A famosa paradinha, que já causou discórdia no futebol, chegou também às quadras de vôlei. O movimento, que está sendo chamado de "saque fake", passou a ser utilizado a partir das novas regras testadas pela Federação Internacional de Voleibol (FIVB) nesta temporada: o atleta finge lançar a bola para executar o fundamento, induzindo a equipe adversária a se movimentar antes da hora e cometer falta de posição. Veja no vídeo abaixo um exemplo do lance.
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No vôlei, a falta de posição é marcada quando os atletas da equipe que recebe o saque estão fora do lugar correto da rotação no momento em que o sacador toca na bola. Porém, nos testes feitos pela FIVB durante a Liga das Nações (VNL) e Mundial, foi permitido que os jogadores já se movimentem quando o sacador lança a bola. A mudança tem como objetivo ajustar as regras ao dinamismo do vôlei moderno, aumentando a agilidade no momento do passe.
— Quando a equipe receptora precisa esperar o contato do sacador para trocar de posição, ela fica em desvantagem, porque a bola chega muito mais rápido do que o jogador na posição que ele tentava. Então, essa mudança para permitir a troca durante o lançamento é benéfica para o jogo, mas ela permitiu esses artifícios - opina a árbitra Débora Santos.
Um dos lances de "paradinha" que mais viralizou na internet aconteceu na partida entre São José e Monte Carmelo, válida pela quinta rodada da Superliga Masculina. Durante o jogo, o oposto egípcio Hisham Ewais, do time de Uberlândia, fingiu lançar a bola no momento do saque, mas não a soltou, enganando a linha de passe adversária. Ponto do Monte Carmelo, validado pela arbitragem.
Pode ou não pode?
As regras internacionais do vôlei são atualizadas pela FIVB a cada ciclo olímpico e a oficialização das mudanças acontece apenas após aprovação em congresso mundial da entidade. Ou seja, apesar dos testes realizados nas competições, as novidades vistas na VNL e Mundial ainda não estão vigentes no livro de regras válido para o período de 2025 a 2028. Caso aprovadas de fato, as mudanças serão incluídas apenas após o próximo congresso da Federação Internacional.
A aplicação das novas regras também não está formalmente prevista no Regulamento Geral e Regulamento Específico da Superliga de Vôlei, o que tem causado confusão entre atletas e torcedores. A mudança foi acordada durante reunião entre a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) e os clubes, mas ainda não está registrada por escrito nas diretrizes da competição.
— Não existe nada de errado no que o jogador está fazendo. Se o teste da nova regra permite a troca após o lançamento, a equipe receptora tem que esperar. Você não sabe quando ele vai lançar, você não pode adivinhar. Então, baseado no teste, não há nada de irregular no que o sacador está fazendo ao fingir o lançamento - completou Débora.
Apesar de permitido no contexto dos testes, o questionamento feito pelo público sobre a validação da "paradinha" no vôlei engloba a questão ética e de fair-play.
— Será que vale para o voleibol? Será que vale, por exemplo, o último ponto de uma final de um campeonato, o cara fazer isso e ganhar o campeonato por causa de uma malandragem? A regra não foi criada para dificultar as coisas para alguém, foi criada para beneficiar, para facilitar, para tornar o jogo mais organizado, para tirar um problema que todas as equipes tinham. Eu coloco um grande ponto de interrogação, se a gente não tá beneficiando, valorizando, o jeitinho - questiona o treinador Cacá Bizzochi.
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Regras de dois toques e condução também geram polêmica
A "paradinha" não foi a única polêmica que surgiu após os testes feitos pela FIVB. Uma das novidades que gerou bastante discussão foi a flexibilização das marcações de dois toques no levantamento. Na nova regra, a falta é marcada apenas se a bola for jogada para o lado oposto da quadra. Também não é permitida a execução de dois toques claros e consecutivos.
Outro recurso que vem sendo bastante explorado com as mudanças é o "toque ataque", também chamado de "enterrada". A jogada acontece quando o atleta usa as duas mãos para empurrar a bola para a quadra oposta, finalizando o ataque. O movimento seria como um toque convencional, mas com maior tempo de contato com a bola, o que poderia caracterizar falta por condução.
Porém, segundo a nova interpretação da regra, a condução somente é marcada caso o a bola seja trazida de trás da cabeça do jogador. No caso do "toque ataque", quando executado corretamente, a bola já está à frente do atacante, portanto, não é considerado falta.
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