De acordo com a BBC, um inquérito russo concluiu que o delator do esquema de doping no país e ex-presidente do laboratório de Moscou, Grigory Rodchenkov, forneceu substâncias proibidas aos atletas sem que, no entanto, estes soubessem que as drogas melhorariam seu desempenho esportivo. Grigory também é acusado de acobertar o esquema de doping russo.
- Foi estabelecido que Grigory Rodchenkov forneceu pessoalmente, a atletas e treinadores, medicamentos cujas características comprovadas não eram conhecidas por eles, mas que, posteriormente, foram estabelecidos para constituir drogas que melhoram o desempenho esportivo - disse o Comitê de Investigações da Rússia (IC) em um comunicado.
A investigação vai de encontro ao que defende o governo russo. Sempre foi defendido que o esquema era algo cujo envolvimento estava ligado a Rodchenkov e não ao estado.
O anuncio ocorre uma semana antes da reunião da comissão do Comitê Olímpico Internacional (COI), responsável por definir se a Rússia participará dos Jogos de Inverno de Pyeongchang-2018.
Morando nos Estados Unidos desde 2016, Rodchenkov tem nas costas um mandado de prisão emitido pelo Tribunal de Moscou em 21 de setembro deste ano. De acordo com a Agência Mundial Antidoping (Wada, em inglês), o russo é um 'ajudante e facilitador de atividades de doping'. Grigory admitiu às autoridades ter destruído mais de 1.400 amostras no laboratório de Moscou, impedindo que os atletas fossem pegos no exame antidoping.
Rodchenkov foi o responsável por revelar publicamente que o governo russo estava diretamente ligado ao esquema. Além disso, contou que a agência de segurança FSB auxiliou na manipulação do controle antidoping durante os Jogos de Sochi-2014. O país nega as acusações.
Em comunicado, o advogado do delator, Jim Walden, rebateu as acusações. Para ele, chegou a hora do país fazer a coisa certa e admitir as transgressões do passado em prol do esporte russo.
De acordo com o relatório independente formulado por Richard McLaren em 2016, o esquema de doping fez parte do esporte russo entre 2011 e 2015, beneficiando mais de mil atletas, incluindo medalhistas olímpicos. O atletismo russo foi proibido de disputar os Jogos Rio-2016 e o Mundial de 2017 já que a Rusada (entidade responsável pelo atletismo no país) foi considerada cúmplice.