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Algoz de Aldo: ‘Ganhei mil reais na época; hoje, vale mais de um milhão’

Luciano Azevedo recorda feito histórico após década e diz priorizar carreira de policial

 Luciano Azevedo fez sua última apresentação no Shooto Bope 4, em agosto de 2014 (FOTO: Caique Carneiro)
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Quem vê a foto e analisa o cartel de Luciano Azevedo no mundo das lutas (17 vitórias e nove derrotas) pode até não reconhecê-lo como um lutador de grandes conquistas, mas com um pouco mais de profundidade é possível descobrir que o carioca é o único lutador a alcançar a façanha de vencer o lutador número um peso-por-peso do mundo no UFC, José Aldo.

Há exatos dez anos, o atleta da RFT (Renovação Fight team) subiu ao ringue do Jungle Fight 5, realizado em Manaus (AM), para enfrentar o dono da casa, que vinha de sete vitórias consecutivas. Com experiência e tranquilidade, o lutador resistiu ao jogo de trocação de Aldo, conseguiu levar a luta para o solo e finalizou o então jovem promissor no segundo round da luta.

- Lembro que na época era uma luta muito aguardada. Estávamos em um bom momento, o Aldo vinha de sete vitórias consecutivas. Na época o MMA ainda não era grande, não tinha reconhecimento, não passava na TV aberta. Para ter uma ideia, o UFC era em "segundo plano". O maior era o Pride. A chance era grande, consegui corresponder as expectativas e consegui a vitoria. Acho que tive mais experiência, fiz a estratégia certa e insisti. Sabia que ele tinha uma trocação boa, perigosa. Sabia que minha maior chance seria no chão. Insisti tanto que consegui botar no chão e consegui fazer tudo o que planejava fazer, que era finalizá-lo. Hoje em dia tomamos rumos diferentes - se recordou, em entrevista ao Lance! por telefone.

José Aldo foi finalizado por Luciano Azevedo (FOTO: Marcelo Alonso)


O rumos diferentes são nítidos. Depois daquele 26 de novembro, José Aldo nunca mais perdeu no MMA, chegou ao topo do esporte, é um dos maiores nomes do UFC na atualidade e reconhecidamente um dos maiores de todos os tempos. Já Azevedo, conseguiu realizar o sonho de lutar no Pride, mas seguiu com uma carreira irregular e sua última luta aconteceu em agosto de 2014, pelo Shooto Bope 4, quando venceu na decisão dos juízes.

Atualmente, Luciano é policial de uma unidade especial do Bope no Rio de Janeiro, além de fazer segurança particular nas folgas do batalhão. Ele aproveita a experiência no esporte e dá aulas de MMA na corporação também. Mesmo sem lutar há mais de um ano, o carioca não se aposentou das lutas, mas admite que atualmente a prioridade é o trabalho como policial, que rende um salário melhor que a vida de lutador de MMA.

- De forma alguma bate inveja do José Aldo. Eu segui o caminho que tinha de seguir. Naquela época, eu era muito cobrado pela minha mãe e familiares, porque realmente eu não tinha uma renda fixa. Fiquei chateado. Me sinto apto a lutar, mas é uma dedicação grande sem retorno financeiro, com exceção de quem está no UFC. Vejo muito atleta abdicando de várias coisas por pouco. Estou muito melhor financeiramente do que na época que lutava. Me sinto realizado e não me arrependo de nada - explica.

Luciano Azevedo é policial do Bope no Rio  (FOTO: Arquivo Pessoal)


A dificuldade financeira relatada por Luciano Azevedo é justificada quando ele revela a bolsa recebida após vencer José Aldo no Jungle Fight 5. Ele, inclusive, brinca quando perguntado sobre qual seria a valorização dessa vitória nos dias atuais no mundo das lutas.

- Eu falo até hoje e ninguém acredita. Ganhei uma quantia completamente simbólica. Ganhei mil reais, sem bônus nenhum. Esse foi um dos principais fatores que me fizeram entrar no concurso público para ser policial. É impossível você se dedicar e treinar três, quatro meses para uma luta e receber mil reais. Tendo conta para pagar, vários compromissos... Quanto vale essa vitória hoje em dia? Ah, com certeza bem mais de um milhão. Fácil (risos) - brincou o atleta.

Ao ser perguntado sobre o que sente ao ser lembrado constantemente que foi o único lutador no mundo a vencer José Aldo em uma luta de MMA até aqui, Azevedo reflete.

- Claro que me orgulho. O cara é o melhor do mundo no momento. Sempre tenho isso para mim, tenho algum mérito. Acontece que tive algumas derrotas na minha carreira em lutas que não devia ter aceitado, mas é aquele negócio: você precisa de dinheiro, né? Eu podia ter valorizado mais a minha carreira, mas é complicado - avaliou.