Dan Lacalle
São Paulo (SP)
Dia 20/05/2025
16:37
Atualizado há 0 minutos
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A NFL no Brasil deixou de ser apenas um sonho e já se tornou uma das maiores realidades no calendário da liga. Depois da primeira edição, que contou com mais de 47 mil pessoas na Arena Corinthians, a bola oval está predestinada a fazer cada vez mais parte da rotina do brasileiro. E se engana quem pensa que isso pode ser apenas uma ação passageira da competição. Isso porque o impacto foi surpreendente e positivo para a National Football League. A empresa que, somente na última temporada, atingiu um faturamento de 23 bilhões de dólares, segundo o Sports Business Journal. Tudo isso é a realização de um sonho que foi construído cuidadosamente por muitas mãos dentro dos últimos 10 anos.

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O ano é 2014. Dos pouco mais de 200 milhões de habitantes no Brasil, apenas 10 milhões se consideravam fãs da NFL. O equivalente a 18% da população, em estudo levantado pelo Ibope Repucom de 2024. Para o cenário dos dias de hoje, o caminho foi longo e muito pavimentado. Mas a primeira partida da liga em um país da América do Sul não foi por acaso. 

Isso porque a NFL bateu na porta do Brasil há 10 anos, mas não viu o país pronto para receber partidas. Não na parte estrutural, porque naquele momento diversas capitais acabavam de sair de uma Copa do Mundo. E sim, na base de fãs. Esse quesito precisava ser estimulado. 

De lá para cá, diversos fatores foram fundamentais para o desenvolvimento da NFL no Brasil. E foi preciso superar o desafio que existe da barreira cultural e linguística com os Estados Unidos. Deixando o trabalho maior para quem se predispôs a ensinar o esporte, como emissoras de TV fechada, TV aberta, parabólica, Youtube ou qualquer rede social. Foi um consenso entender que era preciso simplificar ao máximo para o público que gostava apenas do futebol e, talvez, de um basquete ou vôlei. O futebol americano se tornou o estranho da sala, que aos poucos foi mostrando sua personalidade e deixando cada vez mais pessoas encantadas. 

Aumenta número de fãs da NFL no Brasil

Onze anos depois, a realidade é outra. Já são 41 milhões de fãs de NFL no Brasil. Apenas 35% de um país que pode respirar ainda mais desse esporte. E um crescimento de mais de 300% comparado com 2014, segundo pesquisa do Ibope Repucom. A modalidade tem índices de crescimento expressivos a cada ano, aumentando em 26% sua base. E é claro que a NFL não deixaria de enxergar a mina de ouro que o país tropical se tornou. 

A cidade de São Paulo teve um impacto econômico de pouco mais de 60 milhões de dólares, segundo números divulgados pela prefeitura e pelo presidente da SPTuris, Gustavo Pires. E, por mais que a NFL não tenha divulgado os valores de receita que recebeu no Brasil, estima-se que esse valor não foi inferior a US$10 milhões. Tudo isso no período em que a liga ainda está buscando educar o público do país sobre o que é o esporte e o porquê dele ser tão apaixonante. 

E não à toa, a competição trouxe uma de suas principais partidas no ano de 2024 para abrir esse projeto de expansão internacional. Eagles e Packers, dois times com torcidas fortemente engajadas e que causaram o buzz necessário para um primeiro jogo. Para isso a NFL ainda ‘ressuscitou’ a sexta-feira dentro de seu calendário. Logo após a quinta-feira de abertura da temporada. Algo que não acontecia há mais de 50 anos. 

Para o segundo jogo, a notícia que vai estar em alta até o meio de setembro: o tradicional Los Angeles Chargers encara o Kansas City Chiefs. O time mais popular da NFL nos últimos 7 anos. A equipe que conta com o principal Quarterback da liga, Patrick Mahomes, e o - famoso - namorado da cantora pop Taylor Swift (além de segundo melhor Tight End da história da liga), Travis Kelce. Ou seja, a maior liga esportiva do planeta confiou no Brasil para que a sua principal ‘galinha dos ovos de ouro’ viesse ao país estrear a temporada e fomentar ainda mais o público que não para de crescer. 

Arsenal de marcas no evento no Brasil

Mas a partida de temporada regular no Brasil é apenas a cereja do bolo para os fãs da bola oval. Isso porque a NFL vem estimulando cada vez mais a interação do público em todas as ações que acontecem com a liga. Em setembro de 2024, foi possível visitar o NFL Experience pela primeira vez, no Brasil. Um espaço que funcionou como um - parque de diversões - do futebol americano, onde torcedores podiam observar itens históricos da liga que estavam expostos ou, até mesmo, participar de mini jogos e competições, além de assistir às partidas do início da temporada. E, claro, não posso deixar de fora o NFL in Brasa, evento que a National Football League promoveu no país para que os fãs pudessem ter uma experiência mais imersiva durante o Super Bowl. Isso sem falar em Watch Parties, clínicas esportivas com crianças vinculadas às franquias que têm direitos de trabalhar com o marketing no país, entre outras atividades.

Em ambas oportunidades, foi possível observar um arsenal de marcas realizando uma verdadeira imersão no futebol americano. Das principais, como XP Investimentos e Perdigão, às recém-chegadas como Boticário, New Era e Pizza Hut. Se era espaço publicitário, online ou não, a NFL estava o tempo inteiro rodeada de marcas parceiras com um excelente histórico e que, principalmente, também estavam trabalhando com o objetivo comum de estimular cada vez mais o futebol americano no país.

Nada é por acaso com a liga esportiva mais lucrativa do mundo. A NFL vir ao Brasil não foi só porque muita gente sonhou com isso e, do nada, ela foi ‘boazinha’. Como qualquer empresa, é preciso pensar no lucro e nas possibilidades logísticas. E a competição viu em terras brasileiras a possibilidade de trabalhar cada vez mais com um cenário emergente e com a parcela da população que é consistente economicamente, podendo suprir o teto que a liga inegavelmente tem nos Estados Unidos. 

Mas se engana quem pensa que isso é algo ruim. Além de fazer brilhar os olhos do fã de futebol americano que sonhou a vida inteira com um jogo da NFL no Brasil, estimula a criação de empregos (apenas na semana do São Paulo Game foram mais de 5 mil gerados segundo a prefeitura) e coloca o Brasil nos holofotes. Faz com que deixemos de ser aquele país visto como submundo para nos tornarmos quem dá aula de apresentação de eventos internacionais, com uma experiência diferenciada e repercussão avassaladora nas redes sociais.

Ou seja, se um jogo da NFL no Brasil se tornou pouco para o país, preparem-se porque o Rio de Janeiro deve se juntar a São Paulo e ser anunciado muito em breve como a sede da segunda partida anual da liga, em 2026. E não é por acaso.

Brasil voltará a ser palco de jogo da NFL (Foto: Ettore Chiereguini/AGIF)
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