É impossível passar pelo Dia da Consciência Negra sendo fã de basquete e não reverenciar o impacto daquele que foi maior do que o próprio jogo. Nesta data de reflexão sobre a luta e a resistência do povo negro, a figura de Bill Russell aparece não apenas como um gigante das quadras, mas como um pilar dos direitos civis.

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Bill Russell, lendário jogador do Boston Celtics conquistou 11 títulos da NBA (Foto: Divulgação)

Quem olha para o alto dos ginásios da NBA hoje e vê o número 6 aposentado por todas as 30 franquias, uma honraria inédita na história da liga, pode pensar primeiramente nos números inalcançáveis: 11 títulos em 13 anos, 5 prêmios de MVP e uma dominância defensiva. Mas a homenagem da NBA é, acima de tudo, ao ser humano que se recusou a ser apenas um atleta em tempos de segregação.

Bill Russell atuou durante o auge das Leis Jim Crow nos Estados Unidos, enfrentando um racismo furioso até mesmo na cidade onde era ídolo, Boston.

Russell liderou o primeiro boicote da história da NBA. Em 1961, antes de uma partida de exibição em Lexington, Kentucky, garçons de um restaurante se recusaram a servir os jogadores negros do Boston Celtics. A resposta de Russell foi imediata e contundente: ele se recusou a entrar em quadra, liderando seus companheiros negros em um protesto que chocou a organização na época.

A consciência de Russell ultrapassava as linhas da quadra. Ele entendeu que sua fama era uma plataforma para dar voz aos que eram silenciados.

Em 1967, quando Muhammad Ali se tornou o inimigo público número um dos conservadores americanos ao recusar o recrutamento para a Guerra do Vietnã, Russell foi um dos poucos atletas de elite a se sentar ao lado do boxeador. Naquele encontro, conhecido como "Cleveland Summit", Russell colocou sua carreira em risco para apoiar a decisão de Ali baseada em princípios religiosos e raciais.

Neste Dia da Consciência Negra, celebrar Bill Russell é lembrar que o esporte é uma ferramenta poderosa de transformação social. Ele nos ensinou que os troféus enferrujam, mas a dignidade e a luta por justiça ecoam para sempre.

Bill Russell faleceu em 2022, mas sua voz continua presente. Ele provou que é possível vencer o jogo e, ao mesmo tempo, mudar as regras de uma sociedade injusta.

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