A notícia veio de última hora, por meio de uma ligação para a mãe. Após resolver um entrave burocrático que a impediria de viajar ao exterior, a jovem Maria Clara Araújo, de 14 anos, conseguiu autorização para representar o Brasil no Parapan de Jovens, no Chile, sua primeira competição internacional. A comemoração seria ainda maior quando a velocista paralímpica voltasse para casa com duas medalhas de ouro no peito, colocando seu nome entre as principais promessas do atletismo brasileiro.
➡️Hugo Calderano lança clube no Rio com equipamentos de ponta; conheça
Convocada pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) para disputar o Parapan, Maria Clara precisava de autorização judicial para emissão do passaporte e viagem internacional, devido à ausência do pai. A adolescente e a mãe contaram até com o apoio da Defensoria Pública para garantir a autorização na Justiça em tempo viável para a competição, que aconteceu entre os dias 31 de outubro a 9 de novembro.
— Foi uma corrida contra o tempo. Conseguimos demonstrar à Justiça que se tratava de um caso que envolvia inclusão, cidadania e o direito de uma adolescente com deficiência de exercer plenamente seu potencial - explicou a defensora Gislaine Calixto.
— A gente não tava nem esperando mais que ela fosse, né? Aí, de repente, o Henrique (treinador) avisou ela, durante uma competição. Na hora que ela recebeu, ela já me ligou e falou "Mãe, eu tô muito feliz, eu vou pro Chile!" - relembra Maria Angélica Lima, mãe de Maria Clara.
Em sua estreia representando o Brasil em uma competição internacional, Maria Clara foi campeã nos 100m e 200m classe T35 (paralisados cerebrais), consolidando seu nome como uma das principais promessas da modalidade. Antes do Parapan, ela já havia registrado marca de 14s22 na prova dos 100m no Campeonato Brasileiro de Jovens, tempo suficiente para conquistar o título mundial na categoria adulta. A chinesa Guo Qianqian, atual campeã, conquistou o título com marca de 14s24.
— Foi muito legal, experiências novas, culturas novas. Conheci outros lugares que eu nunca tinha visto. Conheci culturas que eu nunca tinha visto. Foi muito da hora - contou Maria Clara.
➡️ Tudo sobre os esportes Olímpicos agora no WhatsApp. Siga o nosso novo canal Lance! Olímpico
Do campo para a pista
De acordo com a mãe, Maria Clara sempre foi muito envolvida com o mundo do esporte, mas os primeiros passos aconteceram no campo de futebol, jogando com meninas e meninos sem deficiência. Mais tarde, passou a integrar a Escola Paralímpica de Esportes, do CPB, e chamou a atenção do treinador Henrique Gavini, que viu na menina potencial para o atletismo.
A partir daí, Clarinha viveu uma ascensão praticamente meteórica no esporte, já que pratica a modalidade há dois anos, sendo apenas o último deles em alto rendimento. Perguntada sobre inspirações no esporte, ela citou Fábio Bordignon, também da classe T35, que fez um caminho parecido, começando no Futebol PC e migrando para o atletismo.
➡️ Siga o Lance! no Google para saber tudo sobre o melhor do esporte brasileiro e mundial