Três anos e meio após decidirem o título do Mundial de Clubes de 2021, Palmeiras e Chelsea voltam a se enfrentar, desta vez pelas quartas de final do torneio, em um novo contexto, na próxima sexta-feira (4), às 22h (de Brasília), no Lincoln Financial Field, nos Estados Unidos.
De um lado, uma equipe que se mantém firme em seu planejamento, valorizando o trabalho a longo prazo e apostando na evolução de seus talentos. Do outro, um gigante europeu que vive entre reconstruções e promessas de futuro, ainda tentando reencontrar o caminho do sucesso.
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O Palmeiras chega ao Mundial com um projeto consolidado, com uma base mantida e um treinador vitorioso. Do elenco que esteve na final contra o Chelsea em fevereiro de 2022, nove atletas permanecem no grupo, além da comissão técnica liderada por Abel Ferreira. Entre os remanescentes, estão Weverton, Marcos Rocha, Mayke, Gustavo Gómez, Murilo, Piquerez e Raphael Veiga. Embora alguns deles estejam fora do jogo por suspensão ou lesão, como Gómez, Murilo e Piquerez, o Verdão mantém a espinha dorsal que sustentou seu sucesso recente. Weverton, por exemplo, soma 225 jogos desde a final do Mundial, sendo o jogador mais utilizado por Abel no Palmeiras no período.
Do outro lado, o Chelsea vive um momento de transformação constante desde aquela final. A venda do clube por Roman Abramovich, após a invasão da Ucrânia pela Rússia, deu início a uma nova era sob o comando de Todd Boehly, que lidera o Clearlake Capital, que controla o clube londrino. O processo foi marcado por instabilidade técnica, mudanças sucessivas no comando e gastos exorbitantes. Desde a decisão contra o Palmeiras, seis treinadores comandaram o clube: Thomas Tuchel, Graham Potter, Bruno Saltor, Frank Lampard, Mauricio Pochettino e, desde a temporada passada, Enzo Maresca. O elenco passou por uma verdadeira revolução: apenas um jogador permanece desde aquela final – o zagueiro Trevoh Chalobah, que sequer entrou em campo em 2021 e tem apenas 123 minutos neste Mundial.
A diferença no aproveitamento dos elencos desde então é gritante. O Chelsea já utilizou 87 jogadores diferentes desde a final do Mundial, enquanto o Palmeiras usou 68. A rotatividade excessiva dos ingleses reflete a inconstância de um projeto que, apesar de investimentos bilionários, ainda não encontrou sua identidade. No lado brasileiro, o Verdão só passou a investir pesado recentemente, já mirando o Mundial. Trouxe Paulinho por 18 milhões de euros e Vitor Roque por 25,5 milhões de euros, em dois dos maiores investimentos da história do futebol nacional. Mesmo com as cifras altas, as contratações foram estratégicas e se somaram a uma base consolidada.
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O Chelsea, por sua vez, segue apostando em promessas e jovens talentos por cifras altíssimas. Para o duelo contra o Palmeiras, corre para inscrever João Pedro, destaque do Brighton na Premier League, comprado por cerca de 55 milhões de libras. Além dele, o clube ainda negocia a chegada de Jamie Bynoe-Gittens, do Borussia Dortmund, mostrando que a busca por reforços não tem fim. Isso sem contra Estêvão, hoje no Palmeiras, já comprado pelo Chelsea desde o ano passado.
Essa diferença de estratégias se reflete na porcentagem de remanescentes da final de 2021: 31% no Palmeiras, contra apenas 0,07% no Chelsea. Os dados evidenciam uma escolha consciente por parte do clube brasileiro de valorizar a continuidade e o processo. Com Abel Ferreira desde outubro de 2020, o Palmeiras conquistou dois títulos da Libertadores, duas edições do Brasileirão, três Paulistas, uma Copa do Brasil, uma Recopa e uma Supercopa. O Chelsea, mesmo com altos investimentos, não conseguiu manter a mesma linha de conquistas nem a estabilidade necessária para consolidar um projeto esportivo. Apenas nesta temporada o clube londrino conquistou a Conference League, torneio continental de menor importância.
Em 2021, o Chelsea levou a melhor em um jogo equilibrado, que precisou ser decidido na prorrogação. Agora, em 2025, o Palmeiras espera que os papéis possam se inverter. E o clube paulista já mostrou que tem capacidade para isso.