camarotes pontuais para cariocas assistirem ao jogo na nossa casa, torcerem contra a gente. Sendo que estava proibida pelo STJD a presença de torcida do Flamengo, ou seja, não tinha espaço para eles onde a gente poderia dar a devida segurança ao torcedor adversário. Agora se está proibida a presença dele, a partir do momento em que ele se demonstra, o que acaba acontecendo? Ele apanha! O que é pior ainda. E quem acaba sendo penalizado? O Palmeiras. A chegar na coisa ridícula e patética de colocar uma câmera para fiscalizar a presidência do Palmeiras. Quem são eles? Quem eles pensam que são? Está de brincadeira? O estádio é nosso, que está entre aspas cedido a eles, que volta em comodato no dia dos jogos. Eles têm todo o direito de exploração pelos próximos 28 anos e que ganhem muito dinheiro com isso, tem todo direito."

Resposta da WTorre: "A gestão da arena é responsabilidade da empresa e não do clube. Em virtude disso, a gestão anterior do clube não tinha qualquer direito a editar 'manuais de conduta'. A invasão de camarotes privados e a obstrução de câmeras de segurança só atestam a incapacidade de membros da gestão anterior de se comportarem de forma respeitosa. A área dos camarotes compreende dois andares isolados da arena, onde nunca houve restrição e/ou separação de torcidas. Como seria possível adotar essa restrição, se o próprio clube cede camarotes à diretoria do clube visitante? Crítica oportunista de quem não gere e, portanto, não conhece a operação."

REPASSE DOS VALORES 
Por contrato, quando o Palmeiras precisa jogar fora de casa graças a um evento marcado no Allianz, a WTorre deve pagar uma multa: 50% da renda bruta desta partida, além dos 20% do aluguel do Allianz para eventos. A construtora não tem feito o repasse sob o argumento de que o Verdão também não paga valores de manutenção do Allianz Parque. 

Nobre: "Que façam shows, mega-shows, eventos, tudo. Desde que não tirem o Palmeiras no dia dos seus jogos de lá. E quando tirar, por favor paga, tá? Não adianta fazer e não pagar, dizendo que a gente está devendo dinheiro para eles. Não pagam nada! Nada! Pagam uma coisa que eles apresentam da gente que se arrecadou no mês, e etc., mas os grandes números eles sempre colocam em discussão."

Resposta da WTorre: "A empresa, desde a abertura da arena, cumpria integralmente seus compromissos com o clube. Entretanto, como a gestão anterior nunca cumpriu seu compromissos com a arena, esses pagamentos foram interrompidos. O clube nunca cumpriu com o dever estipulado em contrato de reembolsar as despesas com energia, água e outros insumos dos jogos. Reiteramos que a gestão anterior nunca reembolsou um real das despesas dos jogos, a que o clube é obrigado pelo acordo, deixando essa dívida milionária para a nova gestão."

GRAMADO
A condição do gramado do Allianz Parque na reta final foi motivo de críticas de jogadores, direção e comissão técnica. Depois de um trabalho de recuperação para os últimos jogos do Brasileiro, o campo apresentou melhora para as partidas contra Botafogo e Chapecoense.

Nobre: "O gramado precisa estar em condições porque o Palmeiras é um time de futebol. E aquele pasto que eles deixaram o gramado, aquela coisa ridícula, é uma falta de respeito com o clube. Sou super a favor de eles explorarem e ganharem todo o dinheiro que conseguirem sem que prejudiquem o clube."

Resposta da WTorre: "O Allianz Parque é o estádio com gramado natural que mais recebeu shows no mundo em 2016. Em alguns jogos, de fato, o gramado não estava à altura das demais instalações da arena, entretanto, nunca comprometeu o aspecto técnico ou colocou em risco a segurança dos atletas. Importante registrar que o clube fez avaliações prévias do campo de jogo antes de todas as partidas na arena. Ou seja, se havia algum problema, o clube nunca se pronunciou. Registramos que, após o jogo contra a Chapecoense, o próprio técnico Cuca, em entrevista coletiva, agradeceu o empenho da empresa no trabalho do gramado, dividindo com a equipe da arena o título brasileiro."